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  • Postado por editora em em 25/10/2019 - 12:11

    Entre os dias 4 e 7 de novembro acontecerá a FLUFF, a primeira Festa do Livro na UFF e claro que nós vamos participar, levando mais de 300 títulos, todos com 50% de desconto.

    Organizada pela Consequência Editora e pela Eduff - Editora da UFF, a Festa reunirá cerca de 40 Editoras, entre elas Editora 34, Alameda, Aleph, Autêntica, Bazar do Tempo, Boitempo, Companhia das Letras, Consequência Editora, Dublinense, Eduff, Elefante, L&PM Lamparina, Lote 42, Record, Revan, Ubu, Editora Unicamp, Vozes, entre várias outras que oferecerão descontos a partir de 40%.

    O objetivo é favorecer e fortalecer a distribuição do livro, importante ferramenta de conhecimento e de transformação dos povos, abrindo um canal de exposição e venda direta entre Editoras e público.

    Para tal, as Editoras expositoras estarão dividas por estandes localizados nos pilotis dos blocos D e E do Campus Gragoatá, pertinho das Barcas e do Centro de Niteroi, entre 9 e 20h.

    A iniciativa é uma demonstração de energia de todos os envolvidos no mercado editorial, incluindo leitores, no sentido de valorizar o livro e a leitura tão necessária na atual conjuntura do Brasil. Sejam bem-vindos!

    Mais informações estão em fluff.com.br

    Nos encontramos lá.

     

  • Postado por editora em em 25/09/2019 - 14:36

    A Primavera Literária do Rio acontecerá entre os dias 3 e 6 de outubro nos jardins do Museu da República.

    Como todo ano, esta 19ª edição da feira terá uma programação cultural gratuita para seus visitantes e nós estaremos lá também.

    E nesta edição nossa participação está mais que especial.

    Nossas autoras Marieta de Moraes Ferreira, Maria Regina Celestino e Débora Thomé estarão presentes em eventos diversos durante a programação.

    Confira quando elas estarão presentes:

     

    Sexta | 04/10 das 16h às 18h | Espaço Educativo

    Histórias Orais – Escuta, afeto e os desafios de registros

    Partipação: Angela Maria de Castro Gomes (Editora FGV); Janaína de Figueiredo (Aletria); Andreia Cozzi - Pará

    Mediadora: Michele Silva

     

    Sábado | 05/10 das 18h às 20h | Espaço Educativo

    Como se escreve “Índio”? - Protagonismo indígena, cultura e território

    Partipação: Maria Regina Celestino (Editora FGV); Edgard Leite (Editora Jaguatirica);Tainá Marajoara - Pará; Aline Pachamama

    Mediadora: Cristiane Mandello

     

    Domingo | 06/10 das 16h às 18h | Tenda Principal

    Feminismos de gerações

    Partipação: Débora Thomé  (Editora FGV); Lizandra Almeida - Pólen Editora; Rachel Gutierrez - Jaguatirica

    Mediadora: Claudia Gomes

     

    Mais da programação pode ser conferida na página da LIBRE, no Facebook. Clique AQUI, que te mandamos pra lá ou confira tudinho mais abaixo.

     

    O Museu do Palácio do Catete é aberto à visitação.

    A feira é gratuita e a entrada do Museu fica em frente ao metrô do Catete.

    Não dá pra não ir.

     

    Levaremos cerca de 200 títulos do nosso catálogo, entre lançamentos e acervo, e todos estarão com 50% de desconto, além de livros selecionados por R$10,00.

    Esperamos sua visita!!

     

  • Postado por editora em em 16/08/2019 - 12:51

    A Bienal do Livro Rio é um dos maiores eventos literários do país.

    Durante dez dias, o Riocentro sedia a festa da cultura, da literatura e da educação e proporciona o grande encontro do público com o astro principal: o livro.

    E claro que a Editora FGV não poderia estar de fora dessa celebração à leitura. Todas as nossas principais obras estarão reunidas em um estande montado especialmente para receber os visitantes da XIX Bienal do Livro.

    Esta é uma ótima oportunidade para conhecer nossos lançamentos, conferir as inovações nas Publicações FGV Management, encontrar as obras publicadas em diversas áreas do conhecimento, aproveitar muitos descontos em nosso estande e saber de várias novidades.  

    Dentro da programação oficial da Bienal, teremos as seguintes participações:

     

    Fórum de Educação | EduTalks

    Dia 3 de setembro (terça-feira), às 11 horas: Maria Regina Celestino falará sobre sua experiência no ensino de história, abordando o tema do livro Os índios na história do Brasil, da nossa Coleção FGV de Bolso.

     

    Café Literário

    Dia 8 de setembro (domingo), às 14 horas: Michael Mohallem participará do debate sobre corrupção, com base no livro que publicamos em 2018, Novas medidas contra a corrupção.

     

    No nosso estande

    Dias 2 e 3 de setembro (segunda-feira e terça-feira), às 15 horas: Mariana Guglielmo fará apresentação para professores e diretores de escolas (públicas e privadas) do Novo Portal do FGV Ensino Médio e todas as inovações na educação que ele traz. Aguardamos sua partipação. Basta chegar em nosso estande.

     

    Há necessidade de inscrição no site da Bienal para participar do Fórum e do Café Literário.

    Compre seu ingresso com antecedência para evitar filas.

    Acesse AQUI o site da Bienal.

     

    Te esperamos lá!!

    Estaremos no Pavilhão Verde, Rua O - Estande 77.

  • Postado por editora em em 28/06/2019 - 11:21

    Os desafios e as oportunidades do mercado de vinho no Brasil e no mundo serão alvo de debates durante o Seminário Vinho & Mercado 2019.

    Em sua quinta edição consecutiva promovida pela Fundação Getulio Vargas em parceria com a Baco Multimídia, o evento reunirá, no dia 5 de agosto, das 8h30 às 17h30, profissionais de diferentes áreas de negócios do vinho, além de experts do setor.

