Entrevistas

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Opinião em 14/12/2015 - 11:01

    Educação financeira é coisa séria, mas também pode ser divertida.

    Aprender a lidar com dinheiro de maneira consciente, responsável e criativa é o tema de Dinho e suas finanças, primeiro livro que dedicamos ao público infanto-juvenil.

    A história de Dinho, um menino que ganha um presente especial no seu 12º aniversário, é contada de forma lúdica e começa com o personagem seguindo algumas pistas espalhadas pela casa, numa espécie de caça ao tesouro, até descobrir o que iria ganhar do avô.

    Dinho recebe uma quantia em dinheiro para que arque com algumas de suas despesas mensais, sobrando alguma coisa para uso pessoal. O presente será repetido mensalmente, mas o avô pede que o neto controle seus gastos de acordo com as receitas, adotando uma postura de responsabilidade financeira.

    O livro conta, de maneira construtiva e consciente, as aventuras de Dinho e seus esforços para controlar suas finanças ao longo de um ano e a partir daí.

    David F. Hastings, autor do livro e professor da FGV/EAESP, comentou sobre a importância e a intenção da obra. Confira:

    "Para os que, como eu, nasceram no século 20 (no meu caso particular, na primeira metade do século), às vezes é espantosa a facilidade com que os jovens, nascidos já no século 21, entendem intuitivamente o funcionamento das coisas. Mas isso não nos livra da obrigação (e do prazer) de oferecer orientações para ajudá-los a organizar seus entendimentos. Se pudermos contribuir para a boa formação dos jovens (na área de finanças e em todas as outras), talvez possamos reduzir o nível de incompetência com que as coisas vem sendo tocadas."

    A abordagem da obra segue a vertente do Programa de Educação Financeira nas Escolas - projeto pedagógico estruturado para contribuir com as principais questões da escola na atualidade, criando o pensamento em educação financeira desde os anos iniciais do ensino fundamental.

     

     

    Dinho e suas finanças

    David F. Hastings

    Impresso: R$20

    Ebook | Em breve

    Arquivos:
  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 01/12/2015 - 13:43

    Helenice Aparecida Bastos Rocha, Marcelo de Souza Magalhães e Rebeca Gontijo se reuniram novamente para colocar O ensino de história em questão.

    A nova obra, que traz o subtítulo 'cultura histórica, usos do passado', é uma coletânea de artigos de diversos historiadores que buscam uma possibilidade de articulação entre os estudos sobre ensino escolar de história e aqueles que focalizam a cultura histórica ou as possibilidades de produzir, ensinar e aprender história para além do espaço escolar.

    A primeira parte do livro reúne um conjunto de reflexões sobre as noções de cultura histórica, consciência histórica, educação histórica e linguagens. Tais noções estão presentes nos mais variados estudos que se dedicam a pensar o ensino escolar de história hoje, configurando vertentes interpretativas de acordo com a concepção de cada autor sobre o conceito utilizado.
    A segunda, abriga estudos sobre ensino e aprendizagem da história em diferentes momentos e lugares. Da universidade à escola, passando pelos problemas que envolvem a formação do historiador e do professor de história, incluindo o contato dos estudantes universitários com o ambiente escolar e sua cultura própria e, também, com a pesquisa histórica. Desenvolvendo saberes e sensibilidades, os estudantes de história, nos diferentes níveis, aprendem a pensar historicamente e a lidar com os vestígios do passado, construindo a história escrita e ensinada.
    E, por fim, a terceira parte inclui algumas reflexões sobre a história no espaço escolar e além dele. Do rádio à banca de jornais, passando pelas escolas, as narrativas históricas assumem formatos diversos visando atingir públicos e objetivos diferenciados, e construindo sentidos para o passado.

    Conversamos com a professora Helenice Rocha sobre esta obra, e ela respondeu 3 perguntinhas para nosso blog. Confira:

    1.       Quais os principais desafios do ensino de história nos dias de hoje?

    São muitos, alguns deles, contemplados na discussão do livro, são a concepção de formação histórica dos alunos na escola e dos professores nas licenciaturas, as ideias sobre como ocorrem e podem ocorrer essas formações, na escola e fora dela, através das mídias, hoje e no passado.

    2.       De acordo com a apresentação da obra “é possível compreender a cultura histórica como a relação que uma sociedade mantém com seu passado.” Diante desta observação, qual a importância dos ‘usos do passado’ no desenvolvimento da nossa sociedade?

    A partir de reflexões sobre as diferentes expressões da história e do passado, hoje sabemos que o passado é mobilizado, evocado e usado para diferentes fins, além do escolar e do acadêmico. Especialmente os meios de comunicação social usam o passado como argumento para o que noticiam, mesmo quando não falam diretamente da história. Assim, tomar conhecimento dessas mobilizações possibilita um olhar crítico sobre a construção social da de narrativas sobre a sociedade a que temos acesso através da televisão, do rádio e do jornal, por exemplo.

     3.       Qual o principal objetivo desta obra?

    Este livro pretende apresentar ao público interessado no ensino de História o resultado de um ciclo que se iniciou em 2011, quando passamos a convidar pesquisadores de destaque, representantes de pensamentos diversos sobre o ensino de História como um dos usos possíveis do passado. Visou-se propiciar debates entre eles e os pesquisadores do grupo Oficinas de História, abertos ao público em geral. Tanto as contribuições dos convidados quanto parte das contribuições dos componentes do grupo constituíram os capítulos do livro.

