Ensino de história

  • Postado por editora em em 11/07/2017 - 17:09

    Os livros didáticos se tornaram notícia na mídia impressa e televisiva. De tempos em tempos, seus autores são colocados na berlinda, acusados de trazerem aos leitores informações inadequadas. Tais críticas se tornam mais preocupantes porque os livros didáticos são avaliados pelo Estado brasileiro por meio do Programa Nacional do Livro Didático. Este livro se debruça sobre a problemática do livro didático de história, analisando as políticas que os estabelecem e as narrativas que eles trazem a seu público.

    Confira parte da introdução da obra:

    Os livros didáticos em nosso país se tornaram notícia na mídia impressa e televisiva. De tempos em tempos, seus autores são colocados na berlinda, acusados de trazerem aos leitores informações erradas, defasadas ou tendenciosas. Sabe-se que tais problemas podem ocorrer em qualquer publicação, não sendo exclusividade dos livros escolares.
    Mas tais críticas se tornam mais graves e preocupantes porque os livros didáticos fazem parte de um aparato educativo, são voltados à formação de crianças e jovens, e, além disso, são avaliados e adquiridos pelo Estado brasileiro por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Por conseguinte, as críticas feitas na imprensa aos livros didáticosrepercutem diretamente sobre os governantes e as políticas públicas de educação, pondo em xeque até mesmo a validade e os métodos adotados em tais políticas.
    A imprensa não é a única a colocar os livros didáticos sob suspeição.
    Os especialistas de cada área de conhecimento que não participam do processo de avaliação do PNLD, quando têm a oportunidade de tecer considerações sobre os livros didáticos, muitas vezes se espantam com o descompasso entre a produção acadêmica de sua área e o que encontram nos livros, em seu ponto de vista, ainda sujeitos a distorções sem justificativa.
    Entre os professores do Ensino Básico, as opiniões se dividem de acordo com sua formação acadêmica. Entre as críticas mais presentes, a da legibilidade dos textos, que segundo esses mesmos professores pode estar acima da capacidade de compreensão de seus alunos, exigindo maior ou menor intervenção por parte do docente (Munakata, 2001).
    Já para os alunos, muitas vezes os livros são enfadonhos, com muitos e longos textos, incompreensíveis, o que coloca em dúvida se o problema está no livro, nas características do fugaz leitor contemporâneo ou dos conteúdos programáticos a ensinar e aprender.
    Esse não é um fenômeno apenas nacional (Choppin, 2002). Cada um de nós possui um ponto de vista diferenciado sobre o livro didático, de acordo com nossa proximidade pessoal, geracional e ocupacional — entre outras variáveis. Se somos alunos da escola, ou ex-alunos de muito tempo atrás; pais ou jornalistas; professores do Ensino Básico ou especialistas da universidade; gestores de políticas públicas ou donos de editoras que irão submeter obras ao PNLD. Cada um desses lugares sociais, junto com as demandas que nos colocam, vai nos aproximar
    ou fazer repelir afetiva, econômica, política ou intelectualmente determinada obra didática ou o tratamento que confere a um tema, em seus textos, imagens e exercícios.
    Os livros didáticos de história estão entre os mais visados pela crítica pública, em especial a jornalística, que representa a posição de determinados segmentos da sociedade. Tais livros elaboram uma narrativa sobre o passado remoto, mas também sobre o passado recente, que tende a repercutir de forma mais apaixonada e direta sobre nós. Não é casual que parte da crítica aos livros didáticos se dê pela acusação de viés ideológico. Os livros de história, pelos assuntos de que tratam, são plenos em ideologia, por mais que se busque isentá-los de proselitismo.
    Tais livros não apenas retratam a sociedade em sua história (Choppin, 2002). Por terem uma finalidade educativa, eles narram essa história destacando aspectos que podem bonificar a sociedade de que tratam e silenciar sobre aspectos que representariam demérito, por meio dos temas, enfoques, sujeitos, eventos e processos escolhidos para serem narrados. Essa narrativa escolar que compõe os textos do livro didático de história é, também, portadora de uma memória social com valor formativo, como afirmam Guyon, Mousseau e Tutiaux-Guillon (1994:47):
    A memória seleciona os grandes episódios do passado, transforma os atores em heróis, oculta os eventos que prejudicaram a coesão do grupo (como guerras civis, grandes conflitos sociais, repressão do poder central, ocupação estrangeira...). A memória do grupo legitima o presente, constitui uma visão ideal do grupo, alimenta seu imaginário.
    A face memorial da narrativa escolar, em tempos de busca de direitos assentados em disputas da memória, aprofunda um problema constitutivo do livro didático em sua função social quanto à correção dos conteúdos que tratam de temas sensíveis à memória: que narrativa é a correta? Podemos afirmar com segurança que os livros didáticos de história se tornaram objeto de disputa social pela narrativa válida, especialmente no que se refere ao tratamento conferido a determinados conteúdos curriculares.
    Em síntese, de um lado da crítica social, temos as políticas públicas para o livro didático que precisam considerar tais críticas como expressão da sociedade para a formulação de suas ações. De outro, o objeto concreto das diferentes críticas: o que dizem os livros didáticos de história.
    Esses dois lados consolidam os eixos estruturantes deste livro e do projeto que o originou: as políticas públicas para o livro didático e as narrativas que constituem os textos dos livros didáticos de história. (Continua

