O livro 'O Bolsa Família e a social-democracia', da jornalista Débora Thomé, foi lançado na XXI Feira Internacional do Livro Universitário da Universidade Veracruzana, na cidade de Xalapa, no México.
Durante sua estada na cidade, que aconteceu entre os dias 12 e 14 de maio, Thomé participou de uma palestra para pós-graduandos do Colégio Veracruzano e se encontrou com políticos da região para debates sobre as diferenças e semelhanças entre o Bolsa Família e os programas de distribuição de renda do México.
As comparações entre as políticas dos dois países são quase inevitáveis e, neste encontro, a autora pôde ter acesso e analisar de maneira mais prática, com depoimentos de quem vive a rotina política mexicana, as realidades que, ao mesmo tempo, aproximam e afastam os dois países.
Confira essas impressões da autora num comentário feito para o nosso blog:
"Brasil e México são dois países que caminharam sempre em linhas paralelas, com, verdade seja dita, alguma concorrência. Suas similitudes (grandes territorialmente, populosos, latino americanos, com índices de pobreza relevantes) fez com que, muitas vezes, optassem por políticas semelhantes em tempos parecidos, fosse no campo econômico ou social.
Assim também aconteceu com os programas de transferência condicionada. Antes de o Brasil desenvolver o Bolsa Família ou, mesmo pré Bolsa Escola, o México começou a aplicar programas de transferência condicionada. O primeiro, o Solidariedad, foi seguido pelo Progresa e, finalmente, pelo Oportunidades. Apesar das diversas semelhanças com o programa brasileiro, o mexicano não apresentou tão bons resultados. Assim, com a volta do PRI ao governo, o partido agora tenta aprender com o Brasil lições que lhes possam ser úteis nas políticas de combate à pobreza.
O livro "O Bolsa Família e a social-democracia", publicado pela Coleção FGV de Bolso, teve sua origem numa dissertação de mestrado que, por sua vez, tinha como objetivo inicial comparar Brasil e México. O intuito não foi adiante, mas os laços com o país fizeram com que, em maio, o livro fosse apresentado em Xalapa, capital de Veracruz, o terceiro maior estado mexicano. A cidade abrigou a Feira Internacional de Editoras Universitárias, e o livro foi apresentado no Colégio Veracruzano, uma instituição de pós-graduação de política e relações internacionais. A pergunta que a maior parte das pessoas - entre acadêmicos, jornalistas e políticos - queria ver respondida era: afinal, o que o Brasil fez de diferente para conseguir tão bons resultados em termos de redução da pobreza e desigualdade?
Os dois programas são realmente bem parecidos, mas alguns aspectos que os separam são claros: para começar o valor máximo e médio do benefício, que é muito maior no Brasil. Para continuar, lá existem mais lacunas de institucionalidade: enquanto aqui todas as etapas são profissionalizadas - ou assim se tentar fazer -, o uso de voluntárias, premiadas com eletrodomésticos, é amplamente incentivado no México, estando previsto em orçamento. O mau uso da verba pelos beneficiários, o que pressupõe uma fiscalização custosa e quase artesanal, também ainda é um ponto central da discussão quando, no Brasil, esse tema já é menos relevante do ponto de vista dos responsáveis pela política pública.
Os dois países têm muito a aprender e trocar para o aperfeiçoamento das políticas em suas trajetórias análogas. Como nem sempre é possível atravessar o continente, o livro acaba sendo uma boa forma de mandar informação de um lado a outro."
O Bolsa Família e a social-democracia
Débora Thomé
Coleção FGV de Bolso | Série Sociedade & Cultura