Arquivo de Janeiro 2017

  • Postado por editora em em 31/01/2017 - 08:11

    O comércio internacional cresceu significativamente ao longo dos últimos anos, porém o Brasil, apesar de sua relevância na economia mundial, não tem a adequada participação nesse mercado como exportador nem como importador. Tal fato é explicado em parte pela concorrência, inclusive entre países emergentes, e em parte por questões internas, principalmente estruturais. As questões internas que dificultam as importações e exportações nacionais e compõem o chamado “custo Brasil” envolvem desde a cadeia logística até questões culturais, sendo que, entre estas últimas, destaca-se a burocracia.

    O Brasil, conforme dados do Fórum Econômico Mundial (Schwab, 2013), devido à sua carga tributária, problemas de regulação e efetividade no uso de recursos públicos, além de elevadas taxas de juros, tem-se mantido em posições inferiores no ranking das economias mais competitivas. Países como Azerbaijão, Costa Rica e Indonésia são vistos como mais competitivos. O ranking é estabelecido por meio de pesquisas sobre a percepção de empresas multinacionais e locais relativas a cada país. O Fórum Econômico Mundial de 2013 destaca pontos positivos na economia brasileira, mas alerta quanto aos importantes desafios a serem vencidos. Por exemplo: entre os 148 países avaliados, o Brasil é classificado como o 140° colocado no que tange ao impacto da carga tributária sobre o setor privado. No que se refere aos indicadores da regulação do governo, o país é o penúltimo colocado, ficando à frente somente da Venezuela.

    Nesse cenário de elevado espaço econômico e geográfico para crescimento da participação do Brasil no comércio internacional, vê-se quão importantes são os investimentos em infraestrutura física (portos, ferrovias, aeroportos, hidrovias, estaleiros etc.) e em infraestrutura administrativa (regulação, planejamento logístico de curto e longo prazos, eficiência da gestão etc.).

    O livro Portos e comércio exterior: cenário atual e aspectos jurídicos, ambientais e de saúde, de Eduardo Mario Dias, Maria Lídia Rebello P. Dias Scoton, reúne conhecimentos essenciais para a compreensão do sistema portuário em toda a sua complexidade e pretende contribuir para a solução de problemas em áreas importantes para o país, como cidades inteligentes, logística, rastreabilidade e mobilidade urbana.

    Após uma visão geral no contexto do comércio exterior, a obra descreve seus intervenientes e respectivas funções, bem como aspectos jurídicos para a exploração dos portos e os contratos administrativos que viabilizam tal exploração, amparados na nova lei portuária.  Também apresenta aspectos ambientais relacionados à sustentabilidade e à saúde em atividades portuárias.

     

    Portos e comércio exterior: cenário atual e aspectos jurídicos, ambientais e de saúde,

    Autores: Eduardo Mario Dias, Maria Lídia Rebello P. Dias Scoton

    R$39,00

  • Postado por editora em em 16/01/2017 - 10:04

    O Brasil, afastado de conflitos bélicos há tempos, se acostumou a relacionar o termo “defesa” aos momentos de guerra e a percebê-los como de interesse meramente militar.

    O livro Desafios gerenciais em defesa busca desmistificar esse paradigma e apresenta desafios em gerenciar grandes instituições, entre elas, as Forças Armadas.

    Considerandio que as quatro dimensões clássicas — terrestre, na­val, aérea e espacial — não conseguem mais abranger todas as facetas do novo ambiente de batalha, os autores acrescentam a dimensão do ciberespaço, do am­biente em rede e de uma capacidade quase infinita de armazenamento de infor­mações, permitindo a conexão do campo de batalha real com o virtual.

    Organizado pelos professores Paulo Roberto Motta, da Fundação Getulio Vargas, Valentina Gomes Haensel Schmitt e Carlos Antonio Raposo de Vasconcellos, ambos pós-graduados pela FGV, o livro aborda, de modo geral: os aspectos contemporâneos da gestão estratégica da defesa nacional, a gestão de pessoas, a relevância da cultura e do multiculturalismo, o trabalho emocional e psicológico nas ações militares, a liderança e a logística.

    Os estudos consideram a necessidade de alavancar a criação do conhecimento organizacional para pro­porcionar maiores níveis de autonomia e de realização e induzir ações estra­tégicas que permitam às organizações gerar valor adicional e atuar com mais agilidade nas arenas em que estão imersas.