     

    O livro será lançado na Livraria Prefácio, no próximo dia 8 de dezembro, às 19h.

    Esperamos por todos.

     

     

     

    O ensino de história em questão: cultura histórica e usos do passado

    Organizadores: Helenice Aparecida Bastos Rocha, Marcelo de Souza Magalhães e Rebeca Gontijo

    Impresso: R$47

    Ebook: 33

     

    Arquivos:
  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 16/11/2015 - 13:00

    Também denominada República Oligárquica, República do Café com Leite e República dos Coronéis, a Primeira República, iniciada com o golpe que pôs fim à Monarquia em 15 de novembro de 1889, e que durou até 1930, é vista até hoje sob um prisma negativo. Contudo, novos estudos propiciaram uma revisão da atuação das oligarquias regionais, indicando que seu sistema oligárquico era mais complexo do que até então se tinha apontado.

    Coordenado pela pesquisadora Alzira Alves de Abreu e publicado pela Editora FGV, o Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889 - 1930) mostra que este foi um período de enorme riqueza de ideias, de grande criatividade organizacional e cultural e de ampla estabilidade institucional, em que as eleições legislativas e presidenciais ocorreram sem interrupção e sem haver deposição de presidentes.

    A industrialização, a formação da classe operária brasileira, a criação de partidos políticos e organizações sindicais, com suas reivindicações trabalhistas, também tiveram seu início durante o período, que ainda consolidou juridicamente os limites territoriais do Brasil e fortaleceu o jornalismo, através de revistas dedicadas à crítica satírica dos costumes e da política.

    O Dicionário reúne as biografias de todos os personagens que se destacaram durante a Primeira República, desde seus presidentes, vice-presidentes e demais políticos, até chefes de revoltas e rebeliões, líderes de movimentos políticos e sociais, jornalistas, lideranças operárias, intelectuais e empresariais; registra os mais importantes acontecimentos do período, como constituições, partidos políticos, revoltas, movimentos políticos e sociais, veículos de imprensa; e ainda apresenta um grande número de charges e caricaturas da época.

    Conversamos com a professora Alzira, finalista do Prêmio Jabuti 2015 pelo Dicionário da Política Republicana do Rio de Janeiro - outra obra de grande destaque sobre a história do Brasil, que respondeu a três perguntas nossas. Confira:

    1. Neste 15 de novembro comemoramos 126 anos da Proclamação da República - data que marca o início da Primeira República. Qual o principal destaque na elaboração do Dicionário com relação aos estudos anteriores sobre os personagens e eventos deste período?

    Esse é o primeiro dicionário (que eu saiba) sobre a Primeira República. Ele reúne todos os personagens políticos que atuaram no período. Reúne também todos os partidos políticos, instituições políticas, econômicas e sociais. Não conheço  nenhum livro  onde se encontre reunido todos esse material;

    2. O Dicionário da Primeira República reúne quase dois mil e duzentos verbetes, entre biografias e acontecimentos do período. Quais foram os critérios para a elaboração dos textos?

    Para a elaboração dos textos procuramos manter a isenção exigida para todo o trabalho histórico. Pesquisamos a bibliografia existente, arquivos públicos e privados, jornais e revistas do período;

    3. Passados 85 anos da Revolução de 1930, evento que marca o fim da Primeira República, qual o principal objetivo da publicação de uma obra deste porte?

    O objetivo é colocar à disposição de todos os estudiosos (pesquisadores, professores de história e ciências sociais, alunos) e todos os  interessados na nossa história, dados e informações sobre esse período que se encontram dispersos em várias obras.

     


    Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930)

    Alzira Alves de Abreu

    Apenas em ebook

     

    Disponível também nas lojas: iBooks Store | Apple, Kindle | Amazon, Google Play e Kobo

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas em 30/10/2015 - 09:16

    Após cinco presidentes militares, o fim da ditadura trouxe um novo presidente civil à frente do governo do Brasil.

    A instalação da Assembleia Constituinte, em 1987, foi o primeiro passo para o país de desvincular do autoritarismo vigente até então e a promulgação da nova Carta, em 5 de outubro de 1988, afirma a conquista de direitos até então inexistentes na sociedade brasileira.

    Bernardo Cabral, um dos atores fundamentais da ordem democrática de 1988 — revela fatos desconhecidos e surpreendentes sobre a resistência à ditadura militar, o papel da OAB na sociedade civil emergente, o processo constituinte, a experiência do governo Collor e as reformas constitucionais, na obra Bernardo Cabral - um jurista-político.

    Composto por depoimento do ex-senador ao cientista político Júlio Aurélio Vianna Lopes, o livro republica, ainda, texto editado pela própria Assembleia Constituinte de 1987-88 no qual, conforme a longa tradição dos juristas-políticos no país, constam as várias polêmicas institucionais sobre o advento da atual Magna Carta.

