Arquivo de Fevereiro 2024

  • Postado por editora em em 29/02/2024 - 09:54

    As práticas de sustentabilidade são demandas fortes na atualidade, e aumenta continuamente o número de consumidores que querem encontrar em seus alimentos e bebidas, além de qualidade, saudabilidade e processos condizentes nas indústrias que os produzem. Especificamente na indústria da uva e do vinho, os termos natural, orgânico, biodinâmico, informados ou não através de selos de identificação, deixaram de ser raridades, mas atributos utilizados para despertar o interesse de compra.

    A obra Vinhos, vinhedos, enólogos e enólogas: vozes e experiências brasileiras, de autoria de Valdiney C. Ferreira com colaboração de Carlos R. Paviani, traz as reflexões de profissionais experientes da vitivinicultura brasileira sobre os caminhos possíveis para a produção de vinhos de qualidade superior, competitivos e saudáveis, para serem consumidos com segurança.

    Confira abaixo a apresentação da obra:

    Na segunda década do século XXI, o que é preciso para um vinho ser reconhecido como de qualidade superior e se distinguir entre as centenas de milhares de rótulos disponíveis no mercado mundial? Não apresentar defeitos, mostrar equilíbrio e harmonia entre seus principias constituintes deixaram de ser atributos suficientes, mas obrigação básica. O que mais seria necessário? Que vá além sendo sustentável, expressando claramente sua identidade nos aromas e sabores, sendo fiel ao seu terroir e às castas de uvas que o compõem, além de expressar com nitidez o estilo da enóloga ou do enólogo que o elaborou.

    Um consenso no mundo do vinho é que para se fazer grandes vinhos são imprescindíveis uvas Vitis viníferas corretamente maduras e sãs, com composição rica e equilibrada. Outro, é que os profissionais responsáveis por sua elaboração devem evitar intervenções excessivas e desnecessárias que alterem suas identidades, mas sem deixar de imprimir o estilo com suas assinaturas. Uma fronteira tênue que não pode ser ultrapassada se o objetivo for elaborar vinhos superiores, sutis e inesquecíveis.

    Para a produção desses grandes vinhos é preciso que a viticultura e a vinicultura caminhem juntas. É responsabilidade das enólogas e dos enólogos conciliar esses dois mundos sem cair na armadilha do uso excessivo das modernas tecnologias e produtos disponíveis. Ao longo da história, a ciência os viabilizou e eles foram imprescindíveis para superar os enormes desafios das doenças e pragas que, em diferentes momentos, quase aniquilaram a indústria do vinho. Entretanto, seu uso não deve ultrapassar limites que tornem os vinhos pouco  saudáveis e sem identidade com suas origens. Essa questão foi sem dúvida bastante abordada nas entrevistas realizadas com um grupo de importantes enólogas, enólogos e produtores atuantes no Brasil.

    Com exceção de um empresário produtor, todos os demais entrevistados têm a mesma formação básica em enologia e viticultura, mas em suas evoluções profissionais seguiram trajetórias distintas, permitindo que fossem exploradas diferentes experiências vividas na indústria do vinho. Alguns se dedicaram à responsabilidade técnica na elaboração dos vinhos em uma vinícola, outros se tornaram consultores para diferentes projetos industriais ou agrícolas, empreendedoras e empreendedores à frente do seu próprio negócio, ou pesquisadoras, pesquisadores, professoras e professores em diferentes instituições que trabalham com a indústria vitivinícola. Explorar essas variadas experiências profissionais, ouvir o que pensam sobre as questões de sustentabilidade, segurança alimentar e como fazem uso das modernas tecnologias disponíveis estavam também entre nossos objetivos.

    Outra questão abordada foi a utilização, nem sempre controlada e consciente, de diferentes produtos químicos na viticultura e vinicultura. Na produção das uvas, a utilização intensiva e indiscriminada de defensivos agrícolas não naturais, conhecidos como agrotóxicos, pesticidas, herbicidas ou produtos fitossanitários pode levar a contaminações indesejadas do solo, da água e a efeitos nocivos em espécies não alvos, como leveduras nativas e os próprios seres humanos, afetando não somente a microbiodiversidade dos solos dos vinhedos, mas da região. Na elaboração dos vinhos, o uso de produtos especializados em vinificação indicados para melhorar processos, definir estilos e aumentar a qualidade, como as leveduras industriais selecionadas, bactérias láticas, enzimas, nutrientes e protetores para as leveduras. É no processo de vinificação que ocorrem os maiores riscos de perda de identidade com as origens e castas utilizadas.

