Será que realmente é fácil 'Ser feliz hoje'?
Do sucesso nos negócios ao êxito amoroso, não existe nenhum domínio da existência que não possa ser maximizado e posto ao alcance dos leitores por meio de princípios, estratégias e técnicas de fácil assimilação apresentados freneticamente nos inúmeros manuais de autoajuda espalhados e consumidos no mercado.
Nesta coletânea organizada por João Freire Filho, que parte de diversos pontos de vista e formas de abordagem (da filosofia à psicanálise e aos estudos de comunicação), podemos ter acesso a um interessante e abrangente panorama do tema da felicidade na cultura contemporânea, já que ser feliz (de acordo com critérios midiaticamente estabelecidos) é uma obrigação para a qual todos devemos nos preparar.
Confira um trecho da introdução:
Hoje em dia, os ícones, os slogans e os mantras da positividade e do poder do alto-astral se espraiam por cada recanto do mundo on-line e off-line. “Abra a felicidade”, incentiva a mais recente campanha publicitária da Coca-Cola, empenhada em levar os consumidores a compartilharem de sua “visão positiva da vida”. Como um espectro obsessivo, Happy Face — célebre carinha esférica amarela — nos persegue sem trégua, atiçando-nos a emular o seu sorriso rasgado. A representação estilizada do Homo felix contemporâneo fulgura em amigáveis mensagens virtuais e assedia-nos, com impetuosidade, na entrada de lojas e de condomínios monitorados tecnologicamente (Sorria, você está sendo filmado!, uma exortação passível de múltiplas interpretações: a) só quem possui algo a esconder — em outras palavras, não é transparente — pode revelar uma “atitude negativa” perante a vigilância ubíqua; b) devemos ser ostensivamente gratos por toda forma de reconhecimento e registro da nossa existência; c) a tristeza anda sob suspeita, não é de bom-tom ser flagrado, em locais públicos, com o semblante abatido ou com um ar descontente...). Em perfeita sintonia com o ethos do nosso tempo, a propaganda do tênis Penalty apostou no slogan psicologista: “Correr com ele é uma ótima terapia: o estilo eleva a autoestima e o silicon diminui a pressão”. Ortopé, concorrente mirim, propôs à gurizada que assumisse a data de 9 de setembro como o Dia da Felicidade; a mensagem comercial endereçada aos pais recomendava, por sua vez, um resgate da criança interior. Acampanha promocional do sabão em pó Omo seguiu a mesma fórmula, numa mistura diluída de Rousseau, romantismo, psicologia humanista, terapias alternativas e pós-feminismo.
Ser feliz hoje: reflexões sobre o imperativo da felicidade
João Freire Filho
Promoção Meio a Meio | R$22,5 (impresso) e R$16 (eBook)
Válida apenas em 19/9/2013
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