    Mesmo havendo vários pontos em comum entre o de­senvolvimento das ciências militares e sua influência nos estudos da área administrativa — e vice-versa, a administração em ambientes militares é um tema pouco estudado no Brasil, mas de grande importância para o melhor entendimento e desempenho das atividades das Forças Armadas, e mais especificamente da defesa nacional.

    A obra é resultado de incentivos recentes para aumentar os conhecimentos de natureza interdisciplinar sobre políticas e gestão da defesa.

    Trata-se de uma nova inserção no mundo contemporâneo, pois o progresso da ciência administrati­va nos últimos anos tem se manifestado de forma intensamente interdisciplinar, sobretudo na perspectiva da política pública.

    Confira a apresentação da obra:

    "No mundo contemporâneo, os desafios para inovar e praticar o diferente se expandem de forma acentuada: transformações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas geram pressões para novas respostas em curto prazo. Atualmente, qualquer nova tecnologia, informação ou mudança é potencial causadora de impactos dramáticos na sociedade e nas organizações produtivas. No contexto atual das organizações, tão importante quanto a consciência das transformações é não se deixar vulnerável a surpresas. Decisões governamentais no ambiente da defesa impactam as possibilidades de ação das organizações da área. Portanto, nada mais desejável do que estimular profissionais e pesquisadores desse campo a dedicarem sua atenção à busca de novos caminhos para maior efetividade.
    Para o desenvolvimento das próprias potencialidades, é imprescindível acionar não só os gestores de grandes instituições mas também a mente dos produtores do conhecimento. Expectativas e necessidades de mudança fazem repensar a administração como algo mais relevante e atraente: ampliam a consciência sobre as possibilidades e aguçam a mente dos estudiosos para produzir novas ideias.
    O livro Desafios gerenciais em defesa é resultado de incentivos recentes para aumentar os conhecimentos de natureza interdisciplinar sobre políticas e gestão da defesa. Este compêndio revela não só esforço de profissionais e estudiosos do tema como também preenche as expectativas da sociedade sobre novas ideias e possibilidades de ação na área da administração militar. Os resultados são promissores: a qualidade dos trabalhos e os temas desenvolvidos demonstram haver um crescente número de pesquisadores dedicados à interdisciplinaridade na abordagem das políticas de defesa e da administração militar. Trata-se de uma nova inserção na contemporaneidade, pois o progresso da ciência administrativa nos últimos anos tem se manifestado de forma intensamente interdisciplinar, sobretudo na perspectiva da política pública.
    Os incentivos à produção de artigos de natureza científica não objetivam o alcance de algum consenso na formulação de novas políticas, mas descobrir novos modos de pensar e de fazer para ajudar profissionais do campo a aprimorar suas análises e decisões cotidianas. Os autores responderam bem à proposta e avançaram na descoberta de alternativas. Oferecem apreciações críticas e, assim, colaboram para manter o debate sobre dimensões interdisciplinares na política e gestão da defesa. Muitos desses textos foram parte de pesquisas mais
    amplas em programas de mestrado e doutorado. Portanto, as escolhas dos temas surgiram de reflexões mais extensas e profundas sobre sua relevância.
    No sentido de introduzir o leitor nos principais temas do livro, a seguir se singulariza, de forma sintética, uma conclusão sobre cada um dos textos.
    Nos anos de existência do Ministério da Defesa, o trato com os assuntos da defesa nacional, entre civis e militares, mudou. Constata-se que sociedade embora, inicialmente distante, hoje se aproxima e se inclui nos diversos espaços onde se discute a temática da defesa. Entretanto, o país ainda situa a defesa nacional em patamar aquém do devido, mas cuja importância vem crescendo de forma lenta, mas gradual.
    Baseado na premissa de que as quatro dimensões clássicas — terrestre, naval, aérea e espacial — não conseguem mais abranger todas as facetas do novo ambiente de batalha, propõe-se acrescentar a dimensão do ciberespaço, do ambiente em rede e de uma capacidade quase infinita de armazenamento de informações, permitindo a conexão do campo de batalha real com o virtual.
    A análise da política e estratégia no contexto de defesa nacional envolve considerações básicas sobre política e estratégia de defesa, além da apreciação sobre o mundo atual. A cultura, o modo de ser da sociedade, e por isso ela mesma, é o que deve ter prioridade para ser defendido. Sem população nada há o que defender, ainda que esta necessite de território para viver e sobreviver.
    A administração em ambientes militares é uma temática pouco estudada no Brasil, mesmo havendo a diversidade de pontos convergentes entre o desenvolvimento das ciências militares e sua influência nos estudos da área da administração — e vice-versa. A conjunção das temáticas é relevante para o melhor entendimento e desempenho das atividades das Forças Armadas, e mais especificamente da defesa nacional.