    A indústria mundial e brasileira de vinhos finos vive, nas últimas décadas, seus melhores momentos, produzindo vinhos de grande qualidade para mercados cada vez mais competitivos e diversificados. Destacar-se no oceano de rótulos disponíveis não é nada trivial, mas é o maior desafio que se coloca para as enólogas e os enólogos. Fazer vinhos tecnicamente corretos é obrigação, mas elaborar vinhos diferenciados, distinguíveis e sustentáveis é a nova meta para contribuir efetivamente para o sucesso de marketing de uma marca.

    Para uma visão melhor do assunto pesquisado, além das entrevistas, compõem o livro dois textos sobre a indústria do vinho. O primeiro traz uma síntese sobre momentos marcantes e desafiadores da história mundial do vinho. O segundo mostra um breve resumo de como surgiu a indústria do vinho no Brasil.

    Vinhos, vinhedos, enólogos e enólogas – vozes e experiências brasileiras complementa a tríade iniciada com Vinhos do Brasil – do passado para o futuro, sobre a criação da indústria no país desde a chegada dos imigrantes italianos no último quarto do século XIX e Vinho & Mercado – fazendo negócios no Brasil, que discute a formação do mercado brasileiro de vinhos desde as últimas décadas do século XX. Em todos, a opção foi a utilização da metodologia de história oral, com a realização de entrevistas de caráter histórico e documental, que permitem construir um painel representativo e um poderoso instrumento de reflexão sobre o setor de vinhos no país.

    Finalizando, agradeço aos depoentes – razão principal para a construção deste livro –, que de maneira construtiva e transparente concordaram em expressar suas convicções para o futuro da vitivinicultura brasileira.
    Também agradeço ao Carlos Paviani, companheiro importante nessa jornada de entrevistas, que contribuiu com sua vasta experiência na indústria do vinho no Brasil.

    Valdiney C. Ferreira

     

     

    O lançamento do livro será na ABS-Rio, dia 8/3/2024, às 18h30.

    Conheça o livro clicando no link abaixo.

     

    Vinhos, vinhedos, enólogos e enólogas: vozes e experiências brasileiras

    Autor: Valdiney C. Ferreira

     

     

  • Postado por editora em em 08/02/2024 - 11:59

    O livro Investimentos: o guia dos céticos, publicado pela FGV Editora, apresenta uma importante contribuição para a vasta literatura que procura ensinar como se deve investir.

    Esse Guia Esse Guia apresenta os conceitos mais importantes que são necessários na hora de investir, utilizando de uma linguagem fácil e acessível para um público amplo e interessado nas informações deste universo.

    De acordo com seus autores, a obra se encontra no meio do caminho entre as publicações escritas por profissionais de mercado, muitas vezes mais preocupados em ensinar como descobrir oportunidades "únicas" de investimento, e os livros acadêmicos, muito mais profundos e técnicos, porém de leitura mais difícil.

    A obra é organizada por professores da FGV EESP (Escola de Economia de São Paulo da FGV) e do seu núcleo, FGVInvest, com base em suas experiências profissionais e em salas de aula, junto de profissionais do mercado financeiro nacional e internacional.

    O lançamento será dia 11/4, na livraria da Travessa, com a bate-papo entre os autores.

    Clique AQUI para acessar o livro no nosso site.

     

    Confira abaixo a introdução da obra:

    Existe um velho ditado no mercado financeiro que diz que, an­tes de qualquer investimento, você deve sempre se perguntar: “Quem é que está sendo enganado?”. Se por acaso você não souber responder, quem está sendo enganado é você.

    Aqui no Brasil, o ditado tem uma linguagem bem mais coloquial e diz que: “Se você não sabe quem é o pato, o pato é você”. Esta frase, na verdade, é atribuída ao megainvestidor Warren Buffet. Ver Lewis (1989:42): “O astuto investidor Warren Buffet gosta de dizer que qualquer jogador que não conheça o tolo do mercado provavelmente é o tolo do mercado” (tradução dos autores).

    Assustador, não? Pois deveria ser. O mundo dos investimentos não é para os desavisados.

    Na verdade, assim como acontece com vários outros mercados, o mercado financeiro é caracterizado por “assimetria informacio­nal”; um nome difícil, utilizado pelos economistas para descrever situações em que os “praticantes de uma certa atividade possuem uma vantagem informacional sobre os não praticantes”.

    O exemplo mais famoso é o do mercado de carros usados — o Market for Lemons — que rendeu a George Akerlof (1970) o Prê­mio Nobel de 2001. Nele, o comprador de um carro usado não sabe se aquele carro em que está interessado é um lemon (limão em português, representando um carro ruim) ou um peach (pêsse­go em português, representando um carro bom). Mas o vendedor sabe. E pode usar esta assimetria informacional em benefício pró­prio, vendendo o carro ruim pelo preço do carro bom. Coitado do comprador!