    Livros didáticos de história: entre políticas e narrativas

    Helenice Rocha, Luiz Reznik, Marcelo de Souza Magalhães

    O lançamento será dia 17 de agosto, às 19h00, na Blooks Livraria

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 01/12/2015 - 13:43

    Helenice Aparecida Bastos Rocha, Marcelo de Souza Magalhães e Rebeca Gontijo se reuniram novamente para colocar O ensino de história em questão.

    A nova obra, que traz o subtítulo 'cultura histórica, usos do passado', é uma coletânea de artigos de diversos historiadores que buscam uma possibilidade de articulação entre os estudos sobre ensino escolar de história e aqueles que focalizam a cultura histórica ou as possibilidades de produzir, ensinar e aprender história para além do espaço escolar.

    A primeira parte do livro reúne um conjunto de reflexões sobre as noções de cultura histórica, consciência histórica, educação histórica e linguagens. Tais noções estão presentes nos mais variados estudos que se dedicam a pensar o ensino escolar de história hoje, configurando vertentes interpretativas de acordo com a concepção de cada autor sobre o conceito utilizado.
    A segunda, abriga estudos sobre ensino e aprendizagem da história em diferentes momentos e lugares. Da universidade à escola, passando pelos problemas que envolvem a formação do historiador e do professor de história, incluindo o contato dos estudantes universitários com o ambiente escolar e sua cultura própria e, também, com a pesquisa histórica. Desenvolvendo saberes e sensibilidades, os estudantes de história, nos diferentes níveis, aprendem a pensar historicamente e a lidar com os vestígios do passado, construindo a história escrita e ensinada.
    E, por fim, a terceira parte inclui algumas reflexões sobre a história no espaço escolar e além dele. Do rádio à banca de jornais, passando pelas escolas, as narrativas históricas assumem formatos diversos visando atingir públicos e objetivos diferenciados, e construindo sentidos para o passado.

    Conversamos com a professora Helenice Rocha sobre esta obra, e ela respondeu 3 perguntinhas para nosso blog. Confira:

    1.       Quais os principais desafios do ensino de história nos dias de hoje?

    São muitos, alguns deles, contemplados na discussão do livro, são a concepção de formação histórica dos alunos na escola e dos professores nas licenciaturas, as ideias sobre como ocorrem e podem ocorrer essas formações, na escola e fora dela, através das mídias, hoje e no passado.

    2.       De acordo com a apresentação da obra “é possível compreender a cultura histórica como a relação que uma sociedade mantém com seu passado.” Diante desta observação, qual a importância dos ‘usos do passado’ no desenvolvimento da nossa sociedade?

    A partir de reflexões sobre as diferentes expressões da história e do passado, hoje sabemos que o passado é mobilizado, evocado e usado para diferentes fins, além do escolar e do acadêmico. Especialmente os meios de comunicação social usam o passado como argumento para o que noticiam, mesmo quando não falam diretamente da história. Assim, tomar conhecimento dessas mobilizações possibilita um olhar crítico sobre a construção social da de narrativas sobre a sociedade a que temos acesso através da televisão, do rádio e do jornal, por exemplo.

     3.       Qual o principal objetivo desta obra?

    Este livro pretende apresentar ao público interessado no ensino de História o resultado de um ciclo que se iniciou em 2011, quando passamos a convidar pesquisadores de destaque, representantes de pensamentos diversos sobre o ensino de História como um dos usos possíveis do passado. Visou-se propiciar debates entre eles e os pesquisadores do grupo Oficinas de História, abertos ao público em geral. Tanto as contribuições dos convidados quanto parte das contribuições dos componentes do grupo constituíram os capítulos do livro.

     

    O livro será lançado na Livraria Prefácio, no próximo dia 8 de dezembro, às 19h.

    Esperamos por todos.

