ditadura

  • Postado por editora em em 05/01/2018 - 06:45

    A Teoria da Dependência: do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo, obra de Claudia Wasserman, conta a trajetória de quatro intelectuais que começaram suas vidas profissionais juntos e se tornaram amigos. Mas qual o interesse em estudar um grupo de amigos? O que os torna interessantes para a história do Brasil, da América Latina ou da região periférica como um todo? Esses intelectuais tiveram grande importância para a criação de um aparato teórico capaz de perscrutar a realidade latino-americana. O conjunto de reflexões resultantes desse empreendimento foi denominado Teoria da Dependência e serviu de base para pesquisas sobre toda a realidade periférica. As trajetórias de Ruy Mauro Marini, Vânia Bambirra, Theotônio dos Santos e André Gunder Frank revelam as desventuras de intelectuais que nos anos 1960 discutiram a urgência da Revolução Brasileira, foram perseguidos pela ditadura militar, foram exilados e, com a anistia, retornaram ao Brasil procurando as marcas do passado.

    Confira o prólogo do livro:

    Esta pesquisa aborda a trajetória de quatro intelectuais. Três brasileiros, Theotônio dos Santos, Ruy Mauro Marini e Vânia Bambirra, e um alemão, André Gunder Frank. O objetivo do estudo foi entender a aliança formada entre eles para além da constatação de que eram um grupo de amigos que se encontrou pela primeira vez na Universidade de Brasília (UnB) e que, em seu percurso de vida, trabalho e militância política, continuou se encontrando e se reconhecendo como companheiros.

    Um desses vínculos, para além da amizade, e talvez o mais forte deles, dizia respeito ao desejo de compreender e transformar a realidade brasileira a partir de suas habilidades como cientistas sociais.

    Eles eram jovens intelectuais marxistas atuantes quando sobreveio o golpe de 1964.

    No exílio, conheceram as universidades chilena e mexicana, trabalharam com outros cientistas sociais latino-americanos e formularam conceitos, ideias e interpretações que julgavam adequados para compreender a América Latina e a periferia do sistema capitalista.

    Ao conjunto de conceitos, ideias e interpretações formulados por eles e outros cientistas sociais deu-se o nome de teoria da dependência, cuja paternidade foi disputada por outros intelectuais nos anos 1970. Eles saíram do Brasil quando a discussão mais recorrente entre os intelectuais de esquerda era a revolução brasileira, sua urgência, caráter, agentes, condições concretas e subjetivas etc.

    Quando voltaram ao Brasil, depois da anistia, encontraram um país imerso em discussões sobre a democracia e seus condicionantes econômicos, tais como ajustes recomendados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM), participaram desses debates e tiveram imensas dificuldades de reintegração nos ambientes acadêmicos e políticos.

    A pesquisa tracejou esse percurso, do Brasil nacionalista e revolucionário ao Brasil neoliberal e pré-democrático. Abordou, nesse percurso, o contexto intelectual brasileiro anterior ao golpe, os ambientes acadêmicos e políticos que as personagens desse estudo encontraram no México e no Chile e a conjuntura da redemocratização, contemplando as transformações ocorridas na universidade, nos partidos políticos e no ambiente dos intelectuais de esquerda.

    O capítulo 1 aborda o início desse percurso, desde a participação militante na Polop, o ingresso como professores na UnB, o golpe, o exílio, o ambiente acadêmico e político dos países do exílio e os diversos reveses que eles passaram entre o Chile e o México.

    Foi valorizado também o esforço dessas personagens em construir um arcabouço teórico que explicasse a dependência, o subdesenvolvimento e examinasse as possibilidades e alternativas aos povos da periferia. O capítulo 2 aborda aspectos da produção intelectual de Theotônio, Vânia, Ruy Mauro e Gunder Frank, com ênfase para os temas do capitalismo dependente, do socialismo e do latino-americanismo. A análise da enorme quantidade de livros e artigos escrita por esses quatro autores seria impossível neste espaço e nem era o objetivo deste estudo. Privilegiaram, nestes três aspectos mencionados, os elementos que deram origem e que fortaleceram os vínculos do grupo, bem como as críticas dirigidas às suas narrativas, que produziram as polêmicas do grupo com intelectuais do mainstream e também ajudaram na sua distinção.

