Arquivo de Janeiro 2024

  • Postado por editora em em 29/01/2024 - 15:11

    Lançamento!

    Tendências globais do envelhecimento populacional e os avanços na digitalização ampliaram a complexidade dos serviços financeiros e a responsabilidade dos indivíduos pela gestão dos seus recursos. Diante deste cenário, a publicação do livro A Bolsa no bolso 2: perfil e seleção de carteiras, de Ilda Spritzer e Moises Spritzer, visa aumentar a conscientização sobre a educação e proteção do investidor e incentivar os leitores no fortalecimento da cultura para a formação de patrimônio, trazendo ações efetivas que melhorem o seu bem-estar financeiro de forma sustentável e autônoma.

    O primeiro livro ‘A Bolsa no bolso: fundamentos para investimentos em ações’ foi adotado nos cursos de especialização em mercado de capitais da FGV e por diversas instituições financeiras para treinamento dos colaboradores.

    Este novo A Bolsa no bolso 2: perfil e seleção de carteiras, também publicado pela FGV Editora e que lançamos agora, apresenta uma visão atual dos mercados financeiros e de capitais, aprofunda a análise fundamentalista, ajuda a avaliar ativos com preços semelhantes, traz uma panorâmica do universo dos fundos de investimento e ainda debate a importância do perfil para seleção de carteiras, de forma a auxiliar o leitor a identificar seu perfil de investidor, para que se torne capaz de perseguir o melhor portfólio para o seu nível de risco.

    Para marcar o lançamento desta obra, seus autores Ilda Spritzer e Moises Spritzer estarão na Livraria da Travessa do Shopping Iguatemi, dia 20 de março, quarta-feira, às 19h.

     

    Livraria da Travessa | Shopping Iguatemi

    Av. Faria Lima, 2232, Piso 3
    Jardim Paulistano, São Paulo − SP

     

    Acesse o livro:

    A Bolsa no bolso 2: perfil e seleção de carteiras

    Ilda Spritzer, Moises Spritzer

     

     

  • Postado por editora em em 03/01/2024 - 10:30

    A história contada neste livro começa com a chegada em Angola dos luso-brasileiros (pernambucanos) em meados do século XIX e como esse grupo foi fundamental na formação da região, que os europeus chamavam de Moçâmedes, mas que para os Kuvale era Mussungo Bitoto. Depois se dedica a pensar como os africanos escravizados oriundos do Brasil, que vieram com seus senhores, contribuíram na formação de um novo grupo social na região, os Mbali, cuja maior expressão identitária e cultural são a sua arte mortuária e a festa da cruzeta, que mistura aspectos do universo afro-brasileiro com o kimbundu, ovimbundu e herero. Tais sujeitos, com origens bem diversas, assim como os acontecimentos desses três últimos séculos, se amalgamaram em uma realidade diversificada e contraditória, riquíssima, e que se manifesta em práticas culturais-artísticas recentes, como a poesia, fotografia e música. Estamos tratando de um universo complexo, ancestral, colonial e afrofuturista, uma mistura de estéticas e origens diversas que conectam e denunciam realidades diferentes, atrelando para sempre Pernambuco, Mussungo Bitoto, Moçâmedes, Namibe; Brasil e Angola.

    Confira a entrevista com o professor Washington Nascimento, um dos orgazinadores da obra,

     

    1. Como surgiu a ideia do livro “Brasil, Moçamedes e Mussungo Bitoto” ?

     

    No ano de 2018 estive no Lubango e Namibe, a convite do Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla (ISCED-Huíla) para ministrar uma disciplina de Historiografia Africana no curso de mestrado em Ensino de História. Junto a mim estava uma equipe de pesquisadores do Brasil e da Alemanha, coordenado pela professora Selma Pantoja, que tinha como objetivo fazer uma visita exploratória ao Namibe, para pensar alguns temas pouco explorados da historiografia Angolana e estender as pesquisas históricas para o sul do país também. Por sugestão de alguns alunos visitei o Cemitério do Bairro Forte de Santa Rita, vi a arte Mbali de perto e aquilo me impressionou bastante. Além disso fizemos algumas entrevistas no Bairro, em torno da história do carnaval local.

    Em 2021 a Fundação de Ampara a Pesquisa do Rio de Janeiro lançou um edital destinado a apoio à Editoração e ao Audiovisual Comemorativo do Bicentenário da Independência e do Centenário da Semana de Arte Moderna – 2021. Como o Namibe foi fundado depois da independência do Brasil, como um reflexo direto dos acontecimentos ocorridos no Brasil e também porque a dimensão da arte é muito forte na pesquisa e relatos sobre o sul de Angola, chamei a professora Laila Brichta, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz – Bahia, que já realizava pesquisas sobre a história local para construir o projeto de livro que foi aprovado no Edital.

    Depois disso sentimos, que pela nossa formação de historiador, não daríamos conta de pensar a questão da dimensão da arte local, então nos foi sugerido que chamássemos o artista, curador e diretor de artes, Carlos Major, que nasceu no Namibe e que desde 2014, é curador da pesquisa “Arte funerária Mbali”, para o Museu Provincial de Namibe para ajudar-nos a montar a obra. Assim o Major trouxe diferentes artistas locais e suas produções para compor a última parte do livro destinado a mostrar a arte produzida no (e sobre o) sul de angola. Assim nasceu a nossa obra, que foi publicada pela Editora FGV aqui no Brasil.

