biografia

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 16/11/2015 - 13:00

    Também denominada República Oligárquica, República do Café com Leite e República dos Coronéis, a Primeira República, iniciada com o golpe que pôs fim à Monarquia em 15 de novembro de 1889, e que durou até 1930, é vista até hoje sob um prisma negativo. Contudo, novos estudos propiciaram uma revisão da atuação das oligarquias regionais, indicando que seu sistema oligárquico era mais complexo do que até então se tinha apontado.

    Coordenado pela pesquisadora Alzira Alves de Abreu e publicado pela Editora FGV, o Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889 - 1930) mostra que este foi um período de enorme riqueza de ideias, de grande criatividade organizacional e cultural e de ampla estabilidade institucional, em que as eleições legislativas e presidenciais ocorreram sem interrupção e sem haver deposição de presidentes.

    A industrialização, a formação da classe operária brasileira, a criação de partidos políticos e organizações sindicais, com suas reivindicações trabalhistas, também tiveram seu início durante o período, que ainda consolidou juridicamente os limites territoriais do Brasil e fortaleceu o jornalismo, através de revistas dedicadas à crítica satírica dos costumes e da política.

    O Dicionário reúne as biografias de todos os personagens que se destacaram durante a Primeira República, desde seus presidentes, vice-presidentes e demais políticos, até chefes de revoltas e rebeliões, líderes de movimentos políticos e sociais, jornalistas, lideranças operárias, intelectuais e empresariais; registra os mais importantes acontecimentos do período, como constituições, partidos políticos, revoltas, movimentos políticos e sociais, veículos de imprensa; e ainda apresenta um grande número de charges e caricaturas da época.

    Conversamos com a professora Alzira, finalista do Prêmio Jabuti 2015 pelo Dicionário da Política Republicana do Rio de Janeiro - outra obra de grande destaque sobre a história do Brasil, que respondeu a três perguntas nossas. Confira:

    1. Neste 15 de novembro comemoramos 126 anos da Proclamação da República - data que marca o início da Primeira República. Qual o principal destaque na elaboração do Dicionário com relação aos estudos anteriores sobre os personagens e eventos deste período?

    Esse é o primeiro dicionário (que eu saiba) sobre a Primeira República. Ele reúne todos os personagens políticos que atuaram no período. Reúne também todos os partidos políticos, instituições políticas, econômicas e sociais. Não conheço  nenhum livro  onde se encontre reunido todos esse material;

    2. O Dicionário da Primeira República reúne quase dois mil e duzentos verbetes, entre biografias e acontecimentos do período. Quais foram os critérios para a elaboração dos textos?

    Para a elaboração dos textos procuramos manter a isenção exigida para todo o trabalho histórico. Pesquisamos a bibliografia existente, arquivos públicos e privados, jornais e revistas do período;

    3. Passados 85 anos da Revolução de 1930, evento que marca o fim da Primeira República, qual o principal objetivo da publicação de uma obra deste porte?

    O objetivo é colocar à disposição de todos os estudiosos (pesquisadores, professores de história e ciências sociais, alunos) e todos os  interessados na nossa história, dados e informações sobre esse período que se encontram dispersos em várias obras.

     


    Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930)

    Alzira Alves de Abreu

    Apenas em ebook

     

    Disponível também nas lojas: iBooks Store | Apple, Kindle | Amazon, Google Play e Kobo

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas, Eventos em 14/10/2014 - 10:38

    Rubem César Fernandes nasceu em uma família protestante de Niterói (RJ) em 25 de maio de 1943. Cursou história na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi exilado após o Golpe Militar de 1964. Na Polônia, cursou o mestrado pela Universidade de Varsóvia e participou do movimento político “Solidariedade”. Perseguido na Polônia em seguida aos eventos de março de 1968, foi para os Estados Unidos e doutorou-se pela Universidade de Columbia. Foi professor visitante na Universidade de Columbia (Nova York) e na Maison des Sciences de l’Homme (Paris). De volta ao Brasil, atuou como professor de antropologia na Universidade de Campinas (Unicamp), no Museu Nacional da UFRJ e em outras universidades brasileiras. Foi secretário executivo do Instituto de Estudos da Religião (Iser). Atualmente é diretor executivo do Viva Rio no Brasil e no Haiti. É autor de vários livros e artigos. É pai de três filhos.

    Neste breve currículo, o leitor pode perceber que a biografia do professor Rubem César será uma viagem.