    Assimetria informacional é algo que existe em profusão no mercado financeiro. Quem está dentro sabe muito mais do que quem está fora do mercado. Alguns exemplos são ilustrativos. Os controladores de uma empresa sabem se o balanço da empresa está fraudado ou não. Já os investidores não têm a menor ideia. A mes­ma coisa acontece com uma incorporadora que quer se livrar de um shopping center mal localizado e o empacota em um fundo imobiliário.

    Estes são apenas dois exemplos que retiramos do noticiário recente. Mas existem inúmeros outros; todos ilustrando que, sem o devido cuidado, investir é uma atividade bastante arriscada. Na verdade, uma boa dose de desconfiança — ou ceticismo — é sau­dável para qualquer um que participe de um mercado com este nível de assimetria de informação.

    Mas existem também aspectos positivos. O mercado financei­ro já é suficientemente desenvolvido para ter o que os economistas chamam de counteracting institutions, ou “instituições neutraliza­doras”, que protegem o investidor e mitigam a assimetria infor­macional. Este é o papel de agências de classificação de risco, das consultorias financeiras, dos family offices, das Chinese walls e da autorregulação, entre várias outras instituições.

    Sem estas instituições, os pequenos investidores simplesmente não entrariam no jogo e o mercado financeiro seria ainda muito pequeno; no Brasil, possivelmente do tamanho que foi na década de 1980, quando era dominado por alguns poucos “tubarões” que chegaram, inclusive, a quebrar a bolsa de valores do Rio de Janeiro.

    Vários mercados, também repletos de assimetria informacio­nal, mas que ainda não criaram estas instituições — entre eles o mercado de arte —, terão que, um dia, eventualmente, superar es­tas barreiras e criar suas próprias counteracting institutions, para poderem crescer em toda sua potencialidade.

    Apesar das counteracting institutions e de todos estes aspectos positivos, ainda cabe um alerta para quem quiser investir: é importante estar suficientemente informado para, pelo menos, conseguir identificar quem está sendo enganado; e garantir que esta pessoa não seja você.

    Este livro é um passo nesta direção e discute o que é preciso saber ao investir. Ele é um guia para os investidores céticos.

    O livro é dividido em três seções principais.

    A primeira, “O que você precisa saber ao investir”, cobre dois tópicos essenciais: a aleatoriedade inerente ao mundo dos investi­mentos e as características do mercado financeiro do Brasil.

    A aleatoriedade — o papel da sorte e do azar — permeia todo o mundo dos investimentos e encobre muito do que há de bom e do que há de ruim. Na verdade, a aleatoriedade é tão dominante que, sem os devidos cuidados, pode-se levar uma década para que um negócio ruim seja identificado. Existe muito de sorte e azar no mercado financeiro, e isso deve ser levado em consideração por qualquer investidor.

    Por outro lado, o mercado financeiro no Brasil tem inúmeras particularidades que o fazem, em certos aspectos, distinto dos mer­cados globais. O próprio investidor brasileiro é muito peculiar e in­veste de uma maneira que investidores americanos, europeus e lati­no-americanos, inclusive, poderiam achar, no mínimo, curiosa. Ao investir, é importante entender estas particularidades e como elas afetam a construção dos portfólios e a escolha dos instrumentos.

    A segunda seção do livro, “O que você deveria saber sobre in­vestimentos, mas ninguém nunca te disse”, é a seção das verdades não ditas. Todos os mercados têm as suas verdades não ditas, e o mercado financeiro não é diferente.

    A primeira destas verdades não ditas está no capítulo 3, que ilustra que investir com um olho nas notícias do dia a dia não é uma boa estratégia. Pior, pode ser até mesmo perigoso. Obviamente, ao se inteirar das notícias você se torna uma pessoa mais bem informada. Mas é importante saber que isto não te faz um melhor investidor.

    A segunda verdade não dita, discutida no capítulo 4, é ainda mais curiosa: o que é ruim ou bom para o país não é necessaria­mente ruim ou bom para os seus investimentos. Pelo menos deve­ria ser assim para quem investe “eficientemente”. Neste sentido, é importante não misturar as coisas, sob o risco de tomar-se péssi­mas decisões de investimento.

    O capítulo 5 trata daquilo que o investidor consegue, ou não consegue, controlar em seus investimentos. Pois saiba que o que pode ser controlado não é exatamente aquilo que o investidor gos­taria de controlar; mas, sim, algo muito diferente. Em vez de se frustrar, talvez seja melhor aceitar logo a realidade e focar no que é possível fazer, e não no impossível.

    Já os capítulos 6 e 7 tratam da volatilidade, um dos conceitos mais citados e menos compreendidos no mundo dos investimen­tos. “Volatilidade NÃO é risco”, mas pode ser transformada em ris­co, se alguns erros forem cometidos. Estes dois capítulos são um alerta sobre estes erros.

