políticas públicas

  • Postado por editora em em 14/06/2018 - 15:21

    Lobby e políticas públicas, novo livro da Coleção FGV de Bolso, Série Sociedade & Cultura, acaba de ser publicado.

    Wagner Mancuso e Andréa Gozetto, autores da obra, apresentam uma uma síntese das principais questões relacionadas à prática do lobby durante o ciclo das políticas públicas no Brasil. Trata-se de uma introdução ao assunto, que gira em torno de oito pontos: o que é lobby; quem são seus agentes (os lobistas); quais são os alvos dessa atividade; em que momentos do processo decisório o lobby está presente; como o lobby é feito nesses diversos momentos; quão influentes são os lobbies; que contribuições e problemas tal prática pode acarretar; e como enfrentar o desafio de regulamentar esse fenômeno, que apresentam-se exatamente como os capítulos do livro.

    Lobby e políticas públicas procura ser o mais objetivo possível ao tratar do assunto, sem demonizar a atividade de lobby, tampouco endeusá-la. Assim, não se confunde com certa abordagem jornalística superficial, que tende a igualar toda defesa de interesses com corrupção, tráfico de influência e outros atos ilícitos, mas também não corresponde à abordagem de lobistas e de suas entidades representativas, que repisam constantemente a ideia de que “lobby é uma coisa e corrupção é outra”. A proposta, ao contrário, com base na literatura e em nossa própria observação do fenômeno, é mostrar que a prática está aí há muito tempo, vem se profissionalizando, pode aportar colaborações importantes para o processo de tomada de decisão, mas também pode trazer uma série de riscos, o que impõe o desafio de educá-la, orientá-la e regulamentá-la.

    De acordo com os autores, "o lobby é um fenômeno onipresente na política brasileira. Está presente em cada decisão parlamentar ou governamental que afeta nos­sas políticas públicas. No entanto, esse fenômeno ainda tem recebido atenção muito escassa da academia e da sociedade. É chegada a hora de recolocar os grupos de interesse no centro das atenções."

     

    Confira os dois prefácios da obra, assinados, respectivamente por Clive S. Thomas (pesquisador sênior no Instituto Foley de Política e Serviço Público, da Universidade do Estado de Washington (EUA) e consultor na empresa Political Advocacy Strategies) e Paulo Nassar (Diretor-presidente da Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).

    Desde o início da década de 1970, tenho estudado grupos de interesse e a atividade de lobby em 10 países ao redor do mundo. Já escrevi muito sobre defesa de interesses, fui lobista voluntário e, como consultor, ajudei vários grupos e organizações a planejar e implementar  campanhas de lobby.
    Em 2008, tive o prazer de ter sido convidado para participar, como palestrante principal, do Seminário Internacional sobre Intermediação de Interesses: a Regulamentação do Lobby no Brasil, uma iniciativa do Poder Executivo Federal que envolveu a Controladoria-Geral da União (CGU), a Casa Civil, a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e o Centro Universitário de Brasília. Desde então, tenho estudado, escrito, ensinado e prestado consultorias sobre a atuação dos grupos de interesse no Brasil.
    Para compreender melhor a ação dos grupos de interesse no Brasil, tive o privilégio de trabalhar com muitos colegas em universidades, no governo e no setor privado. Constatei, entretanto, que empresas privadas, organizações (tais como think tanks e universidades) e grupos de advocacy ainda conhecem muito pouco sobre os aspectos práticos da atividade de lobby. Há muito tempo era necessário um guia prático para aqueles que nunca desempenharam a atividade de lobby, e também para aqueles que já trabalham no campo, mas ainda precisam de mais conteúdo sobre diversos aspectos da defesa de interesses.
    Felizmente, essa obra foi escrita. Os autores são Wagner Mancuso e Andréa Gozetto, acadêmicos que conheço desde minha primeira viagem ao Brasil. O presente trabalho, que tenho o enorme prazer de prefaciar, é uma excelente síntese – bem organizada e rigorosa – dos principais aspectos relacionados à prática do lobby.
    Inicialmente, o livro dá conta do lobby realizado em vários níveis de governo no país, bem como dos grupos e organizações envolvidos na defesa de interesses. O restante do livro trata de etapas, decisões e desafios envolvidos numa campanha de lobby. Isso inclui o papel do lobista, o leque de estratégias e táticas que podem ser utilizadas, como lidar com tomadores de decisão no poder público, e como organizar e coordenar os membros de um grupo para fazer lobby em defesa de seus interesses.
    Nenhum livro pode assegurar o sucesso no lobby, mesmo um livro que contenha uma abordagem mais prática. O que um livro pode fornecer são as bases que fundamentam uma boa campanha de lobby, deixando claro o que deve ser evitado.
    Este livro cumpre com excelência esse propósito e irá auxiliar o leitor a refletir sobre os principais elementos concernentes à organização, planejamento e implementação de uma campanha de lobby, incentivando-o a pensar estrategicamente, como faz um lobista.