    O processo de elaboração orçamentária no setor público revela o planejamento estratégico como condicionante imprescindível dos diferentes sistemas gerenciais nas organizações públicas.
    A cultura organizacional em ambientes militares se nutre fundamentalmente da doutrina. A cultura organizacional, em consequência, deve ser o foco principal e essencial para iniciar e sustentar qualquer processo de transformação, especialmente no que diz respeito às Forças Armadas, dado que possuem uma formação, tradição e costumes de raízes profundas e históricas.
    Estratégia nacional de defesa é um produto da aproximação do campo político com os assuntos militares. Para que isso seja possível, a logística aplicada a essas forças, além de integrada, deve também ser conjunta.
    É necessário alavancar a criação do conhecimento organizacional para proporcionar maiores níveis de autonomia e de realização e induzir ações estratégicas que permitam às organizações gerar valor adicional e atuar com mais agilidade nas arenas em que estão imersas.
    O desejo de usar e compartilhar o conhecimento tácito não é significativamente influenciado pela intensidade da confiança organizacional, definida com base na capacidade, benevolência e integridade dos indivíduos.
    A necessidade de valorização é o principal fator de motivação nas organizações fortemente hierarquizadas. Os melhores resultados organizacionais são obtidos quando a gestão muda o foco das atenções, do líder ou do trabalho, para os colaboradores.
    Para incrementar o nível de liderança do militar em missões de paz e rumo a uma liderança multicultural, devem-se promover reflexões que favoreçam a adoção de parcerias estratégicas entre o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) e o meio acadêmico. Os atores envolvidos nas operações — os “soldados da paz” — devem receber treinamento para desenvolver uma liderança multicultural com mais efetividade e cientificidade.
    A partir do entendimento dos mecanismos de construção das identidades e das diferenças, é possível desenvolver práticas de alteridades que promovam a capacitação de recursos humanos mais adequada às demandas da pós-modernidade, sem que essa atitude subverta a identidade cultural militar.
    Sugere-se a relevância da especificação das tarefas do trabalho emocional e seus respectivos requisitos, assim como sua inclusão explícita na análise de cargo, o que gera implicações para a seleção, o treinamento, o pagamento e outras atividades da gestão de pessoas.
    Campanhas psicológicas sobre as tropas procuraram estimular os comportamentos que aproximavam os soldados da população e reforçar a consciência coletiva sobre os atributos da área afetiva desses militares. Nesse sentido, as operações psicológicas flexibilizam a formação militar belicista do soldado, capacitando-o para o desafio de promover a pacificação de regiões carentes do território nacional.
    O luto, processo natural e esperado diante do rompimento de um vínculo — e frequente no ambiente de defesa —, não está relacionado apenas à perda de alguém por motivo de morte, quando o vínculo se rompe de maneira irreversível.
    Ainda são poucas, no Brasil, as instituições cujo objetivo seja apoiar, psicologicamente, pessoas, organizações e comunidades atingidas por emergências e desastres, oferecendo suporte ao luto. Contribuir institucionalmente nesse processo é possibilitar devolver à pessoa sua plenitude.
    Contribuíram para a realização desta obra os seguintes autores: Ândrei Clauhs, Angela Maria Monteiro Silva, Armando Santos Moreira da Cunha, Carlos Antonio Raposo de Vasconcellos, Diego de Faveri Pereira Lima, Edson Gonçalves Lopes, Elias Ely Gomes Vitório, Fátima Bayma de Oliveira, Flávio Sergio Rezende Nunes de Souza, Jacintho Maia Neto, Joaquim Rubens Fontes Filho, José Francisco de Carvalho Rezende, Jorge Calvario dos Santos, José Joaquín Clavería Gusmán, Luís Moretto Neto, Moacir Fabiano Schmitt, Neyde Lúcia de Freitas Souza, Reinaldo Costa de Almeida Rêgo, Rejane Pinto Costa, Thales Mota de Alencar, Valentina Gomes Haensel Schmitt, William Trajano de Andrade Costa. Todos os autores trazem uma visão transformadora das possibilidades de contínuo aperfeiçoamento da política de defesa e da administração militar: procuram contribuir para submeter a administração pública a novas e profícuas experiências. Não basta compreender; é preciso fornecer elementos para alimentar os que têm a obrigação de realizar. Formas de ação, mesmo que
    satisfatórias, merecem ceder lugar a novas perspectivas e práticas.
    Recebemos um novo conhecimento e um juízo apurado para propor alternativas e renovar as esperanças para transformar as práticas de gestão na área da defesa. As ideias estão bem plantadas, o novo desafio é mantê-las relevantes e atualizadas para prosseguir no aperfeiçoamento da administração militar.
    "

