Gustavo Corção

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 23/10/2015 - 11:00

    A marca distintiva da trajetória e atuação de Gustavo Corção é a de “escritor engajado” do catolicismo, caracterização que remete a dois temas caros às ciências sociais: religião e função dos intelectuais.

    Um dos mais importantes nomes do laicato brasileiro, Corção, simpático ao marxismo e homem de ligações com militantes comunistas antes de sua conversão ao catolicismo, exerceu o papel de intelectual da ética de convicção católica.

    Precisamente, entre as funções clássicas dos intelectuais está a do persuasor, ou seja, aquele cuja obrigação é revelar o que está desconhecido, preservar os valores universais e organizar e conduzir a sociedade. Essa “missão do sábio” foi realizada por Corção na literatura, em palestras e aulas, nos artigos da revista A Ordem e em espaço cativo na imprensa brasileira, como nos jornais Diário de notícias e O Globo.

    Na obra O bom combate: Gustavo Corção na imprensa brasileira (1953-1976), a autora Christiane Jalles de Paula percebe Corção enquanto católico intelectual, nesta ordem, evidenciando e articulando a conjuntura política desses anos à moral católica.

    O recorte da obra é delimitado sobre as crônicas publicadas nos dois jornais cariocas, considerando o marco inicial o ano de 1953, quando Corção torna-se articulista do Diário de Notícias, jornal de expressiva circulação e público diversificado; e o marco final, o ano de 1976, quando, já em O Globo, ele teve sua pena “quebrada” pela hierarquia e foi ameaçado de excomunhão, sendo, portanto, deslegitimado perante a comunidade católica.

    O livro apresenta aspectos de visão institucional da Igreja Católica da época, reativa à modernidade, ao lado dos esforços da hierarquia para recuperar sua influência perdida; aborda a entrada de Corção nesse mundo e sua atuação conservadora, que se volta progressivamente para os perigos do comunismo anos antes do golpe de 1964; e discorre sobre a militância de Corção por uma ordem política autoritária e sua atuação como “ideólogo” do fechamento total do regime militar.

     

    Conversamos com Christiane Jalles, que respondeu a 4 perguntas nossas. Confira:

     

    Gustavo Corção pode ser considerado um formador de opinião? Qual foi sua real importância na imprensa brasileira?

    Sim, Gustavo Corção foi um dos mais influentes leigos católicos na imprensa brasileira na segunda metade do século XX. Ele foi um formador de opinião fundamental do catolicismo que reagiu ao Concílio Vaticano II e das ideias políticas conservadoras no Brasil.

    De acordo com a introdução da  obra, Corção é abordado “enquanto católico intelectual, evidenciando e articulando a conjuntura política desses anos à moral católica.” Qual foi sua principal contribuição nos campos político e social?

    Gustavo Corção contribuiu decisivamente na propagação da reação às novidades do Vaticano II e no plano político e social defendeu uma ordem social baseada em valores católicos e aristocráticos.

    Como sua luta a favor do golpe militar no Brasil pode ser atribuída à sua conversão ao Catolicismo e, ao mesmo tempo, à sua postura simpática ao Comunismo?

    A proximidade de Gustavo Corção com o comunismo foi anterior à conversão ao catolicismo. Depois de abraçar a fé católica, o comunismo passa a ser o principal inimigo de Corção. É um catolicismo anticomunista que fundamenta todas as opiniões e que lhe faculta o papel de formador de opinião.

    Qual o principal objetivo desta obra?

    O principal objetivo do livro é trazer um estudo crítico para o público das crônicas de Gustavo Corção na imprensa. Escritor engajado do catolicismo no Brasil, Gustavo Corção atuou, para o bem e para o mal, como um cruzado. Hoje, quando as radicalizações políticas voltam a dominar o cenário político este estudo nos permite iluminar as consequências possíveis de tal radicalismo.

     

    O lançamento será dia 3 de novembro, às 19h, na Blooks Livraria. Todos convidados!

     

     

    O bom combate: Gustavo Corção na imprensa brasileira (1953-1976)

    Autora: Christiane Jalles de Paula

    Impresso: R$35

    Ebook: R$25

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