     

    Entre os objetivos primeiros deste livro de Wagner Mancuso e Andréa Gozetto, destacam-se a demarcação das fronteiras entre os interesses sociais organizados e as políticas públicas que, por definição, deveriam convergir para o bem comum e para a organização harmoniosa do espaço público. Partindo principalmente dos campos da ciência política, da sociologia e do direito, a obra, que requer paciente leitura pela sua densidade acadêmica, cumpre esse objetivo de forma primorosa.
    A estrutura do livro é relativamente hierarquizada do ponto de vista dos conceitos. Temas como o que é lobby, quem faz lobby e os limites da legislação existente se sucedem com explicações objetivas e abrangentes. Mas não se limita a esses pontos essenciais. Vai bem mais além, procura suscitar reflexões sobre a necessidade de uma formação culta e abrangente dos profissionais de lobby e realça os fortes vínculos entre a democracia e o fenômeno do lobby.
    Na realidade, o livro defende a tese progressista de que o lobby no Brasil avança à medida que as liberdades públicas evoluem. De fato, a democracia é um terreno fértil para a defesa transparente de interesses e de grupos de influência.
    Tanto que um dos conceitos que os autores defendem é o de relações públicas. Uma atividade, também segundo os autores, abrangente e que envolve os diferentes campos dos relacionamentos e da comunicação.
    O importante e o que faz de Lobby e políticas públicas um livro original é a desconstrução da rotineira demonização do lobby e dos lobistas. A verdadeira força do lobby profissional não é o dinheiro e sim a capacidade de influenciar decisões de maneira legítima e transparente, ou de  defender argumentos que inspirem confiança. Esse é o oxigênio do lobby na democracia.
    Nestes últimos anos, a sociedade brasileira gerou controvérsias envolvendo temas de grande interesse, a exemplo da defesa do meio ambiente, os riscos gerados pelos agrotóxicos, a organização de comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas etc.), o direito à privacidade e à mobilidade e o combate à corrupção. Isto para citar alguns temas de interesse público que pautam a mídia e dão forma a novos modelos de comunicação e de relacionamentos. Controvérsias, embates de diferentes interesses, que claramente exigem que o lobby se apresente à sociedade sustentado por comunicação dialógica e narrativas claras e verdadeiras. Tudo isso torna o livro de Mancuso e Gozetto ainda mais atual.
    Nesse contexto histórico discute-se sobretudo que a comunicação – orientada por uma cultura organizacional democrática, que deseja expressar o que as pessoas entendem como útil e transcendente para as suas vidas – pode criar boas narrativas, que produzam consensos. A comunicação estratégica no âmbito da discussão dos temas públicos deve ter uma orientação dialógica, regida por comunicadores e avalizada por dirigentes que entendem que a organização (empresa ou instituição) se constitui na sociedade digital em um território único. Sem esse tipo de entendimento, a comunicação e suas narrativas no contexto do lobby serão meramente protocolares, manipuladoras, produzidas contra a sociedade e seus interesses maiores, e não inspiradas pelas responsabilidades política, histórica e social.

     

    Clique aqui para acessar o livro em nosso site.

    O livro será lançado em São Paulo, na Blooks Livraria do Cinema Reserva Cultural.

    Confira a seguir:

     

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas, Eventos em 08/07/2015 - 12:52

    O tema Rio de Janeiro sempre foi visitado pela dimensão cultural, porém é escassa, ou nula, a reflexão sobre a especificidade econômica e política local.

    A necessidade de se definir com maior clareza a prioridade da política pública e buscar a integração de políticas setoriais, seja no âmbito estadual, no âmbito de cada município ou na articulação entre as políticas estaduais e municipais - e destas com as iniciativas federais no estado - está na ordem do dia.

    Diante desta pauta, o Rio de Janeiro ganha uma Agenda com propostas para o seu desenvolvimento socioeconômico, destacando a importância da questão histórica e o peso das decisões político-institucionais, como a transferência da capital, com base em diversos estudos sobre a cidade e o estado e seus comportamentos frente às demais unidades federativas do país.

