sociedade

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques em 04/08/2014 - 15:38

    Redemocratização e mudança social no Brasil reúne um conjunto de ensaios – organizado por Maria Celina D'Araujo – que levanta o debate sobre um estilo de vida centrado na liberdade e na igualdade vivenciadas e produzidas hoje por um novo ator social: o indivíduo autônomo, que é centro, meio e fim da vida coletiva. Nesse viés, o livro destaca questões como a comunicação globalizada, a supressão aparente de barreiras geográficas e epistemológicas e os fenômenos sociais acentuados justamente por essa nova dimensão.

    Estruturada como uma organizada miscelânea de assuntos tratados a partir de perspectivas bem marcadas, que ressaltam a importância maniqueísta das simetrias e polaridades no processo da formação socioeconômica do Brasil – trazendo à tona a abertura ou a reação ao mercado como a instituição central da modernidade –, a obra apresenta reflexões sobre o elo entre partidos políticos, elite dirigente e governo; a escola como instrumento básico de democratização; a cidade como espaço a ser discutido em face de um novo conjunto de identidades e agenciamentos; e o debate das questões relacionadas à violência e sobre os processos de imigração (e tráfico) envolvendo significativamente a mulher.

    O livro tem como ponto alto a abordagem de variados aspectos das ciências sociais ou “disciplinas da condição humana”, conforme aponta o antropólogo Roberto DaMatta em sua apresentação da obra, que revela, ainda, uma investigação dos aspectos políticos das arenas de trocas eminentemente políticas, como é o caso do federalismo nacional.

    Neste ponto, vale ressaltar alguns trechos da pesquisa da organizadora da obra, a cientista política Maria Celina D'Araújo, intitulado "Elites burocráticas, dirigentes públicos e política no Poder Executivo do Brasil (1995-2012)", referente ao 'perfil partidário dos dirigentes públicos' desse período:

    "Desde que o PT chegou à presidência da República, um dos temas a despertar mais curiosidade é a filiação partidária dos dirigentes. Pelos números abaixo, o primeiro ponto a observar é que a filiação partidária desse grupo ficou em torno de um quarto, nos governos do PT, e menor que isso, no de Fernando Henrique. Ou seja, a maioria dos dirigentes públicos não é filiada a partido. O diferencial, contudo, entre os governos se dá no que tange ao partido de preferência entre os que são filiados. Pela tabela abaixo percebe-se nitidamente que burocracia, política e dirigentes públicos não podem ser tratados de forma excludente. Os dados indicam concentração de petistas entre os filiados a partido nos governos do PT. Essas nomeações refletem, em algum grau, preferências políticas e, provavelmente, recursos adicionais de poder nas mãos do partido do(a) presidente(a). O raciocínio fica mais claro se aferimos também o percentual de dirigentes filiados aos partidos da base em cada governo. Nesse campo, claramente o governo Fernando Henrique foi o que mais distribuiu poder entre os partidos aliados. Os presidentes seguintes não só privilegiaram crescentemente a base do governo como acabaram, no caso de Dilma Rousseff, excluindo completamente a composição com outras forças partidárias."

    quadro

     

     

     

     

     

     

     

     

    Outro tema abordado no livro é "O desafio da desigualdade social", da socióloga Sarah Silva Telles, que demonstra, neste capítulo, algumas perspectivas sob o ponto de vista das políticas atuais, conforme trechos a seguir:

    "Quando houve a aprovação da Constituição Federal de 1988, o desafio a ser enfrentado era colossal. Na atual conjuntura, conquistamos uma relativa tranquilidade para dimensionar o tamanho dos déficits que se apresentam, mas que ainda são enormes. A desigualdade permanece como um desafio para as sociedades capitalistas em geral, já que a bandeira da igualdade de renda/oportunidades é uma das principais bandeiras da agenda dos direitos humanos. Não obstante, o discurso sobre o combate à pobreza tem dominado a cena internacional e nacional dos países, sob a liderança das agências internacionais. E, nesse sentido, a rede de assistência hoje existente no Brasil se transforma em modelo a ser exportado pelas mesmas agências internacionais, que fazem, por exemplo, do PBF (Programa Bolsa Família) um modelo exitoso de combate à pobreza extrema. [...] A conquista de uma sociedade mais igualitária seria uma das mais árduas tarefas a ser empreendida. A principal dificuldade parece estar no fato de que a desigualdade é tão naturalizada que a ideia de uma sociedade igualitária se apresenta como uma “fantasia” jamais realmente imaginada ou sinceramente desejada."  Mais a frente, ainda neste capítulo, a autora chega ao seguinte resultado em uma de suas pesquisas: "No que se refere às percepções, os assim chamados aspectos subjetivos sobre as condições de vida e sobre as possibilidades de ascensão social, a primeira avaliação é geralmente positiva. [...] em minha pesquisa, os entrevistados, moradores de favelas, consideram sempre um “ganho” a troca da pobreza rural nordestina pela pobreza urbana."