    As inscrições para este já tradicional evento, que faz parte do calendário anual do Rio Wine and Food Festival, estarão abertas no dia 3 de julho.

     

    Confira a programação do seminário:

     

    8h30 —  Cadastro e acesso

     

    Moderador:

    Sergio Queiroz | Especialista em mercado de vinhos e marketing e sócio-Diretor do Grupo BACO Multimídia

     

    Palestras:

    9h – 9h20 —  Abertura FGV

    João Luis Tenreiro Barroso | Diretor da FGV Educação Executiva – Rio de Janeiro e Brasília

    Valdiney C. Ferreira | Coordenador do Curso FGV Wine Business

     

    9h20 – 9h40  —  O mercado brasileiro de vinhos e tendências internacionais

    Marcelo Copello | Especialista em vinhos e mercado; Sócio-diretor do Grupo BACO Multimídia

     

    9h40 – 10h10  —  Os Vinhos do Brasil no atual contexto social, político e econômico | Eliminação de ST por alguns estados, acordo MERCOSUL-UE, entre outros contextos e impostos

     

    10h10 – 10h40  —   A saga da família Rothschild

    Barão Philippe de Nicolay Rothschild | CEO do PNR Group

     

    10h40 – 11h10  —  Entrega Troféu Vinha Velha  –  4 prêmios do setor

     

    11h10 – 11h40  —  O mercado de bebidas no Brasil e no mundo | os números e oportunidades para o Vinho

    Thiago Torelli | Líder da área de bebidas na NIELSEN  Brasil

     

    11h40 – 12h10  —  O grande xadrez dos mercados que transformou o Brasil em importante importador de vinho

    Valdiney Ferreira | Coordenador do curso FGV Negócios do Vinho, Diretor Executivo da Vinisa Projetos

     

    12h10 – 12h30  —  Debates

     

    12h30 – 14h  —  Intervalo para almoço

     

    14h – 14h30  —  Os números e dados da importação de vinhos no Brasil, consumo e tendências do mercado

    Felipe Galtaroça | CEO da Ideal Consulting

     

    14h30 – 15h  —  Pró-Vinho - Abras, Abrasel, ABBA, Ibravin e profissionais do segmento |  conhecendo a entidade interprofissional que desenvolve estratégias para incentivar o consumo do vinho

     

    15h00 – 15h30  —  EBV - Empresa Brasileira de Vinificação | Fábrica de vinhos e sonhos – A trajetória vitoriosa desta nova empresa, seus prêmios e inovações

    Alejandro Cardozo | Sócio e enólogo Grupo EBV

     

    15h30 – 16h  — ENIWINE - A revolução do e-commercer de vinhos no Brasil 

    Marcelo Abrileri | CEO ENIWINE 

     

    16h – 16h30  —  Mesa redonda sobre mercado e debates | O momento do mercado, tendências, entraves e oportunidades

    Palestrantes do dia e convidado especial

     

    16h30 – 17h  — Perguntas

     

    17h  —  Momento networking | Encerramento 

     

    17h30 - Lançamento do livro Vinho e Mercado – fazendo negócios no Brasil, no próprio Centro Cultural FGV

    Autor Valdiney Ferreira

     

    INSCREVA-SE para o Semeninário clicando AQUI

     

    O evento é uma parceria entre o Grupo BACO Multimídia e a FGV Management/IDE Rio, contando com o apoio do Vinhos do Brasil e Ibravin

    O Grupo BACO Multimídia, idealizador e organizador do Rio Wine and Food Festival, é uma empresa de comunicação, consultoria e inteligência de mercado que tem na geração de conteúdo e nos eventos sua plataforma de atuação. É responsável pela edição da revista BACO, do Anuário Vinhos do Brasil, em parceria com o Ibravin, entre outros produtos editoriais. Seu portfólio inclui ainda mídia digital e uma série de eventos no Brasil e exterior, com destaque para a Grande Prova Vinhos do Brasil.