     

     

     

    O ensino de história em questão: cultura histórica e usos do passado

    Organizadores: Helenice Aparecida Bastos Rocha, Marcelo de Souza Magalhães e Rebeca Gontijo

    Impresso: R$47

    Ebook: 33

     

    Arquivos:
  • Postado por editora em Atualidades, Destaques em 04/12/2014 - 09:14

    Com o objetivo de promover um diálogo produtivo entre discussões da historiografia e do ensino de história, lançamos o livro Ensino de história: usos do passado, memória e mídia, organizado pelos professores Marcelo Magalhães, Helenice Rocha, Jayme Fernandes Ribeiro e Alessandra Ciambarella.

    Os autores Temístocles Cezar, Helenice Rocha, Maria Lima, Angela de Castro Gomes, Jayme Fernandes Ribeiro, Aléxia Pádua Franco, Flávia Eloisa Caimi, Júnia Sales Pereira, Alessandra Ciambarella, Eucidio Pimenta Arruda e Rodrigo Bonaldose se debruçam sobre temas originais para pensar o ensino da história como prática social e promovem, nesta obra, um debate entre os antigos e os novos públicos da História, relacionando os usos do passado, as estratégias da memória e as mídias às necessidades da história ensinada em ambiente escolar.

    De acordo com a professora Helenice, uma das organizadoras, "Este livro é resultado da preocupação com os usos e a circulação social da história dentro e fora dos espaços formais, através de objetos culturais e mídias que evocam o passado. Reúne artigos de um conjunto diversificado de estudiosos que historicizam os usos escolares e não escolares do passado."

    Confira um trecho da apresentação:

    "As inter-relações entre o ensino de história e a sociedade são muitas, apontando para diversas direções. O movimento de disseminação do conhecimento histórico, que pode se iniciar no universo da pesquisa e de sua comunicação científica, é interminável. Passa por sua apropriação pela escola e demais instâncias do social e chega ao conjunto de produtos culturais que são apreciados pelos diversos grupos sociais, inclusive pelos pesquisadores, que alimentam, entre outros agentes, o que podemos denominar espiral da cultura histórica, tal como Carlos Vogt propõe para a cultura científica. Estabelecido o paralelo, podemos considerar a existência de diferentes esferas na espiral da cultura histórica de acordo com seus agentes e públicos e suas formas de expressão, passando pela esfera acadêmica, escolar, da divulgação para o público em geral ou mobilizada em reivindicações junto ao Estado estabelecido juridicamente.
    Parte das manifestações da cultura histórica, nessa espiral, chega à aula de história. Nos livros didáticos, em outros recursos que professores buscam e transformam, em objetos que os próprios alunos levam para a aula, como curiosidades ou resultados de pesquisa. Os produtos relacionados com a história são concretizados visando à democratização do conhecimento e ao entretenimento.
    Às vezes, visam trazer histórias ao grande público que funcionam como argumentos em favor de direitos, ou do dever ético de memória.
    Em todos os casos, estabelecem relações entre o passado e o presente, no uso de produtos que evocam o passado.
    Este livro se propõe fazer um passeio por algumas das diferentes alternativas postas na relação entre o ensino de história e outros usos do passado, em especial com os produtos da mídia contemporânea que evocam ou utilizam o passado, entre a história e a memória. Trabalhar com a relação entre passado e presente é um desafio permanente. Se tratamos a história como um diálogo entre eles, como a aula pode ser entendida pelos alunos sem essa dimensão dialógica? Como compreender o passado sem, em nenhum momento, pensarmos as questões do presente? Dessa forma, se partimos da compreensão do passado como algo múltiplo e constantemente reavaliado e reconstruído, inclusive na expressão dos produtos culturais que o evocam, a aula de história também deve ser pensada em sua multiplicidade, em suas inúmeras possibilidades, num diálogo permanente entre o tempo vivido no presente e as diversas formas de apreensão e interpretação do passado, por alunos e professores.
    Nesse sentido, a relação passado–presente condiciona não somente a visão de mundo dos professores de história, mas sobretudo suas práticas de ensino e de pesquisa, suas escolhas teóricas e metodológicas, suas relações no ambiente escolar, enfim, seu cotidiano na sala de aula. Da mesma forma, a escola e suas múltiplas dimensões não se encontram dissociadas das escolhas políticas de quem a constitui, sejam alunos, professores, sociedade, Estado, gestores ou pensadores sobre a educação. Assim, se compreendemos que, para a construção do conhecimento histórico, o tempo presente é um elemento fundamental para a análise que construímos do passado, ele vai atuar também na maneira como os professores vão pensar seu ensino."
    Ensino de história: usos do passado, memória e mídia

    O livro será lançado na Livraria da Travessa, dia 11 de dezembro.  Todos convidados!

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Ensino de história: usos do passado, memória e mídia

    R$47

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