    "A trajetória do federalismo na redemocratização brasileira: competição como regra e cooperação como princípio", do cientista político Ricardo Ismael, é outro capítulo apresentado na obra, com alguns trechos destacados abaixo:

    "O federalismo cooperativo no Brasil ganhou contornos mais precisos a partir dos anos 1950, com a formulação de políticas regionais federais que visavam à integração das economias subnacionais e à transferência de investimentos
    para as regiões menos desenvolvidas. [...]  No contexto do recente processo de redemocratização do país, a Constituição Federal de 1988 pode ser vista como resultado de duas tendências principais. A primeira delas esteve ligada à manutenção dos mecanismos cooperativos do Estado federal no Brasil. Nesse caso, os trabalhos dos constituintes tiveram como pano de fundo a disputa entre as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e aquelas com maior participação relativa na economia nacional. A segunda tendência diz respeito à consolidação do processo de descentralização político-financeira que vinha marcando a transição democrática. Dessa vez, o conflito envolvia a União, os estados e os municípios brasileiros, tendo como objetivo a redefinição da participação das unidades subnacionais no bolo tributário nacional. O caminho seguido pela federação brasileira a partir dos anos 1990 não foi capaz de propiciar reduções expressivas nos desequilíbrios econômicos entre as unidades territoriais. Alguns chegam a afirmar que “existe um consenso de que as heterogeneidades econômicas entre as regiões, que também se manifestam entre os estados e municípios, constituem o principal problema do federalismo brasileiro [...]”

     

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    Organizadora: Maria Celina D'Araújo

    Impresso: R$49

    Ebook: R$35

     

     

    Com textos de Roberto DaMatta, Luiz Werneck Vianna, Marcelo Baumann Burgos, Sarah Silva Telles, Sonia Maria Giacomini, Ebe Campinha dos Santos, Paulo Jorge Ribeiro, Valter Sinder, Angela Randolpho Paiva, Maria Alice Rezende de Carvalho, Eduardo Raposo, Ricardo Ismael e Maria Celina D'Araujo

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas, Eventos em 01/10/2013 - 14:51

    A Editora FGV lança o livro ‘História urbana: memória, cultura e sociedade’, uma coletânea de 16 artigos que tem o propósito de revisitar um campo clássico da pesquisa histórica, mas com ares renovados por um ponto de vista atualizado com a historiografia contemporânea.

    Com destaque para a cidade do Rio de Janeiro com as Festas do Divino na Corte; a relação entre violência e cultura política na época Colonial; o uso do trabalho prisional em sua urbanização e a ocupação desse novo território urbano por crioulos e africanos; a Primeira República e seus hospitais; histórias da Praia do Flamengo, entre outros temas, a obra ainda aborda o Vale do Paraíba fluminense e os recém libertos da escravidão, cidades mineiras como São João d’El Rey e seu universo das letras, Recife e os novos trabalhadores livres e os paulistas com a invenção do sertanejo urbanizado.

    Os personagens e os grupos sociais são protagonistas da vida urbana e atores da produção da cidade.

    Fizemos 3 perguntas à Gisele Sanglard, uma das organizadoras e autora de um dos artigos do livro. Confira:

    Historia urbana

    Como a cidade é abordada nesta coletânea?

    A cidade, ou o seu plural, apresentada nesta coletânea é antes de tudo múltipla, tanto no que tange à temporalidade – vai do século XVIII ao século XX – quanto das relações sociais ali construídas – cultura urbana, questões políticas e de poder, sociabilidades, religiosidade, identidade e mundo do trabalho são temas que os leitores vão encontrar nesta obra.

    Procuramos ressaltar a várias possibilidades de análise da cidade: como palco de festividades e de disputas; de controle; das transformações nela ocorridas após as mudanças políticas e as necessidades de adequação – do trabalho escravo ao trabalhador livre; as reformas políticas e os impactos na malha urbana; a cidade esquecendo seu passado e a vontade de reconstruí-lo.