  • Postado por editora em em 03/05/2019 - 14:36

    Este livro estabelece o claro contraste entre a improvisação do ensino médio no Brasil e a necessidade de pensar e planejar cientifi camente o futuro. Aliás, esse nível de ensino serve apenas como exemplo, porque tal contraste se estende a muitas outras áreas das políticas educacionais e públicas. No caso em tela, verifica-se que o ensino médio se expandiu nos interstícios da escola primária e do ensino fundamental, ocupando espaços disponíveis e valendo-se de escassos recursos, como se fosse um “puxadinho” da casa. O patinho feio, entretanto, como em grande parte do mundo, cresceu, expandiu-se signifi cativamente, atingiu novos estratos sociais, na qualidade de educação de massa, e se volta para atender a novas necessidades, ao constituir uma meta de Educação para Todos, a ser atingida em 2015, conforme o encontro da Unesco em Dacar.
    Apesar de o Brasil, como outros países, continuar na inércia de acender os lampiões a gás, à sua volta quase tudo mudou. O ensino para poucos antes atendia a dois objetivos colidentes: formar para a educação superior ou para o trabalho, com os seus concluintes, neste último caso, renunciando tacitamente a continuar os seus estudos. Hoje, o ensino médio constitui legalmente uma etapa da educação básica, de modo que é impensável atender só a um desses objetivos históricos. Redimensionado e arejado, cabe-lhe constituir a escola formativa da adolescência e juventude, conferindo benefícios que justifiquem a permanência na escola por pelo menos mais três anos. Entretanto, mentalidades elitistas e conservadoras ainda o mantêm como um suplício para os jovens. Sem clara identidade, apresenta uma pletora crescente de componentes curriculares cada
    vez mais especializados e compartimentados que, no caso dos alunos de altas posições sociais, se converte em preparatório ou amestragem para ingresso nas instituições de educação superior públicas e gratuitas, um dos raros funis da educação brasileira. Para os menos privilegiados, com frequência o ensino médio é um quebra-cabeça de conteúdos a montar, sem atingir objetivos mínimos como dominar razoavelmente a língua portuguesa, pelo menos uma língua estrangeira e outras áreas do conhecimento. Muitos consideram que os “piores” problemas educacionais do Brasil estão no ensino médio. Tomamos a liberdade de discordar. Grande parte desses problemas se origina nas primeiras etapas da educação básica, tão marcadas pelo insucesso escolar.
    Essas dificuldades nos obrigam a tratar novos problemas com novas soluções, sob pena de resolvê-los. Que ensino médio queremos? Para onde vamos? Como os custos para a sociedade podem ser compensados com benefícios coletivos e individuais? Nada disso se improvisa. Não é possível perguntar, como Alice ao Gato, no país das maravilhas, de que modo ela podia sair do labirinto. Responde-lhe o Gato que depende de para onde ela quer ir. Isso ela não sabe: então qualquer caminho serve.
    Ao ter a honra de participar da banca de doutoramento do professor doutor Alvaro Chrispino, verifiquei que o seu trabalho, aperfeiçoado nesta obra, buscava respostas precisas para o futuro, ao delinear diversos cenários, do vigenteao mais desejável. Da maior relevância ainda, ao aplicar os cenários, não traçou uma utopia no lugar da situação mais desejável, ao contrário, delineou-a com realismo, fundamentado no melhor da literatura e na análise lúcida das condições histórico-sociais. Afinal, filósofos em particular, bem como parte dos verdadeiros cientistas e artistas, são sensíveis antenas para captar os ambientes e analisar os desafios do presente e do futuro, propondo-lhes as respostas mais adequadas. Pode haver devaneadores entre essas pessoas, porém o filósofo, o cientista e o artista são capazes de sintonizar-se plenamente com o seu tempo, são dotados de impressionante realismo. Tanto que alguns deles antecipam ideias e situações a longo prazo e, gerações depois, verifica-se que a realidade prevista chegou, não raro inesperadamente. É que os critérios usuais de julgamento envolvem uma área de penumbra, onde o futuro delineado com realismo, na estreiteza das perspectivas de um lugar e época, se confunde com o delírio.
    Para fazer e não só imaginar políticas públicas, cabe transitar entre o tacanho e a utopia, sem cair nos extremos. Quando apenas se administra opresente, os problemas emergentes de curto prazo, quando supomos fazer a política do possível esterilizamo-nos nas rotinas. Bem antes da nossa República se estabelecia a necessidade de prever para prover. Àquele tempo a história fluía como a areia de uma estreita ampulheta, muito mais lentamente que hoje. As comunicações estavam longe de construir sociedades em rede.
    Nosso último imperador, segundo conta a história, homem muito “viajado” para aquele período, admirou-se com o telefone e chamou a atenção para o invento: “Isto fala”. Na estratificação do sistema internacional de hoje apresentam vantagens para tomar os poucos elevadores disponíveis os países capazes de prever a longo prazo e de agir velozmente, antecipando cenários e buscando-os coerentemente. Até nas batalhas da Antiguidade vence quem melhor conhece o presente e antecipa o futuro. Que país queremos ser dentro de 20 anos ou mais? Que educação nos será exigida? Podemos errar no traçado de cenários, faz parte das sociedades de risco, mas será pior se nem ousarmos delinear e construir o futuro.
    Este livro, portanto, coloca à disposição dos educadores (mas não só deles) possibilidades para se mover do presente ao porvir. Acaso pretendemos desconhecer o fracasso escolar, semeado desde os primeiros anos de escolarização? 
    Pretendemos continuar a colher os frutos amargos muito antes do ensino médio? Pretendemos continuar ignorando o aborrecimento e o mal-estar dos jovens na escola? Esperaremos que até os alunos socialmente mais privilegiados se afastem da instituição escolar por não mais suportá-la? Buscaremos obrigatoriamente vinho velho com medo de romper os velhos odres? Todas estas questões são de profunda responsabilidade histórica.
    Se for o caso de remeter a um exemplo atual, podemos formular uma pergunta: que faremos quando a produção de petróleo atingir o seu pico e começar a descer a ladeira? Os Emirados Árabes Unidos já se fizeram essa indagação. Por fazê-la, decidiram desde já preparar-se para o fim dessa riqueza mineral, tornando-se um centro financeiro internacional e estruturando a sociedade e a economia do conhecimento. Não se trata de sonhos de uma noite de verão, nas areias do deserto. Ao contrário, eles hoje plantam numerosas universidades no deserto, segundo estratégias de longo prazo. Para isso, contratam o que há de melhor em cada área do conhecimento, procurando ter pelo menos dois centros de excelência, originados do exterior, em cada uma delas. Por ora são importadores de conhecimentos e instituições, mas preveem dar o salto, a partir desse trampolim, para se tornarem criadores e inventores. Essa hora chegará, com relativa margem de certeza. E o Brasil, quando deixará de administrar crises para antecipá-las? E a educação, o que pretende a longo prazo? Neste ano letivo as crianças de seis anos ingressaram no primeiro ano do ensino fundamental. Elas só completarão a educação básica daqui a 12 anos. Se continuarem na educação superior, poderão “terminar” o seu preparo daqui a 14, 16 ou 18 anos. Em que Brasil e que mundo elas viverão? Como o seu preparo nunca termina, mas se projeta ao longo da educação continuada, quando elas tiverem 80 ou 90 anos de idade, em face do prolongamento da longevidade, num país de idosos, que farão elas? Esses não são apenas sonhos ou cenários desejáveis, são exigências históricas para sobreviver num mundo onde se comprimem tempo e espaço.
    Este livro com certeza nos ajudará a responder a tais perguntas."