    Organizada pelos especialistas Mauro Osório, Luiz Martins de Melo, Maria Helena Versiani e Maria Lúcia Werneck, a obra Uma agenda para o Rio de Janeiro: estratégias e políticas para o desenvolvimento socioeconômico analisa em perspectivas o cenário sobre a queda do preço do petróleo, a queda da receita de royalties do governo do estado, a questão metropolitana e o desafio de tornar a periferia mais densa produtivamente e com melhor infraestrutura básica, a economia da saúde, os desafios e as potencialidades para o desenvolvimento regional, a atividade turística, a violência e a polícia, a juventude e os nem-nem, a mobilidade urbana, entre diversos outros aspectos que podem reagendar as urgências do estado e trazê-lo à tona do desenvolvimento nacional.

    Conversamos com Mauro Osório - coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro e um dos organizadores da obra. Confira:

     

    Quais são os principais impactos das crises política e econômica atuais sobre o estado e a cidade do Rio de Janeiro?

    Em tese, a crise atinge mais o estado do Rio de Janeiro do que outras regiões brasileiras, pela forte presença do complexo de petróleo e gás na cidade e no estado. No entanto, apesar de no início do ano o impacto em nossa região ter sido maior do que no restante do Brasil, para o conjunto do período de janeiro a maio de 2015 já não verificamos isso. Talvez pela importância do setor serviços na cidade do Rio, que foi menos impactado pela crise; pelo crescimento que a extração do petróleo no pré-sal tem possibilitado; e ainda pelo fato de o complexo da economia da saúde vir apresentando este ano um desempenho no ERJ bem melhor do que o verificado no país, possivelmente pelos investimentos que a Fiocruz tem realizado.

     

    Quais são as principais ordens do dia que constituem a agenda para o Rio de Janeiro?

    Defendemos que um desafio fundamental para o estado do Rio de Janeiro e suas municipalidades é uma reestruturação do setor público estadual e municipal.

    No caso dos municípios, por exemplo, de acordo com dados do MEC/IDEB para o ano de 2013 (últimos dados disponíveis), vemos que, entre os 500 melhores resultados da educação pública municipal de 1ª a 5ª série, dos municípios da Região Sudeste do Brasil, só encontramos dois municípios do estado do Rio de Janeiro.

    Outro desafio é ampliar a compreensão sobre a importância do planejamento público e da coordenação de políticas. Temos que pensar de forma integrada as áreas de transporte, habitação, fomento econômico etc.

    Entendemos ainda que a atual crise, que é principalmente política, será superada e que o complexo de petróleo e gás continuará a ter importância fundamental para o país, e mais ainda para o nosso estado. Ou seja, esse complexo tem que estar no centro de uma agenda para o estado.

    Também do ponto de vista econômico, devem ter prioridade em uma agenda os complexos da economia da saúde e as atividades vinculadas a turismo, entretenimento, cultura, mídia e esporte.

    É fundamental ainda haver uma agenda de investimento e custeio para as políticas sociais, de infraestrutura e ambientais.

    Por último, é necessário que se tenha uma política para a juventude, superando-se a atual situação do estado do Rio de Janeiro de apresentar em torno de 500 mil jovens de 18 a 24 anos sem estudar nem trabalhar.

     

    Qual o principal objetivo da obra?

    Tradicionalmente, o estado do Rio de Janeiro, por sua história nacional, apresenta pouca reflexão que leve a um entendimento sobre as nossas especificidades regionais. Quando olhamos, por exemplo, os programas de mestrado e doutorado em Economia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, vemos que em nenhum deles existe uma única linha de pesquisa permanente em Economia Fluminense.

    Entre os objetivos do livro, procuramos alertar para a importância de ampliarmos a reflexão regional e para a necessidade de se realizar um debate público em torno de uma agenda para o estado.

     

    O livro será lançado terça-feira, dia 14 de julho, às 19h.  Blooks Livraria | Botafogo.

    Todos convidados!

     


    Uma agenda para o Rio de Janeiro:

    estratégias e políticas públicas para o desenvolvimento socioeconômico

    Impresso: R$49

    Ebook (disponível em 13/7): R$35

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 08/06/2015 - 08:30

    A Editora FGV lança ‘Quem tem medo de falar sobre drogas?’, obra organizada por Gilberta Acselrad com base em outras 156 perguntas formuladas por estudantes do ensino fundamental e médio de algumas escolas públicas e particulares do estado do Rio de Janeiro, com idade entre 14 e 17 anos.