    Os caminhos usados para analisar as questões propostas pelos autores também são múltiplos. Há aqueles que optaram por uma abordagem mais clássica dos estudos culturais, aqueles mais inspirados pelas análises de Thompson ou da cultura política; aqueles que pensam seus temas a partir de objetos da saúde e do urbanismo.

    Talvez a forma melhor de definir esta coletânea tenha sido a expressão usada por minha aluna ao ver o índice do livro hoje: “tem um pouco de tudo”. E tudo acontece na cidade.

    Qual a importância das relações sociais na estrutura urbana?

    O território da cidade é construído pelo homem e sofre influência direta do tempo. Dois objetos caros ao historiador. Assim, a apropriação do espaço público na cidade, seus lugares de lembrança e/ou de esquecimento são fruto dos homens e da relação que ele estabelece com a própria cidade.

    A expansão da malha urbana também está diretamente relacionada às relações sociais – os espaços das festividades, de habitação, de trabalho e de disputas – que também se ajustam a este movimento. E estas relações se dão tanto intra quanto extra classe. É a polícia, hoje objeto de crítica da sociedade, que em outros tempos usava os braços dos prisioneiros para realizar melhorias urbanas; é a elite que, em um gesto de utilidade social, constrói hospitais para a população carente; é a prefeitura do Distrito Federal que retira os cortiços do centro da cidade, mas permite-os em outras regiões esquecidas; é a transformação do território que faz com que a zona rural seja incorporada a cidade alterando completamente lógica da região, de seus habitantes e de seus hospitais; são os irmãos buscando multiplicar a demonstração de sua fé e de seu conhecimento.

    Enfim, os homens são os protagonistas da vida urbana e a cidade é fruto das ações do homem. São indissociáveis.

    Quais os principais objetos da história social da cultura analisados nesta obra?

    A moderna história social da cultura demonstra preocupação com o papel das classes sociais e mesmo do conflito social; mantendo sua agenda de interpretação do cotidiano das sociedades. Estes aspectos todos estão evidenciados na coletânea.

     

    ‘História urbana: memória, cultura e sociedade’ será lançado dia 2/10 na Livraria FGV, a partir das 18h30.

    Estão todos convidados para esta celebração urbana!

     

    História urbana: memória, cultura e sociedade

    Organizadores|autores: Gisele Sanglard, Carlos Eduardo Moreira de Araújo e José Jorge Siqueira

    368 páginas

    R$52

    Outros autores: Ana Albano Amora, Angélica Müller, Flávio Gomes, Gustavo Alonso, Irenilda Reinalda B. de R. M. Cavalcanti, Jorge Victor de Araújo Souza, Leonardo Soares dos Santos, Lucia Silva, Lucimar Felisberto dos Santos, Marcelo Mac Cord, Renato Gama-Rosa Costa, Ricardo M. Pimenta, Rodrigo Fialho Silva, Sara Cabral Filgueiras e William de Souza Martins.

     

  • Postado por editora em Atualidades em 13/03/2013 - 17:55

    “Mi casa es tu casa”! Parece que esta é a nova ordem para um número cada vez maior de jovens consumidores da América Latina preocupados com um consumo mais consciente.

    A preferência por marcas socialmente engajadas é uma tendência que vem conquistando esses consumidores dispostos a apoiar empresas atentas às desigualdades sociais, e que ofereçam ao seu público a oportunidade de cada um fazer sua parte na solução dos problemas da sociedade.

    Nessa espécie de ação conjunta, que não se preocupa apenas com o consumo desenfreado, empresas e clientes estão unidos por um bem maior, com ações especiais que priorizam o bem-estar social através doações e, principalmente, do engajamento pessoal em atividades diferenciadas, como mutirões de limpeza e conservação de áreas urbanas, construção de casas e várias outras formas de voluntariado.

    De acordo com reportagem publicada pela revista Exame, alguns fatores impulsionam a nova classe de consumidores em direção a essa tendência, como:

    ? Maior poder econômico, político e de acesso à tecnologia;

    ? Ascensão da classe média ;

    ? Mais acesso à informação (e de qualidade), principalmente online;

    ? Maturidade e consciência na escolha das marcas.

     

    Através de ações sinceras e com um pouco de ousadia é possível transformar sua marca, acompanhar essa tendência e atrair seguidores.

    Os livros ‘Responsabilidade social empresarial: teoria e prática’ e ‘Gestão social: metodologia, casos e práticas’, podem ser boas ferramentas nessa mudança.

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