    2009

    Candido Alberto Gomes

    Titular da cátedra Unesco de juventude, educação e sociedade da Universidade Católica de Brasília

     

    Os cenários futuros para a educação

    Alvaro Chrispino

  • Postado por editora em Atualidades em 16/04/2019 - 14:48

    “Em 21 de julho de 1914, um combinado de jogadores pisou o relvado do Estádio das Laranjeiras para enfrentar a equipe inglesa do Exeter City e realizar aquela que seria consensualmente identificada como a primeira partida oficial da seleção brasileira.”

    Há quase 100 anos não era possível imaginar que o futebol se tornaria o esporte mais popular do Brasil, ganhando um “status de referencial de práticas e representações para grande parte da    população”, e que a seleção canarinho seria reconhecida mundialmente como a maior representante dessa modalidade esportiva.

    Essa relação apaixonada com futebol e a seleção nacional já é objeto de diferentes estudos desde a década de 1930, mas o olhar voltado à compreensão entre as relações institucionais e as interações com os universos cultural e político, desde o início da peleja até a conquista do Tri, é abordado de forma especial pelo historiador Carlos Eduardo Sarmento, em sua última publicação.

    Esses 56 anos de bola rolando são apresentados no livro “A construção da Nação Canarinho: Uma história institucional da seleção brasileira de futebol, 1914-1970”, lançado hoje, postumamente, no site da Editora FGV.

     

    Carlos Eduardo Sarmento faleceu em 16/03/2013.

    Arquivos:
  • Postado por editora em em 04/04/2019 - 15:26

    Alberto Guerreiro Ramos foi um dos intelectuais mais influentes do Brasil, tendo contribuído signifi cativamente para estabelecer as bases da sociologia brasileira. Precursor de uma perspectiva sociológica pós-colonial e, sobretudo, de uma epistemologia do hemisfério sul, adotou em seus trabalhos uma perspectiva crítica pioneira, antecipando discussões que estão na ordem do dia das ciências sociais. Este livro resgata algumas de suas contribuições mais importantes e ajuda a (re)pensar o Brasil de ontem, hoje e amanhã.

    Confira a apresentação da obra Guerreiro Ramos: entre o passado e o futuro

     

    Morto em 1982, as apreciações de Guerreiro Ramos hoje, neste primeiro quartel do século XXI, são cada vez mais atuais e necessárias à compreensão e à mudança organizacional, imprescindíveis de serem amplamente compartilhadas por todos aqueles que se dedicam à formulação teórica e à prática da gestão das organizações.
    Guerreiro Ramos pôs a nu os sofismas e as falsas concepções da teoria hoje prevalecente, cujo passamento – por ele atestado – não é de ser lamentado; é, ao contrário, um acontecimento auspicioso. 
    A teoria organizacional existente já não pode esconder seu paroquialismo. É paroquial porque focaliza os temas organizacionais de ponto de vista de critérios inerentes a um tipo de sociedade em que o mercado desempenha o papel de padrão e força abrangentes e integrativos. Torna-se muda, quando desafiada por temas organizacionais comuns a todas as sociedades. É também paroquial, porque se alimenta da fantasia da localização simples, isto é, da ignorância da interligação e da interdependência das coisas no universo; lida com as coisas como se elas estivessem confinadas em seções mecânicas de espaço e tempo.
    Uma visão mais atenta à trajetória da humanidade ao longo dos tempos nos leva à constatação de que a sociedade de mercado não é necessariamente inarredável. O seu protagonismo é bem recente, não tem mais do que 300 anos de história, a partir da Revolução Industrial. E mais ainda: não se aplica a todas as formas de atuação humana hoje existentes, ou mesmo que já existiram ou que existirão possivelmente no futuro. E, assim, a teoria das organizações não pode se circunscrever essencialmente à lógica do mercado, concentrando-se apenas em um tipo especial de ação do homem em sociedade: a que temos hoje no mundo das organizações empresariais e na mundialização de uma economia de consumo e de crédito.
    A presente teoria das organizações se encontra num beco sem saída. A humanidade constata no cotidiano que o aumento indefinido da produção de mercadorias e o progresso tecnológico indiscriminado não conduzem, necessariamente, ao desenvolvimento do potencial do homem. Nos limites dos interesses dominantes que prevaleceram no decurso dos três últimos séculos, a atual teoria das organizações já desempenhou o seu papel e cumpriu a missão que lhe cabia. A compreensão desse fato abre caminho para a elaboração de uma nova ciência multidimensional das organizações. Qualquer futuro que se visualize como um desenvolvimento linear da sociedade centrado no mercado será, necessariamente, pior do que o presente. A teoria das organizações deveria libertar-se de sua obsessão com o desenvolvimento e começar a compreender que cada sociedade contemporânea está potencialmente apta a se transformar numa boa sociedade se escolher se despojar da visão linear da história.
    A teoria das organizações consiste no uso consciente e deliberado de um conjunto de conceitos e sistemas operacionais cuja finalidade é levar as pessoas a interpretarem e agirem na realidade organizacional na direção e no sentido que os agentes dominantes do mercado desejam. As organizações são essencialmente instrumentais ou funcionais para o mercado. Não são substantivas, mas fundamentalmente adjetivas e complementares, funcionais. E, assim, a racionalidade instrumental da teoria das organizações se torna racionalidade geral, indistinta, aplicada sempre a quaisquer situações em que se integram pessoas se relacionando com pessoas, por meio de distintos usos de hierarquia, para a consecução de determinados objetivos.
    Nesse sentido, esta coletânea nos sugere, ou talvez até mesmo nos imponha, uma necessária reedição da obra seminal de Guerreiro Ramos, A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações.
    Por ocasião da primeira edição, os círculos intelectuais da gestão das organizações em todo o mundo foram abalados, mas praticamente não teve repercussões relevantes nas ações do cotidiano dos executivos e dos operadores no mundo das empresas e no universo da sociedade. Pensado e publicado originalmente em inglês, no Brasil ficou restrito a um pequeno círculo de discussão. Augura-se, agora, melhor oportunidade, tanto no Brasil como no exterior, para esse pequeno texto de incomensurável envergadura e densidade intelectual, na linha de uma teoria crítica das organizações. Talvez as comunidades acadêmica e profissional estejam mais preparadas para recebê-la e dela se beneficiarem.
     