    Finalmente, a pesquisa adentrou os anos 1980, quando Theotônio, Vânia e Ruy Mauro voltaram ao Brasil. No capítulo 3, o estudo apreciou especialmente a necessidade de acomodação dos exilados à nova realidade, o que chamamos de aggiornamento, que vem acompanhado da estranheza e das ilusões acalentadas durante os anos do exílio. Os memoriais acadêmicos produzidos pelas nossas personagens para retomar suas atividades nas universidades brasileiras foram as fontes preferenciais deste último capítulo. Mesmo reconhecendo a limitação dessa fonte, foi possível perceber os sentimentos envolvidos nessa tentativa de retomar a vida profissional, pessoal e como cidadão.

    Porém, vítimas da chamada “redemocratização sem sobressaltos” e da “higienização da intelectualidade” de esquerda nos anos 1980, os autores da teoria da dependência sofreram com o ostracismo as consequências de terem mantido uma posição política e teórica radical. No início do século XXI, seus projetos e diagnósticos começaram a ser reabilitados. Atualmente, a partir dessa recuperação, é possível, inclusive, compreender os seus equívocos e fazer a crítica da sua produção científica, que poderá ser retomada e servir de ponto de partida para novos projetos para o Brasil e para a América Latina.

     

    A teoria da dependência: do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Eventos em 28/04/2015 - 21:42

    No contexto de crescente interesse pela história da ditadura, este livro, da professora Janaina Martins Cordeiro, chega em boa hora. A obra consiste em análise bastante original das festividades dos 150 anos da Independência do Brasil, data comemorada com pompa e circunstância pela ditadura.
    Para qualquer tipo de Estado, mesmo o ditatorial, as estruturas repressivas não são suficientes para manter o poder. Uma dominação estável e duradoura demanda também conquistar o consentimento de uma parte da sociedade. Seguindo essa trilha, o propósito da obra A ditadura em tempos de milagre: comemorações, orgulho e consentimento, é mostrar o lugar das comemorações do sesquicentenário nos esforços da ditadura visando a conquistar legitimidade.

    Fizemos 3 perguntas à autora. Confira:

    De acordo com a orelha do seu livro “Para qualquer tipo de Estado, mesmo o ditatorial, as estruturas repressivas não são suficientes para manter o poder.” Diante desta afirmação, quais foram os principais artifícios, além da repressão, utilizados pela ditadura brasileira?

    São muitas as formas que um regime encontra para manter o equilíbrio social. No caso de regimes autoritários, os mecanismos de repressão e informação são fundamentais, mas não bastam. Especificamente no caso da ditadura civil-militar brasileira, foi de fundamental importância criar uma narrativa histórica na qual o regime de 1964 aparecesse como desdobramento do "devir nacional". Nesse sentido, as comemorações do Sesquicentenário em 1972 configuram o auge do processo de construção dessa narrativa. Além disso, o diálogo com antigas tradições nacionais e o projeto de construção de um futuro grandioso - o "Brasil potência" - foram elementos que ajudaram a fortalecer o pacto social em torno da ditadura.

     O governo ditatorial logrou êxito em suas tentativas de criar popularidade junto à sociedade civil?