    Desafios gerenciais em defesa

    Organizadores: Paulo Roberto De Mendonça Motta, Valentina Gomes Haensel Schmitt, Carlos Antonio Raposo Vasconcellos

    Impresso: R$59

  • Postado por editora em em 10/01/2017 - 12:09

    Quase quatro anos após o anúncio da morte de Hugo Chávez, ocorrida em 5 de março de 2013, sua ausência, somada às especulações sobre sua morte prematura, agitou as redes sociais e as mídias nacional e internacional com projeções das mais variadas sobre o que aconteceria com a Venezuela se o presidente realmente viesse a falecer. Sua morte representaria o fim da chamada Revolução Bolivariana? O chavismo teria condições de sobreviver sem Chávez?

    A obra Estado e democracia nos tempos de Hugo Chávez (1998-2013), que acabamos de publicar, analisa a atuação do governo de Chávez e as profundas transformações do Estado Venezuelano a partir da construção de uma democracia que transborda a dimensão representativa para conceder ao povo uma atuação participativa e protagônica nas decisões políticas, através do chamado “socialismo do século XXI”.

    A pesquisa da historiadora Mariana Bruce analisa a relação entre a ação social organizada, herdeira de um legado histórico e de uma prática comunitária anterior ao governo de Hugo Chávez, e o poder político como espaço de disputa e, ao mesmo tempo, de construção social, apesar das contradições dos interesses em jogo e dos desafios de um processo em construção e reinvenção permanentes.

    O prefácio do professor Carlos Walter Porto-Gonçalvez nos indica, de forma precisa e elucidativa, a grande contribuição desta pesquisa. Confira:

    "Num momento em que vivemos uma grave crise de legitimidade dos sistemas políticos em todo o mundo, este livro de Mariana Bruce é inspirador. Fugindo do caráter normativo do que seja a Revolução ou a Democracia, a autora nos abre caminhos extremamente férteis para pensar/agir os contraditórios processos emancipatórios em curso na América Latina. Ao recusar a ideia de “Revolução é…” ou “Democracia é…”, que ao congelar esses conceitos no mundo sobrelunar das ideias instaura uma ditadura do pensamento, a autora nos convida a mergulhar no terreno movediço da história em que a vida teima em ser reinventada na perspectiva emancipatória pelos grupos subalternizados. E o faz analisando uma experiência na qual a riqueza do que vem sendo vivido tem sido ofuscada pelo maniqueísmo teórico-político, mais correto seria dizer ideológico, com que vem sendo abordada: a Venezuela.

    Distinguir o popular do populista; o poder constituinte do constituído; a complexa relação líder/povo — tudo isso é analisado com uma pesquisa refinada na qual, mais que explicações, a autora nos brinda com as profundas implicações da invenção democrática por que passa esse país, muito além do maniqueísmo que não só empobrece sua compreensão, como, mais grave ainda, nos impede de ver a importância dessa experiência para o pensar/agir emancipatório, sobretudo depois da queda do Muro de Berlim. Afinal, depois de vermos uma revolução como a russa, que teve como palavra de ordem “todo poder aos sovietes”, cair após 80 anos sem que nenhum soviete houvesse para defendê-la, tornarmos a ver uma história em que a comuna volta a ser a busca do autogoverno, como na Venezuela, não é uma questão qualquer. E a autora, com um estudo denso, e de dentro de um desses conselhos/dessas comunas, nos mostra como se desenvolve esse processo em que um líder popular no sentido mais forte da palavra, talvez por suas melhores qualidades, desempenha um papel contraditório nesse caminho para a emancipação.

    Vale a pena ler com atenção, até porque em cada canto da América Latina/Abya Yala, tal como um fractal, há um pedaço de cada um de nós."

    Estado e democracia nos tempos de Hugo Chávez (1998-2013)

    Mariana Bruce