     

    Guerreiro Ramos: entre o passado e o futuro

    Organizadores: Bianor Scelza Cavalcanti, Frederico Lustosa da Costa

     

  • Postado por editora em em 29/03/2019 - 17:16

    Da Coleção FGV de Bolso, o Livro de Carlos Fico - O Golpe de 1964: momentos decisivos, apresenta as conjunturas nacional e internacional anteriores ao golpe, passo a passo, e faz um apanhado geral da ditadura que se seguiu ao golpe.

    Traz, ainda, uma cronologia de eventos desde 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, até o AI2, em 1965.

    Confira a apresentação desta obra que, em formato de bolso, apresenta uma síntese atualizada das mais recentes e confiáveis descobertas historiográficas deste período da nossa história.

    O golpe de Estado de 1964 é o evento-chave da história do Brasil recente. Dificilmente se compreenderá o país de hoje sem que se perceba o verdadeiro alcance daquele momento decisivo. Ele inaugurou um regime militar que duraria 21 anos, mas, em 31 de março de 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto, não se sabia disso: o golpe não pressupunha, necessariamente, a ditadura que se seguiu. Como o golpe se transformou em uma ditadura? Muitas pessoas que o apoiaram arrependeram-se com o passar do tempo. Aliás, não foram poucos os que apoiaram o golpe: a imprensa, a Igreja Católica, amplos setores da classe média urbana. Instituições que, anos depois, se tornariam fortes opositoras do regime – como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) ou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) –, tiveram atitudes no mínimo dúbias naquele momento. Portanto, é preciso ter em mente que o golpe não foi uma iniciativa de militares desarvorados que decidiram, do nada, investir contra o regime constitucional e o presidente legítimo do Brasil. Houve apoio da sociedade.
    Creio que essas considerações preliminares são importantes. Muitas vezes, quando estudamos a ditadura militar – como eu tenho feito há tantos anos –, tendemos a ver o golpe de 1964 apenas como seu evento inaugural, mas ele foi mais do que isso. Representou a expressão mais contemporânea do persistente autoritarismo brasileiro, que já se manifestou em tantas outras ocasiões – como no outro regime autoritário republicano, o Estado Novo (1937-45). Portanto, talvez a pergunta essencial a se fazer seja: “por que tantos o apoiaram?”, em vez de apenas nos perguntarmos “como foi que se iniciou a ditadura militar?”.
    Os fenômenos históricos são complexos. Não há fatos simples. O bom entendimento histórico não é confortável, apaziguador: ele não equaciona o passado, nem nos dá respostas definitivas, mas nos faz pensar. No caso do apoio de parte da sociedade ao golpe de 1964, por exemplo, há complicadores.
    Se, por um lado, a imprensa, a Igreja Católica e parte da classe média – além dos empresários – apoiaram a derrubada de Goulart, existem, por outro lado, pesquisas confiáveis que mostram que a sociedade apoiava o presidente. Segundo o Ibope (que foi criado em 1942), às vésperas do golpe, Goulart tinha razoável apoio popular. O instituto doou acervo da época à Unicamp e o historiador Luiz Antonio Dias tem trabalhado o material. Segundo ele, as chances de vitória de Goulart seriam grandes no caso de o presidente disputar a reeleição em 1965. Contava com mais da metade das intenções de voto na maioria das capitais pesquisadas, perdendo para Juscelino Kubitschek apenas em Belo Horizonte e Fortaleza. 55% dos paulistanos entrevistados consideravam as medidas anunciadas no Comício da Central por Jango muito importantes para o povo. Em junho de 1963, Goulart era aprovado por 66% da população de São Paulo, mais do que o índice obtido pelo governador Adhemar de Barros (59%) e pelo prefeito Prestes Maia (38%). Pouco antes do golpe, a proposta de reforma agrária obteve apoio superior a 70% em algumas capitais e 72% da população apoiavam o governo de João Goulart. Isso comprova que a campanha de desestabilização de que foi vítima o presidente – que gerou propaganda massiva – não foi
    eficaz e, muito menos, suficiente para a derrubada de Jango.
    Os estudiosos do golpe de 1964 e do período histórico que se seguiu têm insistido em um ponto: não deveríamos usar as expressões “golpe militar” e “ditadura militar”, pois seriam mais corretas as designações golpe e ditadura “civil-militar”.
    A preocupação é louvável porque tem em vista justamente o fato de que houve apoio civil ao golpe e ao regime. Eu sustentaria, no entanto, um ponto de vista um pouco diferente: não é o apoio político que determina a natureza dos eventos da história, mas a efetiva participação dos agentes históricos em sua configuração. Nesse sentido, é correto designarmos o golpe de Estado de 1964 como civil-militar: além do apoio de boa parte da sociedade, ele foi efetivamente dado também por civis. Governadores, parlamentares, lideranças civis brasileiras – e até o governo dos Estados Unidos da América – foram conspiradores e deflagradores efetivos, tendo papel ativo como estrategistas. Entretanto, o regime subsequente foi eminentemente militar e muitos civis proeminentes que deram o golpe foram logo afastados pelos militares justamente porque punham em risco o seu mando. É verdade que houve o apoio de parte da sociedade também à ditadura posterior ao golpe – como ocorreu durante o período de grande crescimento da economia conhecido como “milagre brasileiro” –, mas, como disse antes, não me parece que apenas o apoio político defina a natureza de um acontecimento, sendo possivelmente mais acertado considerar a atuação dos sujeitos históricos em sua efetivação. Por isso, admito como correta a expressão “golpe civil-militar”, mas o que veio depois foi uma ditadura indiscutivelmente militar.