    É muito difícil afirmar categoricamente que sim ou que não. Mesmo porque, sob este aspecto, não podemos considerar a ditadura como um todo homogêneo. No caso particular do período de que trata o livro, ou seja, do governo Médici - e ainda mais especificamente, do ano de 1972 -, é possível dizer que naquele momento a ditadura desfrutou de expressiva popularidade. A capitalização da vitória da Copa do Mundo de futebol em 1970, as comemorações do Sesquicentenário da Independência e o crescimento da economia proporcionado pelo Milagre Brasileiro podem dar, em certa medida, a dimensão de um momento em que a ditadura conseguiu estabelecer algum diálogo com segmentos importantes da sociedade. Mas devemos levar em conta a particularidade do contexto daqueles primeiros anos da década de 1970.

     Qual a principal contribuição de sua obra para a história do Brasil?

    É muito difícil avaliar isso, mas penso que meu trabalho se insere em um contexto mais amplo da historiografia sobre a ditadura no Brasil. Recentemente, alguns estudos no Brasil têm buscado analisar os comportamentos coletivos sob a ditadura buscando compreende-la como um processo de construção social, seguindo uma tendência que vem se firmando na Europa e América Latina, no que tange aos estudos sobre as experiências autoritárias do século XX. Penso que meu trabalho é uma pequena contribuição nesse sentido.

     

    A obra será lançada na quarta-feira, dia 6 de maio, na Blooks Livraria. Todos convidados!!

     

     

     

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Opinião em 14/04/2014 - 12:38

    Numa coletânea de textos organizados pelos professores Rodrigo Patto Sá Motta e Luciano Aronne de Abreu, a Editora FGV, em parceria com a ediPUCRS, lança o livro Autoritarismo e cultura política.

    Dividida em 11 capítulos, a obra reúne textos em português produzidos pelos organizadores e os professores Miriam Hermeto, Enrique Serra Padrós, Helder Gordim da Silveira, Claudia Wasserman, Luis Carlos dos Passos Martins, Rodrigo Perla Martins e Ronaldo Herrlein Jr., além de dois trabalhos em espanhol escritos pelos professores Marina Franco e Rolando Alvarez Vallejos.

    Com abordagens sobre ditadura brasileira, censura dos anos de 1970, sindicalismo e corporativismo no Brasil, segurança nacional brasileira e operação Condor, bem como 'seguridad interna argentina' e 'partido comunista de Chile', entre outros, os textos nos demonstram a vasta história do autoritarismo em alguns países, entre eles o Brasil.

    O professor Rodrigo Patto define a atuação do regime militar na produção cultural do Brasil como "modernizadora e autoritária, ao mesmo tempo. Houve a expansão dos empreendimentos e empresas culturais, como jornais, televisão, rádio e editoras, e também investimentos para modernizar as universidades. Porém, simultaneamente, a ditadura criou mecanismos para cercear a liberdade, como a censura (direta e indireta) e eventuais ações violentas contra artistas desafetos do regime."

    Confira a apresentação da obra feita por seus organizadores:

     

