A história da septuagenária Fundação Getulio Vargas se confunde com os últimos 70 anos da história do Brasil.
No fim do Estado Novo, com o apoio imprescindível de Luiz Simões Lopes, Vargas criou a Fundação Getulio Vargas. A história que se segue mostra como a instituição enfrentou percalços de todas as naturezas, mas permaneceu firme na missão patriótica que desde o início tomou para si. A FGV de hoje é uma instituição muito diferente daquela criada há 70 anos, mas conserva ainda o imperativo que a fez nascer: é preciso trabalhar pelo país, é preciso construir o Brasil que queremos — democrático, justo, incentivador da iniciativa privada, aberto ao mundo, sem preconceitos sociais ou de etnia, amigo dos seus vizinhos.
A criação de uma entidade da natureza da Fundação Getulio Vargas foi objeto de cogitações desde 1943, por parte do então presidente do Departamento Administrativo do Serviço Público. A ideia original nasceu da necessidade de sistematizar e intensificar não só a aplicação dos processos de organização racional do trabalho, mas também a formação, aperfeiçoamento e especialização de pessoal, que vinham sendo desenvolvidos nos serviços públicos e em alguns poucos setores privados, a fim de que o país pudesse acompanhar, eficientemente, o ritmo de progresso contemporâneo.
Em comemoração aos 70 de sua criação, completos em dezembro de 2014, lançamos a obra FGV: 70 anos de lutas, que apresenta ao leitor a história do Brasil, suas mudanças e evoluções através de uma pesquisa minuciosa sobre a situação política e social que antecedeu esta criação e todo desempenho nacional posterior a ela.
Confira um trecho do prólogo da obra:
"AO LONGO DOS 70 ANOS da Fundação Getulio Vargas, algumas ideias atravessaram a história dessa instituição brasileira por excelência. Criada em 1944, no fim de um período ditatorial, que havia, de diferentes modos, fortalecido a atuação do Estado, a FGV herdou a missão que vinha sendo desempenhada pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), desde 1937, de profissionalizar a administração pública. No entanto, o escopo de ações da nova instituição era consideravelmente mais ambicioso: em uma ação em conjunto entre Getúlio Vargas e Luiz Simões Lopes, a nova instituição foi criada como uma fundação, cuja atuação estava estatutariamente submetida a um Conselho Diretor independente, mas financeiramente sujeita às subvenções governamentais.
Em boa medida, a solução encontrada pretendia autonomizar a direção da FGV, esvaziando o crônico aparelhamento político que ocorria noutros órgãos da burocracia. Se o desejo era, na medida do possível, de uma organização suprapartidária, a FGV traria como marca de nascimento o ideário da geração que, ao longo dos anos 1930 e 1940, forjou à alta temperatura uma nova feição do Estado a partir de princípios nacionalistas e modernizantes.
Reunindo alguns dos mais importantes profissionais de cada geração por que passou, a FGV assumiu a função de trabalhar para e pelo país. Esse patriotismo utilitário e urgente esteve na base da criação dos diferentes órgãos, escolas, pesquisas, cursos… Por isso, foi, desde seu princípio, ponta de lança da necessidade de trazer experiências internacionais e reunir talentos de diferentes orientações políticas em prol do desenvolvimento brasileiro.
Esse empenho de profissionais talentosos dentro de uma visão institucional voltada para o progresso do país deu sentido às gerações que construíram os primeiros índices de preços, as muitas escolas, os primeiros cursos de pós-graduação… Mais importante que o pioneirismo tantas vezes constatado, nas mais diferentes áreas, foi a persistência na ideia de que as instituições são fundamentais na redefinição dos destinos do Brasil. (...)"