    Conversamos com o próprio Excelentíssimo Senhor Bernardo Cabral que, muito gentilmente, respondeu a três perguntas para o nosso blog. Confira:

     

    1) Quais foram as principais diferenças nos processos de elaboração da Constituição de 1988, da qual o senhor foi relator, com relação à Carta de 1946?

    A primeira diferença não só em relação à Carta de 1946, mas em todas as oriundas de Assembleias Constituintes, é não ter sido a de 1988 baseada em Esboço prévio. Além dessa circunstância, um fato inédito: - as Emendas Populares, com mais de 1 milhão de assinaturas, das quais 83 tiveram as suas propostas admitidas. Cito apenas algumas, a título exemplificativo e não exaustivo: Juizado de Instrução; Sistema Único de Saúde; Direito dos Consumidores; Direito dos Idosos; Iniciativa popular das leis e Aposentadoria das Donas de Casa.

    Ademais – como simples referência histórica – a Relatoria Geral foi exercitada com a colaboração de um advogado militante e de sua recente presidência na Ordem dos Advogados do Brasil (Gestão 1981/1983).

     

    2) Quais as conquistas mais importantes e as perdas mais significativas para a sociedade brasileira no texto final da constituinte?

    As conquistas são muitas e da maior importância. Cito algumas para comprovar que a Carta de 1988 soterrou a época do obscurantismo e firmou os seguintes comandos constitucionais: a expressa consagração do respeito aos direitos humanos como princípio fundamental; o alargamento das garantias fundamentais, com ênfase para o “habeas data”; o mandato de injunção; a garantia do devido processo legal, etc.; os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, conferido às Comissões Parlamentares de Inquérito; o capítulo absolutamente inovador e exemplar da ciência e tecnologia; o combate sem trégua à corrupção, através do fortalecimento do Ministério Público; a liberdade de expressão; a liberdade de comunicação; o acesso à informação; o sigilo da fonte; o fim da censura.

    As perdas mais significativas, a meu juízo, foram as seguintes:

    a)     um instrumento mais eficaz na desapropriação para fins de reforma agrária, porque a sua disciplinação, a nível constitucional – contrariando o que defendiam o Relator Geral e os Relatores Adjuntos – representou um retrocesso em face do que dispunha o Estatuto da Terra, aprovado no decorrer dos chamados governos autoritários.

    b)    não se conseguiu aprovar a reforma do sistema eleitoral, com vista ao seu aperfeiçoamento, seja pela adoção do voto distrital misto, seja pelo financiamento público dos institutos da fidelidade partidária e do domicílio eleitoral, tudo em busca de maior autenticidade e maior legitimidade para a representação partidária.

    c)     a opção pelo sistema presidencialista de governo ao derrotar no Plenário o sistema parlamentarista aprovado na Comissão de Sistematização. E esse erro histórico foi cometido pela vaidade de uns, pela falta de perspectiva de outros e pela ambição de muitos, acabando por ser confirmada na Revisão Constitucional de 1993. Isso porque, apesar das minhas advertências, os defensores do presidencialismo mantiveram o Instituto da Medida Provisória, que só pode coexistir com o parlamentarismo. E o resultado funesto foi a transformação do Presidente da República no papel de usurpador das funções do Congresso Nacional.

     

    3)  Passados 27 anos, celebrados neste outubro de 2015, a nossa Carta Magna ainda é eficaz e conveniente para a realidade atual do Brasil?

    Sim, porque os direitos e garantias individuais têm sido cumpridos e, sem ela, o Brasil não estaria hoje respirando o ar saudável das liberdades públicas e civis, enfim restauradas, já que a longa era do autoritarismo e a e a prolongada fase de transição que lhe sucederam, cederam lugar ao selo que as qualifica como etapas históricas superadas para a formação de nossa sociedade. Vale ressaltar: nestes 27 anos, celebrados no começo deste outubro de 2015, a nossa Carta Magna comprovou que está soterrada a época do obscurantismo e firmada a liberdade de expressão, a liberdade de comunicação, o acesso à informação, o sigilo da fonte, o fim da censura, dentre tantos mandamentos constitucionais do mais alto valor significativo, conforme mencionados na resposta à 2ª pergunta.

     


    Bernardo Cabral, um jurista-político

    Depoimentos concedidos ao pesquisar Júlio Aurélio Vianna Lopes

     

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas em 22/07/2015 - 12:53

    Maquiavel é um dos autores mais lidos e citados por pensadores e por políticos do Ocidente, em geral associado a atributos que continuam a gerar escândalo e a alimentar a hipocrisia, com a legitimação do recurso a quaisquer meios que sejam eficazes para a realização de fins desejados. Daí, a associação do maquiavelismo à sumária frase “os fins justificam os meios”, como resumo da doutrina de Maquiavel - expressão que, de acordo com os organizadores, nunca foi usada por ele, mas lhe é amplamente associada na linguagem comum.

    Maquiavel no Brasil, obra organizada pelos professores Rodrigo Bentes Monteiro e Sandra Bagno, trata dos percursos da obra deste florentino, desde os primeiros movimentos da colonização no século XVI até os dias de hoje.

    Assista à série de 4 vídeos produzidos pela Companhia das Índias (UFF) sobre a obra, com os professores Rodrigo Bentes Monteiro, Gustavo Kelly de Almeida, Angela de Castro Gomes e Arthur Weststeijn.