    A terceira seção do livro trata sobre “Como investir”. E aqui existe um roteiro ou, como se diz no mercado, um processo de investimento. Investir é sobre saber diversificar e sobre construir portfólios. Investir não é, como comumente apregoado, “achar aquele ativo bom e barato, que vai subir de preço, mas que, INA­CREDITAVELMENTE, ninguém ainda descobriu”.

    Construir bons portfólios talvez seja a atividade mais impor­tante do mundo dos investimentos. E isto requer uma dose de au­toconhecimento, que poucos investidores estão dispostos a ter. Na verdade, autoconhecimento é o primeiro passo para saber que não é você que está sendo enganado.

    Este é o tema do capítulo 8, que também traz um alerta: o portfólio acidental, “aquele amontoado de coisas que alguém ligou oferecendo para vender e o investidor simplesmente comprou” — sem nenhum critério. O portfólio acidental é o portfólio da maior parte dos investidores; e de “eficiente” ele não tem nada!

    Os capítulos 9, 10, 11 e 12 tratam de vários dos instrumentos disponíveis no mercado financeiro e da melhor maneira de uti­lizá-los. Cada instrumento tem suas características específicas e, inclusive, alguns são feitos sob medida para cumprir determinadas funções. Colocar os instrumentos certos nas funções apropriadas é outra atividade valiosa para o ato de investir. Pode não ser tão di­vertido quanto discutir o noticiário político e o cenário econômi­co, mas, com certeza, é muito mais importante para o desempenho do seu investimento.

    O capítulo 13, por sua vez, trata de algumas das mais recen­tes extensões dos modelos de precificação e como elas afetam a construção de portfólios. Em particular, fatores de risco são um desenvolvimento recente dos mais importantes, e sua introdução no processo de construção de portfólios permite metas de retorno mais precisas e maior aderência aos perfis de risco.

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    Explicada a estrutura do livro, existem ainda dois pontos a serem feitos.

    O primeiro é que este livro trata do que é importante saber ao investir. Ele não trata das armadilhas que estão por aí ameaçando o investidor. Este já foi o tema de uma publicação anterior, o livro Armadilhas de investimento, de 2015, que deve ser visto como um livro complementar a este. Recomendamos a leitura.

    A título de ilustração, segundo o Armadilhas de investimento, as cinco principais armadilhas a que um investidor está exposto talvez sejam: (i) não atentar para o risco operacional; (ii) descon­siderar riscos ocultos; (iii) não dar a devida atenção aos conflitos de interesse; (iv) não investir com disciplina; e (v) tomar risco de graça.

    Em segundo lugar, este livro procura preencher uma lacuna entre os vários livros de autoria dos participantes do mercado fi­nanceiro, e os livros acadêmicos escritos por professores.

    Na verdade, os livros escritos pelos participantes do mercado tendem a focar na parte operacional e têm como objetivo deixar o investidor pronto para começar a investir. Estes livros devem ser consultados e, ao longo dos próximos capítulos, traremos algumas ótimas referências.

    Por outro lado, os livros acadêmicos são aqueles utilizados como livros-texto nos cursos de graduação e pós-graduação. Eles aprofundam os tópicos, ensinam a matemática, usam gráficos in­teressantíssimos e são essenciais para qualquer um que queira se tornar um especialista. Vários destes livros serão recomendados nos capítulos a seguir. Para quem tiver tempo e vontade de apren­der, eles valem muito a leitura.

    Este livro procura ser um meio-termo entre estas duas literatu­ras, a dos participantes do mercado e a acadêmica. E ao ficar neste meio do caminho ele tem algumas vantagens. Este é um livro que foca em conceitos, e não na parte operacional ou no aprofunda­mento dos tópicos. São justamente estes conceitos que irão permi­tir ao investidor identificar “quem está sendo enganado” no jogo dos investimentos.

    Além do mais, o livro se beneficia de uma junção de acadêmi­cos com investidores de diferentes áreas do mercado. Todos com muitas décadas de estudo e experiência, com vivência em diversas áreas do mundo dos investimentos e em diferentes países. Estes são os coautores do livro. Foi, portanto, um livro escrito a várias mãos. Esperamos que isto também seja um diferencial e que resul­te em uma leitura proveitosa.

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    As opiniões expressas neste livro são responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem as opiniões, políticas ou diretrizes das empresas em que atuam, as quais não endossam nem se res­ponsabilizam pelo conteúdo deste livro.

     

     

    Investimentos: o guia dos céticos

    Autores: Paulo Tenani, Denise Menconi, Mohamed Mourabet, Marcel Borelli, Gustavo Jesus