    Para os que o patrocinaram, o golpe foi a “revolução de 64”, a “revolução redentora”. Curiosamente, entretanto, existe uma designação que é aceita por militares e por ao menos um destacado intelectual comunista, Jacob Gorender, historiador autodidata falecido em 2013. Para muitos militares, Goulart planejaria um golpe, buscando manter-se no poder com o apoio das esquerdas que, afinal, o dominariam, tornando seu governo definitivamente comunista. Embora não existam provas que sustentem essa interpretação, os que pensam assim entendem que 1964 foi um “contragolpe preventivo” para evitar o “golpe” de Goulart. A tese é defendida tanto pelo coronel Jarbas Passarinho – ministro de Costa e Silva, da junta militar, de Médici e de Figueiredo, homem que aprovou o AI-5 com a famosa frase “às favas os escrúpulos de consciência” –, quanto pelo historiador Jacob Gorender – fundador do PCBR –, para o qual os golpistas tinham sobradas razões para agir “antes que o caldo entornasse”, já que, para Gorender, a dinâmica social anterior ao golpe era francamente revolucionária, “ponto mais alto das lutas dos trabalhadores brasileiros” no século XX. Em história, entretanto, não podemos analisar o que “poderia ter ocorrido” e não temos como sustentar teses sem o amparo de evidências empíricas.
    Penso este livro como uma conversa com o leitor. Espero convencê-lo de meus pontos de vista não porque me ponha em uma posição de autoridade, como a do historiador que sabe o que efetivamente aconteceu. A história enxerga a verdade como um horizonte utópico. Não é uma miragem, mas só podemos vê-la – permitam-me a aparente contradição – fechando os olhos. A palavra horizonte não tem apenas o sentido de campo de visibilidade de uma pessoa, mas também significa a representação dos limites da consciência, da memória, e quando formamos imagens visuais mentais nós fechamos os olhos. Mesmo o estabelecimento das chamadas “verdades factuais” é difícil, porque o acesso ao passado se dá através de vestígios que, frequentemente, são controversos.
    Dialogar com o leitor, expondo decididamente minhas dúvidas e incertezas, esse me parece ser o caminho certo para a busca, tantas vezes infrutífera, da verdade. Planejei este texto da maneira mais simples possível. Vou tratar de alguns antecedentes do golpe de 1964, da inesperada chegada de Goulart ao poder e da crise política que antecedeu sua derrubada. Em seguida, abordarei o golpe em si, os momentos dramáticos vividos pelo Brasil no final de março e início de abril daquele ano. Finalmente, veremos como o “golpe” virou “ditadura”, isto é, como o evento de março de 1964 tornou-se o inaugurador do mais longo regime autoritário do Brasil republicano.
    As citações de discursos e documentos foram retiradas dos jornais da época. As avaliações de autoridades norte-americanas foram encontradas no National Archives and Records Administration dos EUA para a pesquisa que publiquei em O grande irmão.
    Este é um livro pensado para o grande público, não tem natureza acadêmica. É um formato muito adequado para a manifestação mais “livre”, por assim dizer, de nossos pontos de vista, sem as amarras por vezes asfixiantes do formato universitário. Não vou recheá-lo com notas explicativas e bibliográficas, embora, para escrevê-lo, eu me ampare no conhecimento histórico acadêmico de alto nível que temos hoje no Brasil. É realmente notável como a historiografia brasileira evoluiu nos últimos 30 anos, especialmente no que diz respeito aos estudos sobre a história do Brasil republicano e, singularmente, sobre a história do regime militar. Isso certamente expressa o crescente interesse da sociedade brasileira sobre aquele período. Lembro-me de que, em 1994, quando do aniversário de 30 anos do golpe, poucos se interessaram pelos eventos que promovemos na universidade. Dez anos depois, em 2004 – marco dos 40 anos –, a imprensa acompanhou atentamente nossos seminários acadêmicos. Agora, nos 50 anos do golpe, o interesse é maior, inclusive em função dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade. Mas eu falava
    da historiografia: uma pequena bibliografia sobre o tema pode ser consultada no final do volume. Naturalmente, vou me basear também em minhas próprias pesquisas – e os raros leitores que já me conhecem saberão identificar uma ou outra evolução, uma que outra mudança de ponto de vista, pois tenho me beneficiado muito não apenas das pesquisas feitas por diversos colegas, mas também daquelas conduzidas pelos bacharelandos, mestrandos e doutorandos que tenho orientado – meus queridos alunos aos quais dedico este livro.