    Em seguida, confira a apresentação do livro.

     

    Vídeo #1 | Memórias da revolta | Rodrigo Bentes Monteiro

    Vídeo #2 | Do paço ao castelo | Gustavo Kelly de Almeida

    Vídeo #3 | Vargas e Maquiavel | Angela de Castro Gomes

    Vídeo #4 | Nassau e Maquiavel - Arthur Weststeijn

     

     

    "Mesmo sendo um dos autores mais acometidos na história ocidental por diferentes formas de censura, desde o Quinhentos o florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527) tornou-se uma referência imprescindível. Seu O príncipe mudaria a maneira de encarar o que os gregos antigos chamavam de ?? ????????, ou seja, as questões ligadas à política. Entre várias interpretações, ele seria reconhecido como o fundador da ciência política moderna, com suas obras revelando-se mina ainda hoje inesgotável de reflexões e debates. Como poucos escritos na história do Ocidente, O príncipe, junto a livros como os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio e Da arte da guerra, alimentou ao longo dos séculos, disfarçada ou abertamente, uma vasta produção de análises e refutações, mas principalmente de grandes polêmicas. Embora Maquiavel tenha ganhado novos rumos, marcando de forma indelével os âmbitos político e militar em escala universal, bem como os meios literário, teatral, filosófico e historiográfico, e mais especificamente os ligados à realidade linguística e cultural, somente após três séculos a Itália seria politicamente unificada — algo por ele tão almejado.
    Ao aproximar-se a efeméride dos 500 anos do primeiro prenúncio da escrita d’O príncipe — encontrado na carta escrita por Maquiavel em 10 de dezembro de 1513 ao amigo Francesco Vettori, anunciando seu trattatello —, o professor Artemio Enzo Baldini, da Universidade de Turim, criou o projeto de pesquisa internacional Machiavellismo e Machiavellismi nella tradizione politica occidentale. Um de seus objetivos era ampliar o espectro tradicionalmente interessado nas investigações acerca do autor florentino.1 Procurou então envolver novas áreas linguísticas e geográficas, para além dos países europeus que, grosso modo, desde o Quinhentos lidavam de modo mais ou menos velado com seu pensamento e obra, que então circulavam de vários modos. Na América Latina, o modesto número de estudos sobre Maquiavel em língua portuguesa até o século XX poderia levar a crer que o Brasil tenha permanecido mais periférico ou menos influenciado pelo debate em tela.
    Ângela Barreto Xavier, Giuseppe Marcocci, Rodrigo Bentes Monteiro e Sandra Bagno foram honrados com um convite de Enzo Baldini para estudar quais maquiavelismos possivelmente marcaram as tradições históricas, culturais e linguísticas de Portugal e do Brasil. Países por muitos aspectos hoje tão próximos, mais ainda no tempo em que a monarquia portuguesa apresentava uma forte dimensão ultramarina, ou mesmo no século XIX, com a dinastia de Bragança perpetuada no Brasil imperial. Partindo de um quadro de pesquisa e informações bastante escasso, no tocante aos vestígios da presença e da recepção de obras de Maquiavel entre os séculos XVI e XIX, sobretudo no Brasil, foram organizados dois colóquios, no Rio de Janeiro e em Lisboa.
    Aos poucos, os investigadores perceberam que o quase vacuum era na verdade um plenum. Pois o aparentemente vazio poderia ser repleto de uma tipologia específica de maquiavelismo, elaborado com sabedoria em Portugal a partir da década de 1530, num momento ainda de livre circulação das obras maquiavelianas. Logo após, ele seria metabolizado no contexto da censura formal e católica, em torno de ideias sobre como conquistar e manter o poder, no conjunto de uma monarquia detentora de vastas conquistas coloniais — a propósito, das mais duradouras entre os impérios nascidos na Época Moderna. Portanto, trata-se de um maquiavelismo destinado a arraigar-se sem que (quase) ninguém pudesse materialmente ler O príncipe. Disfarçado, ele ficaria implícita e longamente associado, na consciência linguística e cultural lusófona, a conceitos como simulação/dissimulação — o campo semântico lexical escolhido pelos organizadores para representar uma das facetas do maquiavelismo luso-brasileiro.
    O presente volume apresenta um dos primeiros resultados e algumas hipóteses de pesquisa sobre a presença e as possíveis formas de recepção das obras maquiavelianas no Brasil. Entretanto, muito resta a fazer, pois, além dos documentos dispostos em bibliotecas e arquivos portugueses e brasileiros, ainda por serem estudados, há os pertinentes a outros países de língua portuguesa. Segue-se, assim, uma adaptação em forma de proêmio — lembrando os livros de Maquiavel — de uma conferência do professor Baldini, bem como um estudo introdutório ao conteúdo específico do livro."

     

    Maquiavel no Brasil: dos descobrimentos ao século XXI

    Orgs.: Rodrigo Bentes Monteiro e Sandra Bagno

    Impresso: R$49

    Ebook: R$35

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Eventos em 08/07/2015 - 12:52

    O tema Rio de Janeiro sempre foi visitado pela dimensão cultural, porém é escassa, ou nula, a reflexão sobre a especificidade econômica e política local.