     

    2. O livro fala da formação de Moçamedes/Namibe a partir da chegada dos pernambucanos ? Falei mais um pouco mais sobre essa história.

     

    A primeira parte do livro é dedicada a pensar a formação colonial de Moçamedes, em um território que os Kuvale chamavam de Mussungo Bitoto, a partir de colonos portugueses vindos do Brasil, não só de Pernambuco, mas também de Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro em meados do século XIX. A ideia inicial desses brasileiros era reproduzir de certa forma a realidade da “casa grande e senzala” e da produção de açúcar existente no Brasil, mas a realidade se impôs, um solo e um clima diferentes fizeram      com que eles se voltassem sobretudo para a produção de aguardente e a pesca. Eles trouxeram consigo seus escravizados, que no Namibe viriam a se tornam os Mbali.

     

    3. Fale mais sobre os Mbali, é um grupo de africanos que veio do Brasil e se instalou na região, como os retornados no Benin e Nigéria ?

     

    Não, diferente dos retornados, esses africanos chegaram no sul de Angola como escravizados. Como os senhores vindos do Brasil, precisavam de mais mão de obra, eles importaram cativos do norte do que hoje é Angola, sobretudo Kimbundu e Ovimbundu, que se somaram a esses “brasileiros”. Com o fim da escravidão (mas não do trabalho compulsório) eles foram se misturando e ao se tornarem “livres” foram construindo uma identidade própria, os Mbali, uma mistura da expressão Kimbundu, Kimbari, com Umbundu, Ovimbali, para definir aqueles que se aproximam ou que andam com os brancos. Era uma forma de ter um lugar social e ao mesmo tempo afirmar que não eram mais escravos, que eram Mbali. Esse grupo vai então desenvolver determinados produtos culturais, a arte mortuária, a festa da cruzeta, o carnaval e uma língua própria, que acabaria por definir uma distinção e identidade a esse grupo.

     

    4. O livro traz uma série de artistas locais e uma produção sobre o Namibe, como foi esse processo de recolha e curadoria.

     

    Na verdade, esse foi todo um trabalho realizado pelo Carlos Major, produtor cultural local, e demos a ele toda a autonomia possível que trouxesse a potência da cultura do sul de Angola, assim sendo ele trouxe a música de Franck Brazão e Gari Sinedima DJ, a poesia de Kanguimbo Ananaz e Elsa Major, o Teatro de Rogério de Carvalho, a Moda de Emanuela Patricia Pote Rios, a fotografia Sérgio Brazão, Paulo Azevedo, Bruno Fonseca e Mónica de Miranda. Além de exposições sobre arte Mbali e contemporânea, organizadas por ele, Carlos Major, e por Victor Gama. Inclusive uma das imagens feitas pelo Major e Gama, foi escolhida para compor a capa do livro.

     

    5. Como esse livro pode colaborar com o Ensino de História, tanto no Brasil, quanto em Angola.

     

    Quando começamos a organizar o livro, estava em nosso horizonte pensar em como ela poderia chegar em sala de aula, desta forma imaginamos mostrar um pouco da potência cultural do sul de Angola, através da exposição de seus artistas e produtores culturais.

    Por isso o livro é todo entrelaçado com música, poesia, fotografias, moda, teatro e artes visuais. Uma das imagens de uma exposição está na capa do livro. Tudo colorido, para não perder a beleza da cor, mas tem materiais também em preto e branco. Há por exemplo poemas pintados nas paredes por Calunamba (CalunambaArte), apresentando a nova geração de poetas angolanos que escrevem sobre o presente — o seu próprio e o do seu país, profundamente atentos ao mundo à medida que o vão descobrindo, incluindo jovens poetas do Tombwa, Sabino Mbuta Calvia (Pensador Mbuta) e António Sebastião York Caunda (Poeta Lágrimas De Arrependimento), cuja obra revela um profundo lirismo sonoro.

    A Bárbara Carine, no livro “Como ser um educador antirracista” mostra a importância da construção de um projeto pedagógico baseado em potências culturais, nesse processo. Mas tem mais possibilidades, como mostrar a importância dos saberes dos mais velhos, como se pode perceber no capitulo do livro que se dedica aos saberes dos Sobas, ou ainda a construção de uma ética local, pautada em laços de solidariedade e pertencimento, como no caso da história dos Mbali.

    O livro também traz o debate sobre a presença do colonialismo português ainda na região, e a necessidade de descolonização. Pr exemplo o nome Moçamedes é de um traficante de escravizados, já os povos locais, nominaram esse lugar como Mussungo Bitoto (algo como “vale antigo”, ou “velho buraco”)  É importante levar esse debate para as escolas, para o quão os nomes de ruas e cidades representam muitas vezes o colonialismo e processos de violência.

    Enfim, são muitas possibilidades.

     

    Clique AQUI para encontrar o livro no nosso site.

     

    Lançamento | 20 de março, quarta, às 19h - Blooks Livraria - Botafogo - Rio

     

    Brasil, Moçâmedes e Mussungo Bitoto: trânsitos sociais e trocas culturais no sul de Angola

    Organizadores: Carlos Major, Laila Brichta, Whashington Nascimento