    "A aproximação analítica entre os temas Autoritarismo e Cultura
    Política, abrangendo o Brasil e outros países latino-americanos
    (Argentina, Chile e Uruguai), pode gerar chaves interpretativas e
    explicativas inovadoras para a história da região. Com efeito, tais
    nações passaram por experiências autoritárias recentes que, em boa
    parte, contribuíram para a sua configuração atual, quer seja pela
    ação direta na moldagem de suas estruturas econômico-sociais contemporâneas,
    quer seja pela própria reação adversa que geraram na
    forma de movimentos de combate a esses regimes e suas heranças
    ainda atuantes, em especial no campo da construção da memória.
    O enfoque ganha especial pertinência quando consideramos
    que, em alguns desses países, como o Brasil, o autoritarismo não é
    um fenômeno político recente, mas possui uma vasta História. Não
    apenas porque tais países já tenham passado por regimes não democráticos
    anteriormente, mas porque também eles foram palco da
    elaboração de toda uma tradição teórica autoritária, ou seja, de intelectuais
    que pensaram e projetaram a sociedade (brasileira e latino-
    -americana) como incompatível com a democracia liberal. E muitos
    elementos desse pensamento autoritário eram compartilhados ou
    apropriados por outras correntes de pensamento – mesmo à esquerda
    do espectro político-intelectual – e, inclusive, pelos grandes meios
    de comunicação, alcançando uma abrangência maior que o restrito
    círculo dos intelectuais. Dessa maneira, torna-se muito pertinente
    procurar associar o autoritarismo à cultura política, na medida em
    que as bases do pensamento autoritário contribuíram difusamente
    na própria maneira como a realidade política dessas sociedades vem
    sendo concebida ao longo das últimas décadas.
    Por outro lado, há que se considerar também a manifestação de
    determinados traços de cultura política tanto nos períodos de governo
    autoritário quanto nas fases consideradas democráticas. Tendo
    em vista especialmente o caso brasileiro, podemos mencionar como
    exemplos o reiterado recurso à conciliação entre setores da elite, a
    reprodução de práticas clientelistas, o arraigado corporativismo e a
    tradicional personalização das relações políticas.
    Sob a inspiração desses pressupostos teóricos, selecionamos e
    convidamos os autores que contribuem para esta coletânea, na expectativa
    de oferecer reflexões úteis à compreensão da história política
    do Brasil e de países do Cone Sul."

      CAPA

    Autoritarismo e cultura política

    Editora FGV

    R$40

    Arquivos:
  • Postado por editora em Atualidades, Destaques em 01/04/2014 - 12:13

    "Cinquenta anos depois do golpe.

    O início de uma ditadura de 21 anos iniciada em 1º de abril de 1964."

    Fizemos uma seleção especial das obras que abordam os anos que não devem ser esquecidos.

    Confira as dicas:

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    João Goulart: entre a memória e a história

    Marieta de Moraes Ferreira

    A figura e o governo de João Goulart têm ocupado um lugar secundário na literatura sobre o golpe militar de 1964. Os principais impasses de seu governo, seu papel no momento do golpe e sua atuação no exílio permanecem obscuros, sem merecer maior atenção de estudiosos e pesquisadores. Esta coletânea é uma excelente oportunidade de começar a conhecer Jango, o personagem político, compreendendo melhor não só seu tempo e seus problemas, mas as questões do Brasil de hoje.

     

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    O golpe de 1964: momentos decisivos

    Carlos Fico

    O golpe de 1964 é o evento-chave da história do tempo presente do Brasil. Por que setores significativos da sociedade brasileira aprovaram a deposição do presidente João Goulart? Além disso, como o golpe de Estado se transformou em uma ditadura militar que duraria 21 anos? Este livro busca respostas para essas e outras perguntas: quais foram os episódios decisivos que o antecederam? Houve apoio do governo dos Estados Unidos da América? Qual foi o papel das lideranças civis e militares? Baseado em amplas evidências empíricas, O golpe de 1964: momentos decisivos apresenta síntese atualizada das mais recentes e confiáveis descobertas historiográficas.

     

    Direitas em movimento

    Direitas em movimento: a campanha da mulher pela democracia e a ditadura do Brasil

    Janaina Cordeiro Martins

    Quem deu o golpe de 1964? Quem apoiou a ditadura no Brasil? Apenas os militares?
    É inegável a responsabilidade das Forças Armadas pela ditadura que assolou o país. Mas os militares estiveram sós? A autora deste livro, Janaina Martins Cordeiro, não se satisfaz com bodes expiatórios e faz um convite de maior complexidade: investigar as bases sociais e históricas da ditadura civil-militar no Brasil, um exercício indispensável para compreender a história que passou, para que possamos cultivar, no futuro, a hipótese de uma outra história.