    A necessidade de se definir com maior clareza a prioridade da política pública e buscar a integração de políticas setoriais, seja no âmbito estadual, no âmbito de cada município ou na articulação entre as políticas estaduais e municipais - e destas com as iniciativas federais no estado - está na ordem do dia.

    Diante desta pauta, o Rio de Janeiro ganha uma Agenda com propostas para o seu desenvolvimento socioeconômico, destacando a importância da questão histórica e o peso das decisões político-institucionais, como a transferência da capital, com base em diversos estudos sobre a cidade e o estado e seus comportamentos frente às demais unidades federativas do país.

    Organizada pelos especialistas Mauro Osório, Luiz Martins de Melo, Maria Helena Versiani e Maria Lúcia Werneck, a obra Uma agenda para o Rio de Janeiro: estratégias e políticas para o desenvolvimento socioeconômico analisa em perspectivas o cenário sobre a queda do preço do petróleo, a queda da receita de royalties do governo do estado, a questão metropolitana e o desafio de tornar a periferia mais densa produtivamente e com melhor infraestrutura básica, a economia da saúde, os desafios e as potencialidades para o desenvolvimento regional, a atividade turística, a violência e a polícia, a juventude e os nem-nem, a mobilidade urbana, entre diversos outros aspectos que podem reagendar as urgências do estado e trazê-lo à tona do desenvolvimento nacional.

    Conversamos com Mauro Osório - coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro e um dos organizadores da obra. Confira:

     

    Quais são os principais impactos das crises política e econômica atuais sobre o estado e a cidade do Rio de Janeiro?

    Em tese, a crise atinge mais o estado do Rio de Janeiro do que outras regiões brasileiras, pela forte presença do complexo de petróleo e gás na cidade e no estado. No entanto, apesar de no início do ano o impacto em nossa região ter sido maior do que no restante do Brasil, para o conjunto do período de janeiro a maio de 2015 já não verificamos isso. Talvez pela importância do setor serviços na cidade do Rio, que foi menos impactado pela crise; pelo crescimento que a extração do petróleo no pré-sal tem possibilitado; e ainda pelo fato de o complexo da economia da saúde vir apresentando este ano um desempenho no ERJ bem melhor do que o verificado no país, possivelmente pelos investimentos que a Fiocruz tem realizado.

     

    Quais são as principais ordens do dia que constituem a agenda para o Rio de Janeiro?

    Defendemos que um desafio fundamental para o estado do Rio de Janeiro e suas municipalidades é uma reestruturação do setor público estadual e municipal.

    No caso dos municípios, por exemplo, de acordo com dados do MEC/IDEB para o ano de 2013 (últimos dados disponíveis), vemos que, entre os 500 melhores resultados da educação pública municipal de 1ª a 5ª série, dos municípios da Região Sudeste do Brasil, só encontramos dois municípios do estado do Rio de Janeiro.

    Outro desafio é ampliar a compreensão sobre a importância do planejamento público e da coordenação de políticas. Temos que pensar de forma integrada as áreas de transporte, habitação, fomento econômico etc.

    Entendemos ainda que a atual crise, que é principalmente política, será superada e que o complexo de petróleo e gás continuará a ter importância fundamental para o país, e mais ainda para o nosso estado. Ou seja, esse complexo tem que estar no centro de uma agenda para o estado.

    Também do ponto de vista econômico, devem ter prioridade em uma agenda os complexos da economia da saúde e as atividades vinculadas a turismo, entretenimento, cultura, mídia e esporte.

    É fundamental ainda haver uma agenda de investimento e custeio para as políticas sociais, de infraestrutura e ambientais.

    Por último, é necessário que se tenha uma política para a juventude, superando-se a atual situação do estado do Rio de Janeiro de apresentar em torno de 500 mil jovens de 18 a 24 anos sem estudar nem trabalhar.

     

    Qual o principal objetivo da obra?

    Tradicionalmente, o estado do Rio de Janeiro, por sua história nacional, apresenta pouca reflexão que leve a um entendimento sobre as nossas especificidades regionais. Quando olhamos, por exemplo, os programas de mestrado e doutorado em Economia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, vemos que em nenhum deles existe uma única linha de pesquisa permanente em Economia Fluminense.

    Entre os objetivos do livro, procuramos alertar para a importância de ampliarmos a reflexão regional e para a necessidade de se realizar um debate público em torno de uma agenda para o estado.

     

    O livro será lançado terça-feira, dia 14 de julho, às 19h.  Blooks Livraria | Botafogo.

    Todos convidados!

     


    Uma agenda para o Rio de Janeiro:

    estratégias e políticas públicas para o desenvolvimento socioeconômico

    Impresso: R$49

    Ebook (disponível em 13/7): R$35

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 08/06/2015 - 08:30

    A Editora FGV lança ‘Quem tem medo de falar sobre drogas?’, obra organizada por Gilberta Acselrad com base em outras 156 perguntas formuladas por estudantes do ensino fundamental e médio de algumas escolas públicas e particulares do estado do Rio de Janeiro, com idade entre 14 e 17 anos.