    Saindo de Niterói, sua cidade natal, ele passa pelo Rio, por Varsóvia, por Nova York, por Campinas, retorna ao Rio e parte para Porto Príncipe no Haiti. Ao fazer isso, nosso ator vai se deslocando no espaço, no tempo e na hierarquia social até chegar ao que é hoje: conhecido como um homem do Viva Rio e reconhecido como um dos mais importantes atores/empresários de movimentos e causas sociais.

    Os depoimentos registrados pelas professoras Lucia Lippi Oliveira e Dulce Pandolfi, ambas do CPDOC, narram experiências resultantes da interação entre entrevistadoras e entrevistado.

    Na saída do Rio em direção à Varsóvia, nos anos de 1960, e nos dias de hoje, já estabelecido no Rio - registros contextualizados nos respectivos capítulos da obra - duas indagações das professoras ao biografado podem dar uma dimensão da história que publicamos. Confira:

    Seu trem era em direção a Viena ou Paris?
    Em direção a Paris, passando por Berlim. Só fui sair da cabine lá na frente, em terras “ocidentais”. Atravessei a Polônia, a Alemanha Oriental, depois Berlim Ocidental, depois Alemanha Oriental de novo, depois Alemanha Ocidental, e aí você está na liberdade. Passei uma noite inteira trancado na cabine. Então foi assim que saí da Polônia, a troco de uma garrafa de vodca. Uma pequena corrupção socialista.

    Como você vê o cenário de hoje quando as ONGs brasileiras tradicionais, importantes, estão com dificuldade de obter financiamentos?
    Eu acho que mudou o cenário e que, se você não mudar junto com ele, você morre. É um jogo cruel, darwiniano. Onde vejo que há campo de renovação e de continuidade? Há vários. Vou mencionar apenas o que o Viva Rio tem feito. São dois movimentos, um interno, outro externo.
    Em primeiro lugar, evoluímos de uma organização que defende causas sociais para uma prestadora de serviços. Não esquecemos as causas, é evidente. São elas que formam a nossa identidade, com ideias como a da integração da cidade, da inclusão social pela cidadania e a educação, da superação da violência pela via de uma política de segurança democrática, da formação de uma cultura de paz. Em nosso início, quando perguntavam... “O que faz o Viva Rio?”, respondíamos numa expressão breve: “O Viva Rio faz paz!”.
    A resposta é ainda válida. Os valores são os mesmos, mas o desafio do momento é fazer acontecer, ir além do anúncio dos princípios ou das denúncias, e contribuir positivamente para que as mudanças aconteçam. O contexto mudou, e nós mudamos com ele, sem perder o conteúdo da marca. A missão, os valores e as competências acumuladas nos permitem prestar serviços diferenciados justamente naqueles ambientes mais difíceis, onde prevalecem ainda a pobreza, a discriminação e a violência. No estado do Rio de Janeiro, trabalhamos em mais de 50 municípios, e na cidade do Rio gerenciamos programas que alcançam diretamente mais de 1 milhão de moradores de favela cadastrados. Crescemos,  sobretudo, no campo da saúde pública, com a Saúde da Família, as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), os programas de Saúde Mental e a assistência a moradores de rua dependentes de drogas. Crescemos também com a educação para o mercado de trabalho, com o “Jovem Aprendiz”, e nas parcerias com as forças de segurança pela pacificação de comunidades conflagradas. Com tudo isso, o Viva Rio tem hoje mais de 6 mil funcionários com carteira assinada. A missão segue viva e atual, mas as atividades, os resultados e os meios transformaram-se profundamente. Os desafios da gestão, da logística e da transparência ganharam dimensões que de início sequer imaginávamos. Somos avaliados agora não apenas pela pregnância de nossas intenções, mas pelos resultados produzidos, seu impacto e sua qualidade. Perdemos, em consequência, uma boa parte daquela liberdade dos inícios voluntários e não governamentais. Funcionamos hoje pela obrigação dos contratos e somos responsáveis pela execução de orçamentos importantes. O espírito voluntário continua sendo vital, marca identitária, mas a eficiência dos processos e a qualidade dos produtos, em ambientes particularmente difíceis, como sempre, é o que nos gratifica ou condena. Compartilhamos a gestão de políticas públicas, junto a prefeituras e a governos estaduais. Guardamos a independência no pensamento e na gestão, mas nos aproximamos dos gestores públicos. (...)