     

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    O congresso brasileiro e o regime militar (1964 - 1985)

    Ana Lúcia Rocha Studart e Antônio Carlos Pojo do Rego

    Esta análise do papel do Legislativo durante a ditadura militar revela o contraste entre o Brasil e seus vizinhos na América do Sul que também viveram regimes de exceção. Nossa vocação para a conciliação política foi a responsável pela lenta, gradual e segura transição para a democracia, ao invés de uma ruptura.
    Vale a pena acompanhar o trajeto percorrido pelo professor Pojo, ilustrado por depoimentos e reflexões que nos ajudam a compreender melhor o papel da classe política na manutenção da governabilidade do país.

     

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    Ditadura e democracia na América Latina: balanço histórico e perspectivas

    Marieta de Moraes Ferreira, Carlos Fico, Maria Paula Araújo e Samantha Viz Quadrat

    A trajetória recente de países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai, Uruguai, marcados pelas desigualdades sociais, por regimes ditatoriais e pelo desrespeito aos direitos humanos, coloca para os cientistas sociais e historiadores o grande desafio de compreender o processo de democratização, seus problemas, limites e impasses.
    Dentro dessa perspectiva reflexiva, este livro reúne textos que abordam aspectos ainda pouco conhecidos de um público mais amplo, como a dificuldade de acesso aos documentos produzidos pela repressão das ditaduras militares, a experiência dos golpes militares, a repressão, a violência política, as lutas de resistência, a redemocratização e os embates travados em torno da memória entre os diferentes atores que tomaram parte em todo esse processo.

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    1968: a paixão de uma utopia

    Daniel Aarão Reis e Pedro de Melo Moraes

    'Mais uma década, uma data redonda a mais, sugerindo, suscitando, quase impondo novas comemorações - palavra aqui tomada em seu sentido etimológico de rememorar juntos, recordar em conjunto a saga de 1968. A passagem do tempo nunca é neutra e indolor. Aparecem processos históricos imprevistos, surpreendentes, propondo problemas inesperados, modificando concepções outrora bem estabelecidas. As memórias são acionadas de modo diverso, operando seleções inusitadas, descobrindo referências esquecidas, esquecendo agora temas e ideias que pareciam inescapáveis.'

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    Autoritarismo e cultura política

    Rodrigo Patto Sá Motta e Luciano Aronne de Abreu

    A aproximação analítica entre os temas Autoritarismo e Cultura Política, abrangendo o Brasil e outros países latino-americanos (Argentina, Chile e Uruguai), pode gerar chaves interpretativas e explicativas inovadoras para a história da região. Com efeito, tais nações passaram por experiências autoritárias recentes que, em boa parte, contribuíram para a sua configuração atual, seja pela ação direta na moldagem de suas estruturas econômico-sociais contemporâneas, seja pela própria reação adversa que geraram na forma de movimentos de combate a esses regimes e suas heranças ainda atuantes, em especial no campo da construção da memória.
    Refletir sobre essas questões, a partir do olhar de pesquisadores de cada uma dessas nações, se constitui no tema da presente obra.

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    A política domesticada: Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964

    Fernando Lattman-Weltman

    • Ao longo de sua vida, Afonso Arinos exerceu uma intensa atividade política, parlamentar e diplomática, tendo ocupado alguns dos mais estratégicos cargos da República. Em cuidadoso estudo sobre o que define como "uma particular vocação de intelectual-político", Fernando Lattman-Weltman analisa a produção discursiva desse mineiro entre 1947 e 1966.

     

     

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    Nova história militar brasileira

    Celso Castro, Hendrik Kraay e Vitor Izecksohn

    Publicado no ano de 2004, quando se completaram 40 anos do golpe de 1964, este livro nos lembra que as instituições militares tiveram um papel bem amplo na sociedade brasileira. Está aqui reunido o resultado de pesquisas recentes sobre a história da instituição militar no Brasil. Seu objetivo é divulgar novas perspectivas da pesquisa histórica sobre o tema. Fruto de amplos debates entre uma nova geração de historiadores, ele apresenta uma amostra do que é chamado de "nova história militar" nos meios acadêmicos norte-americanos.