    Considerando as questões originais de jovens consumidores, potenciais consumidores ou simplesmente curiosos sobre drogas, ao invés de debater ideologias ou questões de especialistas em saúde, criminalidade e política, o livro aborda o tema de forma séria e propõe à sociedade uma rediscussão e uma reinvenção na maneira de discuti-lo com crianças e adolescentes, podendo cumprir um papel fundamental ao abrir caminho para uma nova visão na política de drogas.

    Fizemos 3 perguntas à Gilberta e recebemos repostas claras, objetivas e sem receios de falar abertamente sobre o tema, exatamente de acordo com a proposta do livro. Confira:

     

    Qual a principal contribuição da obra para o debate sobre a política de drogas atual e sobre o comportamento da sociedade diante do tema?

    O que há de original no livro "Quem tem medo de falar sobre drogas? Saber mais para se proteger" é que ele parte de perguntas e inquietações dos próprios jovens. Não é apenas mais um livro sobre drogas do ponto de vista dos especialistas na área. Grande parte das publicações especializadas disponíveis concentra-se nos males decorrentes do uso de drogas ilícitas, que costumam ser caracterizados como inexoráveis. Este livro pretende ampliar as perspectivas e os modos de abordagem da questão, dada a própria diversidade de formas pelas quais a sociedade se relaciona com tais substâncias. Ele foi escrito para adolescentes, para seus pais e professores, com o intuito de estabelecer um diálogo sobre drogas, sejam elas licitas ou ilícitas. Pretende substituir o medo característico da política do “diga não às drogas” pela pedagogia da autonomia, acreditando que os jovens, desde que informados e conscientes, são capazes de escolher o que é melhor para si e sua comunidade. O livro foi organizado a partir de um repertório de 156 perguntas selecionadas entre as que foram formuladas por estudantes dee 14 a 17 anos, do Ensino Fundamental de algumas escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro e recolhidas no período de 1990 a 2011.

    Quais as principais críticas às políticas atuais no que diz respeito à conscientização dos jovens sobre o uso das drogas (lícitas e ilícitas)?

    Não acredito que se possa dizer que existam hoje políticas de drogas com o objetivo de conscientizar os jovens. O que predomina é uma gestão policial da experiência de uso das drogas ilícitas – “faz mal, você vai morrer ou ser preso”. No que se refere às drogas vendidas legalmente, a gestão também é repressiva. Não se poderia classificar exatamente como “conscientização” a adoção de uma Lei Seca que não vai além da repressão.

    Na sua avaliação, as políticas e ações antitabagismo e relacionadas ao uso consciente do álcool são eficazes? E, diante da legalização de algumas drogas ilícitas atualmente, estas políticas seriam cabíveis?

    As políticas em relação ao tabaco tiveram sucesso no que refere ao respeito que deve ser observado aos espaços de circulação e convivência coletivos; isto foi surpreendente pela adesão que tiveram em muito pouco tempo. Em relação ao álcool foram retiradas propagandas nos meios de comunicação que estimulavam o consumo, associando o beber ao sucesso e à imagem da mulher, o que ajudou, sem dúvida. Mas a política em relação ao álcool, continua sendo restrita à Lei Seca, e referenciada à legislação que proíbe dirigir sob efeito da bebida alcoólica.

    Podemos dizer que não há uma política relacionada às drogas ilícitas. As medidas são absolutamente baseadas na legislação proibitiva da produção, comércio e uso. Não existe uma discussão e educação sobre essa experiência que faz parte da história humana. Assim, temos é uma gestão policial da produção, comércio e uso dessas drogas, exercida de forma violenta e discriminatória. São desconsiderados seus usos terapêuticos, embora já se fale no assunto, no caso do canabidiol (a ANVISA liberou o uso em alguns casos, mas ainda cercado de muitas exigências). No caso dos usos sociais, prevalece a repressão estrita e violenta. No caso do uso dependente e que causa sofrimento, os Centros de Atendimento Psicossocial para Usuários de Álcool e Outras Drogas (CAPs AD) são articulados com toda a rede de saúde prevista pelo Serviço Único de Saúde e tentam cumprir o seu papel. Mas, de maneira geral, usuários de drogas ilícitas em sofrimento e em situação de perda geral de pertencimento, vivendo nas ruas, são “recolhidos” numa gestão étnica de “limpeza” das ruas, sem consequências positivas efetivas.

     

    O lançamento da obra será no dia 17 de junho, às 19h, na Blooks Livraria. Todos convidados!

     

     

     

    Quem tem medo de falar sobre drogas?: saber mais para se proteger

    Organização: Gilberta Acselrad

    Impresso: R$35

    Ebook: R$25

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Opinião em 15/05/2015 - 13:01

    A facilidade dos eleitores brasileiros entenderem suas as regras é um dos principais argumentos dos deputados que defendem o 'Distritão' como o sistema  eleitoral mais adequado para a reforma que há anos é debatida no Brasil.

    Os contrários a este sistema alegam que sua aprovação não mudará o quadro político brasileiro, pois a renovação dos deputados ficará bem mais difícil.

    Jairo Nicolau, autor do livro Sistemas eleitorais, alertou, em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo*:

    "O sistema (Distritão) privilegia os candidatos que têm mandato - talvez por isso ele tenha tanto apoio entre os políticos atualmente. (...) É um sistema que agrava os defeitos da democracia brasileira..."

