O livro Macroeconomia traz uma contribuição importante para a disciplina: apresenta os principais modelos de crescimento econômico, de flutuação econômica e de determinação do nível de preços.
A obra expõe os seguintes modelos:
• sem microfundamentos: Solow e keynesiano;
• com microfundamentos: agente representativo e gerações superpostas; • novokeynesianos;
• keynesianos e novokeynesianos da economia aberta;
• crescimento econômico exógeno e endógeno;
• de crescimento econômico da economia aberta: Solow e AK;
• de sustentabilidade da dívida pública e da dívida externa;
• da teoria fiscal do nível de preços;
• de inflação crônica e de hiperinflação;
• de política monetária ótima, inconsistência dinâmica e metas de inflação.
Cada um é especificado com uma abordagem matemática idêntica: os sistemas dinâmicos de equações diferenciais. Estes sistemas permitem uma análise bastante simples do equilíbrio, da estabilidade e da dinâmica comparativa dos modelos. Três apêndices apresentam, de modo sucinto, a linguagem matemática usada no livro.
Cada capítulo e apêndice contém ainda uma lista de exercícios.
Confira o prefácio da obra feito pelo seu autor, o professor Fernando de Holanda Barbosa, professor titular da FGV/EPGE.
"Ao escrever este livro de macroeconomia procurei evitar a idiossincrasia, deixando de lado temas que fossem apenas do meu interesse. O livro contém os principais modelos de crescimento econômico, de flutuação econômica e de determinação do nível de preços, que fazem parte do núcleo desta disciplina.
A partir de meados da década de 1980, a agenda Lucas, que será analisada na Introdução, produziu uma nova safra de modelos que têm como principal característica o fato de serem micro fundamentados, leia-se baseados na teoria microeconômica. Os livros textos de macroeconomia para a pós-graduação abordam, praticamente, os modelos desta agenda.
Por outro lado, os livros textos para a graduação apresentam, com raras exceções, os modelos keynesianos sem micro fundamentos.
Este livro, de introdução a macroeconomia para cursos de pós-graduação, apresenta tanto os modelos com e sem micro fundamentos. Existem duas razões que justificam minha decisão. A primeira, didática. O modelo de Solow, por exemplo, de crescimento econômico, com sua simplicidade e elegância, é o primeiro degrau na aprendizagem dos modelos de crescimento econômico. Por outro lado, o modelo keynesiano, na sua vertente moderna, com as curvas IS, de Phillips e regra de Taylor, deve ser parte da formação acadêmica de quem deseja estudar os modelos novokeynesianos e analisar as diferenças e semelhanças entre os mesmos. A segunda razão que justifica minha opção é uma questão de metodologia científica. Um modelo, em última instância, deve ser avaliado pela sua capacidade de explicar os fatos, e não somente pelo seu rigor formal. A despeito do imenso progresso nos últimos anos na formalização dos modelos da macroeconomia, a evidência empírica ainda não rejeitou os modelos sem micro fundamentos.
Este livro diferencia-se de outros livros de macroeconomia pela ênfase dada aos modelos da macroeconomia aberta. A minha experiência ensinando macroeconomia nas últimas três décadas mostrou-me um vício muito comum entre alguns economistas brasileiros. Eles analisam a nossa economia como se ela fosse uma economia fechada. Eu atribuo este vício ao hábito de aplicarem, sem refletir, os modelos de economias fechadas, dos livros importados, que tratam, por exemplo, a economia americana como se fosse uma economia fechada. No caso americano, a aproximação ainda se justifica em virtude do seu tamanho. Todavia, esta hipótese, cada dia que passa, perde relevância em virtude do crescimento das economias do resto do mundo.
O modelo do agente representativo, um carro chefe da macroeconomia moderna, quando aplicado a uma economia aberta produz resultados pouco críveis. O Capítulo 2, um capítulo aparentemente idiossincrático, mostra as diversas hipóteses sugeridas na literatura para permitir o uso do modelo do agente representativo na economia aberta. Estas hipóteses deixam a desejar, seja porque não têm micro fundamentos ou porque fere o senso comum.
Os países latino-americanos têm uma vasta experiência em crises econômicas. Estas crises são manifestações de quatro patologias: i) dívida pública; ii) inflação crônica; iii) hiperinflação, e iv) dívida externa. Este livro tem um capítulo dedicado exclusivamente à restrição orçamentária do governo, o arcabouço teórico adequado para a análise das patologias da não sustentabilidade da dívida pública e da hiperinflação. A crise da dívida externa pode ser analisada com uma simples extensão do exercício da sustentabilidade da dívida pública, como se mostra na terceira seção do Capítulo 4. A sexta seção do Capítulo 7 trata do fenômeno da inflação crônica, que não requer um modelo especial para sua compreensão, mas simplesmente um modelo, como o keynesiano, com uma regra de política monetária, na qual o Banco Central emite moeda para financiar o déficit público.
Este livro pode ser usado, como material básico, em quatro cursos de pós-graduação: i) Macroeconomia; ii) Macroeconomia Aberta; iii) Economia Monetária e iv) Crescimento Econômico. O curso de macroeconomia deve incluir os capítulos 1, 3, 6, 7 e 10. O curso de macroeconomia aberta abrange os capítulos 1, 2, 3, 8 e 9. O curso de economia monetária compreende os capítulos 1, 6, 7, 10 e 11. O curso de crescimento econômico engloba os capítulos 1, 3, 4 e 5. Cada curso, obviamente, deve ser acompanhado de uma lista de leitura com artigos recentes sobre os temas abordados. Este livro, também, pode ser usado num curso de graduação em economia, de tópicos em macroeconomia, para alunos que estejam no último ano de seu curso."
Fernando de Holanda Barbosa