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas em 03/10/2012 - 18:03

    A Comissão da Verdade e a Lei de Acesso a Informações Públicas estão na pauta do dia: jornais, revistas, TV e internet discutem a decisão de apurar crimes contra os diretos humanos. Fizemos 3 perguntas para a historiadora e diretora da Editora FGV Marieta de Moraes Ferreira, que publicou, no recém-lançado Tempo presente & usos do passado, um artigo comentando os desafios do historiador diante da abertura dessa caixa-preta. Confira:

    1. Para o historiador, o que muda com a instituição da Comissão Nacional da Verdade e a Lei de Acesso a Informações Públicas?

    O historiador do tempo presente lida com a memória viva dos seus contemporâneos e está exposto, por conta disso, a uma pressão social e política inegável. Por exemplo: grupos que viveram eventos traumáticos (como o Holocausto, o governo de Vichy, na França, e as ditaduras na América Latina) pressionam os historiadores no sentido de referendar seu ponto de vista. Demandam uma instrumentalização social da memória ainda não arrefecida, de um passado que havia se transformado em história de forma incompleta.

    Com a divulgação inédita de documentos ultrassecretos, temas ainda não explorados vão surgir, e nada pode ser mais estimulante para um historiador. Porém, é preciso refletir criticamente sobre o envolvimento desses profissionais nessa nova empreitada. A Associação Nacional dos professores de História (Anpuh) entende que a entidade deve, sim, participar diretamente do debate, inclusive indicando alguns de seus associados para integrar a Comissão da Verdade, que vai revisitar e recontar fatos controversos ocorridos durante a ditadura. Por outro lado, outros profissionais de história enxergam um conflito – teórico, metodológico e ético – entre essa participação e o ofício do historiador, que seria colocado como uma espécie de juiz do passado.

    1. Quais são as maiores dificuldades de produzir uma história do presente?

    O período histórico em questão é definido por balizas móveis. Qual deve ser o marco inicial da história de um tempo presente? Para uns, a última grande ruptura; para outros, a época em que vivemos e de que temos lembranças, ou cujas testemunhas ainda Prisioneiros de Auschwitzsão vivas; ou ainda, para citar Hobsbawm, o tempo presente é o período durante o qual se produzem eventos que pressionam o historiador a rever a significação que ele dá ao passado. Acrescente-se ainda o fato de o historiador, nesse caso, ser também testemunho e ator de seu tempo. Ele pode, por exemplo, supervalorizar determinados eventos do presente, por não ter um certo recuo, uma distância crítica.

    Essa peculiaridade, no entanto, não é necessariamente negativa: o novo lugar do  historiador / observador / personagem pode oferecer novos pontos de vista, outras formas de considerar períodos da história, favorecendo novas abordagens. A singularidade do objeto deve nos alertar sobre a necessidade de buscar métodos específicos para temáticas específicas.

    O historiador do tempo presente lida com a memória viva dos seus contemporâneos. Grupos que viveram eventos traumáticos, como o Holocausto e as ditaduras na América Latina, pressionam os historiadores a referendar seu ponto de vista. Demandam uma instrumentalização social da memória ainda não arrefecida, de um passado que havia se transformado em história de forma incompleta"

    3. Quando o estudo da história, tradicionalmente dedicado ao passado, passou a voltar seus olhos também ao presente?

    O século 20 foi especialmente turbulento. As grandes guerras, a Revolução Soviética, as reorganizações da ordem global mudaram radicalmente a forma de compreender o tempo. Passou a haver uma demanda social crescente pelo conhecimento da história recente, e os historiadores confrontaram-se com a necessidade de refletir sobre o momento vivido e os possíveis cenários resultantes. Assim, especialmente depois da II Guerra expressões como histoire du temps présent, contemporary history e Zeitgeschichte foram incorporadas ao vocabulário do historiador.

     

     

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