    Mas, afinal de contas, o que é um sistema eleitoral? O que é o voto distrital? Quais são as modalidades de sistema proporcional? Como funcionam os sistemas mistos?

    Estas e outras questões estão no livro Sistemas eleitorais, que apresenta informações sobre as formas de escolher representantes em vigor em 95 países democráticos. Cada modelo é apresentado em detalhes, enfatizando seus efeitos sobre outras dimensões do sistema representativo, bem como suas virtudes e seus defeitos. Escrito de maneira didática, o livro é imprescindível para quem quer acompanhar o permanente debate sobre a reforma eleitoral no Brasil, acentuado com essas novas discussões.

     


    Sistemas eleitorais

    Jairo Nicolau

     

     

     

     

    Confira a reportagem completa do JN de 14/5/2015 AQUI

    Abaixo, matéria do autor no Jornal Folha de S. Paulo sobre as recentes discussões:

     

     

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Eventos em 14/05/2015 - 13:04

    Com base em extensa pesquisa sobre manuscritos e impressos, além da produção acadêmica apresentada por historiadores portugueses, espanhóis, anglo-saxões, franceses e latino-americanos, Nobrezas do Novo Mundo, do professor Ronald Raminelli, pretende realizar um balanço da produção historiográfica dedicada aos nobres radicados ou nascidos na América hispânica e portuguesa.  O resultado é uma contribuição bastante original ao tema das origens dos privilégios e das hierarquias nas Américas ibéricas.

    Fizemos 3 perguntas ao professor Raminelli. Confira:

     1 – Como surgiram os nobres no Brasil colonial?

    Na Europa e no Brasil, existiam dois tipos de nobres: a nobreza de linhagem e a nobreza política. Muitos consideravam a primeira como a verdadeira nobreza, porque provinha do sangue, dos antepassados que transmitiam a seus filhos os privilégios e a tradição familiar. Em compensação, a nobreza política era criada pelos reis, era uma dádiva concedida pelos monarcas a homens plebeus. O status de nobre então era o reconhecimento e a remuneração régios cedidos a homens que se destacaram ao servir, sobretudo nas guerras, à monarquia. No Brasil, raros eram os nobres do primeiro tipo. Em geral, os moradores da colônia não conseguiam manter os privilégios da nobreza, ou seja, poucos transmitiam aos filhos e netos o status de nobre. Aqui existia a nobreza, particularmente inserida na baixa e média nobreza portuguesa, que depois de poucas gerações perdia os privilégios.  No século XVIII, havia também a possibilidade de comprar títulos de cavaleiro, mediante a arrobas de ouro ou à compra de ações das Companhias de comércio do Grão-Pará e Maranhão. Assim, os homens abastados podiam adquirir títulos desde que apresentassem patrimônio e qualidades comparáveis aos demais nobres inseridos na baixa nobreza.

    2 -  Na introdução de sua obra, podemos encontrar trechos que remetem a um preconceito racial, sobre ‘pretos, mulatos e índios’, para a concessão de títulos nobiliárquicos. Existiram nobres com essas características raciais e, nos casos afirmativos, eles eram respeitados por seus títulos?

    Entre os historiadores, há muita polêmica em torno do racismo na era moderna (1500-1800). Uma corrente acredita que o racismo só pode ser verificado no século XIX quando o preconceito ganha o aval da ciência. Meu livro tende a comprovar que, em Portugal e no Brasil colonial, a herança do sangue determinava o comportamento dos indivíduos e isto era uma prática racista. Assim, os descendentes de judeus e mouros, mesmo depois de convertidos há três gerações, não seriam católicos devotos. O mesmo se dava com a origem cativa dos negros. Negros, mulatos e cristãos-novos (os judeus e mouros convertidos e seus descendentes) não podiam ser nobres porque seu sangue era infecto (inferior).  Em relação aos índios, os impedimentos eram mais brandos. Embora não fossem cristãos-velhos (seus antepassados não eram cristãos), tampouco eram descendentes de heréticos como os cristãos-novos. Além disto, a conquista da América tornou-se legítima para o papado mediante a plano da monarquia de converter os índios ao cristianismo. Por isto, os reis concederam a índios títulos de cavaleiro e comendador das Ordens Militares, mas raramente sagravam cavaleiro os cristãos-novos e afrodescendentes. De todo modo, os chefes indígenas cavaleiros não tinham o mesmo prestígio dos brancos com o mesmo título.

    3 - Qual a principal diferença entre a composição da nobreza ultramarina hispânica da luso-brasileira?

    Partindo de estudos, verifiquei que a concessão de títulos de cavaleiros das Ordens Militares era muito rigorosa no mundo hispânico. Boa parte dos cavaleiros era filho de nobres (hidalgos) e não existiam índios inseridos na baixa nobreza, como se verificou no Brasil. Aqui, a concessão de privilégios da nobreza nem sempre seguia as normas metropolitanas e era possível a um mestiço (índio com branco) ter postos e distinções normalmente atribuídos aos brancos.  No entanto, na América espanhola, os homens ricos podiam comprar títulos de nobreza. Aliás, mediante à soma importante de dinheiro, adquiriam as mais altas titulações da monarquia castelhana e tornar-se marquês, conde e visconde. Isto não era possível aos súditos do rei de Portugal, pois os títulos da alta nobreza não eram concedidos a indivíduos ricos mas sem linhagem fidalga. 