    O livro Fora de ordem: viagens de Rubem Cesár traz as experiências e relatos "sobre vida e a extraordinária obra de um grande e raro cidadão brasileiro", nas palavras do cineasta Zelito Viana, que assina a orelha da obra.

    O lançamento será no dia 16 de outubro, na Blooks Livraria | Rio. Todos convidados!

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    Fora de ordem: viagens de Rubem César

    Org: Lucia Lippi Oliveira e Dulce Padolfi

    Impresso | R$52

     

    Arquivos:
  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas, Eventos em 18/03/2014 - 13:08

    Por meio de novas abordagens, relativamente recentes, e não apenas no Brasil, os arquivos pessoais ganham cada vez mais importância no campo da própria arquivologia e também no das pesquisas em áreas do conhecimento como história, literatura, sociologia e antropologia.

    Tratado até pouco tempo como um “não lugar”, na medida em que para muitos arquivistas e pesquisadores os arquivos pessoais simplesmente não eram arquivos, esse tema ganha um novo status e passa a ter importância estratégica nos diversos campos das ciências sociais.

    Numa reunião de textos organizados pelas professoras Isabel Travancas, Joëlle Rouchou e Luciana Heymann, Arquivos pessoais: reflexões multidisciplinares e experiências de pesquisa demonstra como, "a partir da pesquisa em um arquivo pessoal específico, é possível fazer achados de diversos tipos, bem como ter acesso privilegiado às diferentes estratégias de colecionar e registrar “vidas”, evidenciando não só por que os titulares “guardam” documentos, mas que práticas utilizam para fazê-lo".

    Com o lançamento marcado para amanhã, dia 19 de março, as organizadoras da obra responderam a 3 perguntas nossas. Confira:

     

    1.      Quais são as principais contribuições dos textos apresentados para a disseminação de novas informações sobre personagens e épocas acessíveis através de arquivos pessoais?

    Uma das contribuições mais importantes deste livro é jogar luz num campo antigo da área de história – as trajetórias de vida - que vem ganhando mais relevo pelo fato de não ser mais apenas um terreno de historiadores. Outro aspecto importante é a reflexão inovadora sobre esses artefatos presente em vários artigos. Trata-se de um conjunto de textos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que trabalham com arquivos pessoais muito diversos - de artistas, de políticos, de escritores, de jornalistas, de anônimos, de historiadores e antropólogos - e em suportes distintos, não só o papel como também o arquivo digital. Eles ajudam a compreender contextos e personagens a partir dos conjuntos documentais que acumularam, mas também de "migalhas", anotações à margem, critérios de ordenamento dos papéis etc..

    2.      Qual a principal importância para a história e demais campos das ciências sociais do acesso aos arquivos pessoais?

    Os arquivos pessoais são uma fonte preciosa de conhecimento de épocas, episódios e pessoas para muitas áreas.  Eles são em geral resultado de uma vida e ajudam a entender seu "titular".  Sejam seus diários ou cartas, suas anotações nos livros ou seus documentos e obras. Para os historiadores, em especial, é um campo rico e delicado uma vez que envolve trajetórias pessoais, redes de sociabilidade, projetos, subjetividades e contradições.

    3.      Em tempos de grandes discussões sobre biografias , como vem sendo encarado o acesso aos documentos de arquivos pessoais e às publicações neles baseadas?

    Os arquivos pessoais em geral são vendidos ou doados por seu titular ou herdeiros para instituições de guarda, como arquivos, bibliotecas, museus e centros culturais. Muitas vezes, eles são o ponto de partida para a criação de uma instituição. Portanto eles já chegam às instituições tendo sido avaliados por seus proprietários e autorizada sua consulta..  As biografias se constroem a partir de muitos elementos: entrevistas, pesquisa em periódicos, em arquivos diversos e em arquivos pessoais. Estes são um elemento na teia de registros sobre o e do biografado. É evidente que o titular e sua família têm direito sobre ele e de fazer o uso que desejarem. Por outro lado, é legítimo que pesquisadores e biógrafos queiram ter acesso aos arquivos de personalidades para construir suas trajetórias e apresentá-las um público mais amplo.

     

                        O lançamento é nesta quinta, na Livraria da Travessa. Todos convidados!

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    Arquivos pessoais: reflexões multidisciplinares e experiências de pesquisa

    Editora FGV

    Isabel Travancas, Joëlle Rouchou e Luciana Heymann

    R$45

     

     

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