O turismo, uma prática social que se consolida com a modernidade, é apontado como um dos fenômenos mais importantes de nosso tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações — desfrutar momentos de prazer, realizar negócios, cuidar da saúde ou participar de eventos num lugar distante do habitual.
Trata-se de um fenômeno histórico complexo que causa impactos na economia, no planejamento e na gestão de localidades, nas condições de mobilidade, nas políticas de preservação ambiental, nas relações de hospitalidade e alteridade.
A Editora FGV lança o livro História do turismo no Brasil e apresenta, em 15 trabalhos, diversas pesquisas sobre essa história, ilustradas por imagens publicitárias e fotografias de época, com textos que indicam a constituição e os usos turísticos dos destinos e dos atrativos, as políticas públicas de turismo, as formas de operação turística e de publicidade como resultados de processos que apresentam as tensões e contradições da sociedade brasileira e do contexto internacional em diferentes momentos de sua história recente.
Fizemos 3 perguntas a Professor Celso Castro, organizador e coautor desta obra. Confira:
1. É possível definir um momento que sinalize o início da história do turismo no Brasil?
Não é tarefa simples, pois depende do que consideramos como sendo "turismo". As definições variam muito. É óbvio que tivemos viajantes que vieram ao Brasil a passeio desde muito cedo, porém considero que o turismo como atividade comercial organizada - isto é, com guias profissionais, hotéis de lazer, agências de viagem, organizações públicas etc. - surge no início do século XX. O livro conta uma boa parte dessa história.
2. Qual a importância do turismo como prática social num país como o Brasil?
O turismo internacional para o Brasil nunca foi muito significativo em termos quantitativos, apesar de ter aumentado consistentemente nos últimos anos. A autorrepresentação nacional, no entanto, como a de um país belo e "naturalmente" vocacionado para o turismo sempre foi mais forte. Há que se considerar também o turismo interno, que tem aumentado muito, principalmente com o maior acesso a passagens aéreas e a emergência do que se convencionou chamar de "nova classe média".
3. Recentemente, notícias sobre ocorrências envolvendo turistas em nosso país (principalmente na cidade do Rio, com explosão de bueiros e casos de estupro) e sobre a onda de manifestações dos últimos meses correram o mundo. Como o senhor analisa a interferência desses acontecimentos na recente história do turismo no Brasil?
Qualquer evento negativo que apareça na mídia internacional tem um efeito imediato em relação à vinda de turistas estrangeiros - alguns cancelam ou adiam seus planos de viagem. Geralmente é um efeito transitório, mas que pode persistir caso as notícias sejam recorrentes. No caso do Brasil, a imagem externa é predominantemente positiva em termos de destinação turística, ao contrário de países como o Egito, por exemplo, por causa de atentados contra turistas. O maior problema no caso do Brasil é a distância e o custo, que são maiores quando comparados a outros destinos.
O livro 'História do turismo no Brasil' será lançado amanhã, dia 28 de agosto, às 18h30, na Livraria FGV.
Organizadores: Celso Castro, Valeria Lima Guimarães e Aline Montenegro Magalhães
R$52,00
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