     

    O Golpe de 1964: momentos decisivos

  • Postado por editora em em 28/03/2019 - 13:41

    Dez anos após o início do Bolsa Família, quando este livro foi publicado, 13 milhões de famílias foram beneficiadas, ou seja, em torno de 1/4 da população. Sua capacidade progressiva na redistribuição dos recursos, revertendo um quadro que vínhamos pintando há décadas, traz consigo algo de transformador em um sistema com um caráter notadamenteconhecido por sua regressividade. Os números evidenciam que a política teve forte impacto na redução da desigualdade recente.

    Confira um trecho do livro da Coleçao FGV de Bolso, O Bolsa Família e a social-democracia, de Débora Thomé.

    No início dos anos 1990, uma nova geração de políticas sociaiscomeçou a ganhar espaço na América Latina: os Programas de Transferências Condicionadas (PTCs). Esses programas focalizados de combate à pobreza foram muito mais comuns na América Latina do que em outras regiões (Haggard e Kaufman, 2008). Eles têm por característica fundamental se tratar de uma política não apenas condicionada, mas também focalizada, não universal em seu sentido mais puro.
    Em termos gerais, os Programas de Transferência Condicionada podem ser definidos como aqueles que consistem em transferência de recursos financeiros a famílias abaixo de uma determinada linha de pobreza, as quais devem se comprometer a cumprir certas obrigações: há a exigência de contrapartidas tais como presença na escola e vacinação (no caso brasileiro). A combinação de auxílio monetário com exigências educativas e de saúde permitiria, ao menos em tese, atuar em duas frentes: no curto prazo, o alívio da pobreza; e, a longo prazo, com o desenvolvimento do capital humano, como uma forma de superar o mecanismo de reprodução intergeracional da pobreza. Esses programas se baseiam na premissa de que os mais pobres não têm oportunidades suficientes e estão mais expostos aos riscos. O que, no fim das contas, acaba significando grandes perdas de capital humano (Machinea, Titelman e Uthoff, 2006). Na região, a exigência de presença mínima na escola é recorrente, variando entre 80% e 90%, e há também cobranças quanto ao atendimento de saúde.
    O que ocorre nesse momento é uma mudança substancial no caráter das políticas sociais. Se antes os governos optavam por políticas ativas e passivas diretamente relacionadas ao mercado de trabalho ou programas para crianças, com elegibilidade bastante ampliada, os mesmos foram substituídos, em larga escala, por complementos de renda para famílias pobres; ou transferência em produto (como era o caso do brasileiro Fome Zero).
    Nos anos 1990, diante das mudanças, em maior ou menor profundidade, no sistema de pensões e no de saúde, visando a melhorar as condições fiscais a longo prazo, os programas focalizados eram uma interessante compensação: além de mais baratos, eram, muitas vezes, financiados por organismos internacionais.

    O gráfico – com dados de 2008 – evidencia o custo reduzido dos PTCs quando comparados não apenas com a parcela do PIB, mas também dentro do gasto social total. No Brasil, equivale a 0,41% do PIB (Frischtak, 2012).
    Essas políticas foram – e ainda são – amplamente apoiadas pelos organismos e bancos de fomento internacionais, tais como o Banco Mundial e instituições ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU). O que se propalava era que teriam maior eficiência por serem focalizadas, seriam mais interessantes em um contexto de recursos escassos e tinham o componente clientelista reduzido por serem centralizadas na federação.
    Dados tantos incentivos, acabaram se tornando uma política social constante nas agendas dos mais variados países, apropriadas por partidos de diferentes posições ideológicas, inclusive sendo um modelo exportado para outras regiões.
    Ocorre, mais que isso, uma homogeneização dos desenhos das políticas, de tal modo que os programas se assemelhavam até mesmo na quantia do benefício em países tão distintos como os do Cone Sul ou os do Caribe. Draibe (2009) chama a atenção para o fato de os Programas de Transferência de Renda Condicionada terem encontrado espaço nos mais diferentes países da região, com variados históricos de programas de proteção social. No fim dos anos 2000, alcançavam 22 milhões de famílias em 17 países latino-americanos. Nos casos de Equador e Brasil, por exemplo, mais de um quarto da população recebe o benefício. Especificamente no Brasil, em 2013, eram 13,8 milhões de famílias, ou cerca de 50 milhões de pessoas.

    Outro aspecto digno de destaque é que se desenvolveram tanto em países como Brasil e Chile, que têm alguma tradição de políticas de bem-estar, quanto em países caribenhos, ainda com precárias formas de proteção social. Um dos motivos apontados pela autora para a propagação e a manutenção do modelo está no fato de esses programas apresentarem boa resposta eleitoral, “o que leva governo e oposição a não apenas disputarem seu crédito, como prometerem sua perenidade” (Draibe, 2009).
    Muitos dos programas de combate à pobreza na região surgiram como resposta às enormes oscilações da economia, incluindo as crises graves, nos anos 1980. Ainda que, em sua origem, algumas dessas políticas de proteção social fossem temporárias, elas acabaram se tornando permanentes, devido aos efeitos prolongados das crises, incluindo aí o aumento do desemprego, da desigualdade e da pobreza.
    Documento da Cepal (Machinea, Titelman e Uthoff, 2006) destaca como um ponto positivo a síntese que esses programas fazem de elementos inovadores, quando comparados às políticas pregressas na região. Entre as características estão o fato de se tratar de transferências monetárias que vão diretamente às famílias, reduzindo, em diversos exemplos, a intervenção por parte dos políticos locais; a condicionalidade e a questão da intersetorialidade. Entre as principais inovações também está a responsabilidade compartida. Ao desenvolver um programa de transferência, a família passa a ser responsável por suas próprias opções de proteção ao risco.
    O formato costuma ser destacado uma vez que, na maioria dos casos, ao transferir o benefício diretamente à mulher, considera-se que ocorre o incremento de seu poder de decisão no processo. A família aparece sempre como unidade básica da concessão do benefício, principalmente concentrada nas mulheres, que, além das funções de destinatárias e administradoras do recurso, também participam, em muitos casos, das decisões locais quanto a tais políticas públicas.
    As condicionalidades impostas às famílias nos programas sociais implementados na América Latina não variam muito.
    Na educação, há a exigência da presença escolar mínima das crianças, que varia entre 80% e 90%. Quanto a saúde e nutrição, a transferência está condicionada a consultas aos postos de saúde para que possam receber vacinas ou, no caso das mães, para exames pré-natal.
    Muitos desses programas contam com recursos vastos e aplicam critérios de elegibilidade relativamente claros, o que acaba significando uma cobertura ampla, diferenciando-os de programas anteriores, que estavam mais sujeitos a processos não muito claros de seleção e se concentravam em regiões mais restritas.
    Os programas de transferência aos lares pobres têm efeitos mais imediatos, pois permitem a parcelas importantes da população melhorar seu bem-estar e aumentar a renda e o consumo, o que facilita a superação da situação de pobreza e indigência a curto prazo. O fato de terem a capacidade de solucionar as necessidades imediatas faz com que tais políticas sejam bastante atraentes aos grupos extremamente carentes (Coutinho e Santanna, 2008).
    Segundo a dupla de autores, as políticas focalizadas respondem não apenas a esse aspecto, mas também estavam de acordo com o contexto eleitoral. Setores excluídos passaram a ter papéis mais ativos para além do voto, nas negociações de grupos organizados.
    As avaliações dos programas de transferência na América Latina indicam que são positivos, a curto e a médio prazos, os efeitos na educação (taxas de matrícula, frequência escolar, aprovação e aumento da escolaridade). Também se pôde constatar a redução do trabalho infantil, bem como efeitos positivos nos serviços de saúde de prevenção e aspectos nutricionais.
    Na maioria dos programas de transferência, foi constatado o aumento da renda familiar, mesmo que, em alguns casos, não tenha sido suficiente para reduzir de forma contumaz os índices de pobreza. A focalização também está bem-sucedida: mesmo precisando ser mais concentrada no grupo de menor renda, a maioria dos beneficiados pertence aos dois quintis mais pobres da população de cada país analisado.
    Além disso, de acordo com Frischtak (2012), “A elevada diferença de gastos per capita e o foco exclusivo nos mais pobres garantem que sob qualquer métrica a eficácia das transferências do programa Bolsa Família é possivelmente superior às demais”.