     

    O livro Nobrezas do Novo Mundo será lançado no dia 19 de maio, na Blooks Livraria, em Botafogo.

    Todos convidados!

     

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Eventos em 07/05/2015 - 17:21

    "A alusão a uma suposta “Época Pombalina” situada no Setecentos português contém alguns aspectos contraditórios ao fazer crer na realidade histórica de um período dominado totalmente pelo pensamento e ação de um único homem, o marquês de Pombal, pelo rei d. José I, de quem foi fiel e dedicado servidor. O fato é que tal noção não passa de uma construção historiográfica ao mesmo tempo útil e enganosa. Todavia, persiste a força do hábito, e tentar  substituir tal noção por outra — a de “tempos josefinos” — não nos parece menos problemática. Fica de pé tão somente a velha discussão a respeito das relações entre Pombal e d. José I; ou seja, a natureza precisa da influência das ideias e das decisões do “poderoso ministro” no conjunto das ideias e práticas do reinado de d. José I."

    A Época Pombalina” no mundo luso-brasileiro, obra dos renomados professores Francisco Falcon e Claudia Rodrigues, apresenta uma coletânea de estudos e análises de especialistas brasileiros sobre o período histórico da chamada governação pombalina (situado entre os anos de 1750 e 1777) e seus impactos sobre o mundo luso-brasileiro.

    Com diferentes perspectivas teóricas e metodológicas, o livro pretende contribuir para a intensificação das discussões e debates sobre o período pombalino. Seus artigos apresentam específicas formas de se compreender certos aspectos e conceitos ligados às reformas levadas adiante no governo joanino - pelo seu poderoso ministro - e seus impactos sobre o mundo luso-brasileiro, tais como: a divergência sobre a concepção de que as medidas governamentais expressariam um projeto secularizante do Estado e as formas diferenciadas de compreender o pombalismo como prática associada ao chamado despotismo esclarecido.

    Conversamos com o professor Falcon, que nos deu a honra de responder a três perguntinhas para nosso blog. Confira:

     

    1. É genuíno nomear o período do reinado de D. José I - 1750 a 1777 - como “Época Pombalina”?

    A denominação de Época Pombalina aplicada ao período correspondente ao reinado de D.José  é uma espécie de tradição historiográfica e significa apenas que, durante o período de 1750  a 1777,  a grande e dominadora figura política foi Sebastião José de Carvalho e Melo, depois elevado a Conde de Oeiras e, por último, a Marquês de Pombal. Há, é claro - e sempre houve - os detratores; ou seja, aqueles que negam a validade de tal identificação, mas que constituem minoria pouco significativa. Existe, sim, uma discussão teórico-metodológica mais geral sobre tais identificações históricas que existem às centenas. No meu caso, julgo pertinente a associação josefino-pombalina e não me preocupa muito seu caráter genuíno ou não.

    2.      Quais foram as principais contribuições ao mundo luso-brasileiro que podem ser efetivamente atribuídas ao Marquês de Pombal no período batizado com seu título?

    A pergunta é difícil em função da ideia de “contribuições”, uma ideia, que acreditamos já um tanto desgastada. Seria preferível  lembrar que muitas das iniciativas pombalinas - como as cias. de comércio - sacudiram regiões ou setores socioeconômicos importantes da América Portuguesa. O mesmo se poderia dizer de suas iniciativas no campo administrativo, pedagógico e cultural. Há também a defesa do território, especialmente das regiões longínquas do centro-oeste e do norte, embora, convém lembrar também tenha ocorrido o vexame da invasão castelhana em Sta. Catarina.  Existe ainda a questão da visão que tinham os colonos de muitas das reformas decretadas por Pombal, pois, como é fácil de perceber, nem sempre as práticas iluministas ou esclarecidas foram entendidas e recebidas como tais pelas chamadas elites coloniais.

    3.      Qual a principal implicação nas “totalidades históricas” e no estudo e ensino da história quando há uma reinterpretação da real importância de um personagem?

    A relação porventura existente entre totalidades históricas e as sucessivas reavaliações da importância real de um personagem constitui um problema teórico dos mais interessantes e complexos. Na verdade, são duas perspectivas muito distintas em relação as quais os historiadores podem discutir ao infinito.  De fato, quando trabalhamos com o conceito de totalidade, tendo em vistas as ideias de estrutura e conjuntura, por exemplo, o papel dos personagens mais influentes fica em segundo plano. Ao contrário, quando enfocamos uma figura-chave, como Pombal, tendemos a exagerar-lhe a importância real, sendo este contraste, aliás, o “leit motiv” da brilhante obra de Jorge Borges de Macedo sobre a época de Pombal.

     

    A obra será lançada na próxima terça, dia 12 de maio, na Blooks Livraria. Esperamos todos!

     

     

     

    Época Pombalina” no mundo luso-brasileiro

    Francisco Jose Calazans Falcon, Claudia Rodrigues

    Impresso: R$51

    Ebook: 36

     

     

Páginas

Subscrever Entrevistas