    Considerando as questões originais de jovens consumidores, potenciais consumidores ou simplesmente curiosos sobre drogas, ao invés de debater ideologias ou questões de especialistas em saúde, criminalidade e política, o livro aborda o tema de forma séria e propõe à sociedade uma rediscussão e uma reinvenção na maneira de discuti-lo com crianças e adolescentes, podendo cumprir um papel fundamental ao abrir caminho para uma nova visão na política de drogas.

    Fizemos 3 perguntas à Gilberta e recebemos repostas claras, objetivas e sem receios de falar abertamente sobre o tema, exatamente de acordo com a proposta do livro. Confira:

     

    Qual a principal contribuição da obra para o debate sobre a política de drogas atual e sobre o comportamento da sociedade diante do tema?

    O que há de original no livro "Quem tem medo de falar sobre drogas? Saber mais para se proteger" é que ele parte de perguntas e inquietações dos próprios jovens. Não é apenas mais um livro sobre drogas do ponto de vista dos especialistas na área. Grande parte das publicações especializadas disponíveis concentra-se nos males decorrentes do uso de drogas ilícitas, que costumam ser caracterizados como inexoráveis. Este livro pretende ampliar as perspectivas e os modos de abordagem da questão, dada a própria diversidade de formas pelas quais a sociedade se relaciona com tais substâncias. Ele foi escrito para adolescentes, para seus pais e professores, com o intuito de estabelecer um diálogo sobre drogas, sejam elas licitas ou ilícitas. Pretende substituir o medo característico da política do “diga não às drogas” pela pedagogia da autonomia, acreditando que os jovens, desde que informados e conscientes, são capazes de escolher o que é melhor para si e sua comunidade. O livro foi organizado a partir de um repertório de 156 perguntas selecionadas entre as que foram formuladas por estudantes dee 14 a 17 anos, do Ensino Fundamental de algumas escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro e recolhidas no período de 1990 a 2011.

    Quais as principais críticas às políticas atuais no que diz respeito à conscientização dos jovens sobre o uso das drogas (lícitas e ilícitas)?

    Não acredito que se possa dizer que existam hoje políticas de drogas com o objetivo de conscientizar os jovens. O que predomina é uma gestão policial da experiência de uso das drogas ilícitas – “faz mal, você vai morrer ou ser preso”. No que se refere às drogas vendidas legalmente, a gestão também é repressiva. Não se poderia classificar exatamente como “conscientização” a adoção de uma Lei Seca que não vai além da repressão.

    Na sua avaliação, as políticas e ações antitabagismo e relacionadas ao uso consciente do álcool são eficazes? E, diante da legalização de algumas drogas ilícitas atualmente, estas políticas seriam cabíveis?

    As políticas em relação ao tabaco tiveram sucesso no que refere ao respeito que deve ser observado aos espaços de circulação e convivência coletivos; isto foi surpreendente pela adesão que tiveram em muito pouco tempo. Em relação ao álcool foram retiradas propagandas nos meios de comunicação que estimulavam o consumo, associando o beber ao sucesso e à imagem da mulher, o que ajudou, sem dúvida. Mas a política em relação ao álcool, continua sendo restrita à Lei Seca, e referenciada à legislação que proíbe dirigir sob efeito da bebida alcoólica.

    Podemos dizer que não há uma política relacionada às drogas ilícitas. As medidas são absolutamente baseadas na legislação proibitiva da produção, comércio e uso. Não existe uma discussão e educação sobre essa experiência que faz parte da história humana. Assim, temos é uma gestão policial da produção, comércio e uso dessas drogas, exercida de forma violenta e discriminatória. São desconsiderados seus usos terapêuticos, embora já se fale no assunto, no caso do canabidiol (a ANVISA liberou o uso em alguns casos, mas ainda cercado de muitas exigências). No caso dos usos sociais, prevalece a repressão estrita e violenta. No caso do uso dependente e que causa sofrimento, os Centros de Atendimento Psicossocial para Usuários de Álcool e Outras Drogas (CAPs AD) são articulados com toda a rede de saúde prevista pelo Serviço Único de Saúde e tentam cumprir o seu papel. Mas, de maneira geral, usuários de drogas ilícitas em sofrimento e em situação de perda geral de pertencimento, vivendo nas ruas, são “recolhidos” numa gestão étnica de “limpeza” das ruas, sem consequências positivas efetivas.

     

    O lançamento da obra será no dia 17 de junho, às 19h, na Blooks Livraria. Todos convidados!

     

     

     

    Quem tem medo de falar sobre drogas?: saber mais para se proteger

    Organização: Gilberta Acselrad

    Impresso: R$35

    Ebook: R$25

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