    O Bolsa Família e a social-democracia

  • Postado por editora em em 26/03/2019 - 16:02

    Confira a apresentação dos organizadores Luciano Aronne de Abreu e Rodrigo Patto Sá Motta sobre a obra Autoritarismo e cultura política, uma coedição com a Editora da PUC do Rio Grande do Sul.

    A aproximação analítica entre os temas Autoritarismo e Cultura Política, abrangendo o Brasil e outros países latino-americanos (Argentina, Chile e Uruguai), pode gerar chaves interpretativas e
    explicativas inovadoras para a história da região. Com efeito, tais nações passaram por experiências autoritárias recentes que, em boa parte, contribuíram para a sua configuração atual, quer seja pela ação direta na moldagem de suas estruturas econômico-sociais contemporâneas, quer seja pela própria reação adversa que geraram na forma de movimentos de combate a esses regimes e suas heranças ainda atuantes, em especial no campo da construção da memória.
    O enfoque ganha especial pertinência quando consideramos que, em alguns desses países, como o Brasil, o autoritarismo não é um fenômeno político recente, mas possui uma vasta História. Não apenas porque tais países já tenham passado por regimes não democráticos anteriormente, mas porque também eles foram palco da elaboração de toda uma tradição teórica autoritária, ou seja, de intelectuais que pensaram e projetaram a sociedade (brasileira e latino-americana) como incompatível com a democracia liberal. E muitos elementos desse pensamento autoritário eram compartilhados ou apropriados por outras correntes de pensamento – mesmo à esquerda do espectro político-intelectual – e, inclusive, pelos grandes meios de comunicação, alcançando uma abrangência maior que o restrito círculo dos intelectuais. Dessa maneira, torna-se muito pertinente procurar associar o autoritarismo à cultura política, na medida em que as bases do pensamento autoritário contribuíram difusamente na própria maneira como a realidade política dessas sociedades vem sendo concebida ao longo das últimas décadas.
    Por outro lado, há que se considerar também a manifestação de determinados traços de cultura política tanto nos períodos de governo autoritário quanto nas fases consideradas democráticas. Tendo em vista especialmente o caso brasileiro, podemos mencionar como exemplos o reiterado recurso à conciliação entre setores da elite, a reprodução de práticas clientelistas, o arraigado corporativismo e a tradicional personalização das relações políticas.
    Sob a inspiração desses pressupostos teóricos, selecionamos e convidamos os autores que contribuem para esta coletânea, na expectativa de oferecer reflexões úteis à compreensão da história política do Brasil e de países do Cone Sul.A aproximação analítica entre os temas Autoritarismo e Cultura Política, abrangendo o Brasil e outros países latino-americanos (Argentina, Chile e Uruguai), pode gerar chaves interpretativas e explicativas inovadoras para a história da região. Com efeito, tais nações passaram por experiências autoritárias recentes que, em boa parte, contribuíram para a sua configuração atual, quer seja pela ação direta na moldagem de suas estruturas econômico-sociais contemporâneas, quer seja pela própria reação adversa que geraram na forma de movimentos de combate a esses regimes e suas heranças ainda atuantes, em especial no campo da construção da memória.
    O enfoque ganha especial pertinência quando consideramos que, em alguns desses países, como o Brasil, o autoritarismo não é um fenômeno político recente, mas possui uma vasta História. Não apenas porque tais países já tenham passado por regimes não democráticos anteriormente, mas porque também eles foram palco da elaboração de toda uma tradição teórica autoritária, ou seja, de intelectuais que pensaram e projetaram a sociedade (brasileira e latino-americana) como incompatível com a democracia liberal. E muitos elementos desse pensamento autoritário eram compartilhados ou apropriados por outras correntes de pensamento – mesmo à esquerda do espectro político-intelectual – e, inclusive, pelos grandes meios de comunicação, alcançando uma abrangência maior que o restrito círculo dos intelectuais. Dessa maneira, torna-se muito pertinente procurar associar o autoritarismo à cultura política, na medida em que as bases do pensamento autoritário contribuíram difusamente na própria maneira como a realidade política dessas sociedades vem sendo concebida ao longo das últimas décadas.
    Por outro lado, há que se considerar também a manifestação de determinados traços de cultura política tanto nos períodos de governo autoritário quanto nas fases consideradas democráticas. Tendo em vista especialmente o caso brasileiro, podemos mencionar como exemplos o reiterado recurso à conciliação entre setores da elite, a reprodução de práticas clientelistas, o arraigado corporativismo e a tradicional personalização das relações políticas.
    Sob a inspiração desses pressupostos teóricos, selecionamos e convidamos os autores que contribuem para esta coletânea, na expectativa de oferecer reflexões úteis à compreensão da história política do Brasil e de países do Cone Sul.

    Autoritarismo e cultra política

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