Matias Spektor

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Entrevistas em 08/01/2014 - 11:00

    Em 16 de janeiro de 1974 Azeredo da Silveira monta sua estratégia geral antes de assumir o comando do Itamaraty, a convite do então presidente Ernesto Geisel.

    O documento "Política externa brasileira: seus parâmetros internacionais", que completa 40 anos no próximo dia 16, foi a base de uma das transformações mais profundas no comportamento internacional do Brasil, através de uma política externa ambiciosa e ousada defendida e aplicada por Silveira.

    Conversamos com Matias Spektor, organizador do livro Azeredo da Silveira: um depoimento, que, direto do Reino Unido, nos deu a honra de apresentar um pouco mais sobre essa figura histórica que foi, e é, Azeredo da Silveira.

    Confira:

     

    Quem foi Azeredo da Silveira?

    Ele foi ministro das Relações Exteriores do governo Geisel (1974-79), e durante sua gestão o Brasil assistiu a um processo intenso de ascensão internacional. Algo parecido como o que vimos durante o governo Lula.

    Em que consistiu essa ascensão?

    Ela teve dois aspectos fundamentais. Primeiro, Silveira reverteu a política sul-americana. Antes, ela era defensiva. Existia a crença de que qualquer tipo de assertividade na região levaria a uma reação contrária, liderada pela Argentina. Silveira pagou para ver. O resultado disso foram grandes acordos de infraestrutura: Itaipu com o Paraguai, gasoduto com a Bolívia, acordos de Jaguarão e Lagoa Mirim com o Uruguai, Tratado de Cooperação Amazônica com os países andinos.

    Qual o segundo elemento?

    Silveira negociou com êxito uma bateria de mecanismos de consulta de alto nível com Washington, Londres, Paris, Roma, Bonn e Tóquio. À época, ainda não existia o diálogo regular entre países industrializados e países em desenvolvimento. Ao formalizar esses acordos, Silveira obteve o reconhecimento de terceiros de que o Brasil merecia status especial. Silveira ainda abriu uma política para a África negra, especialmente para as ex-colônias portuguesas que, até aquele momento o Brasil ignorava. E criou uma política para o Oriente Médio e a China pela primeira vez.

    Qual a trajetória profissional de Silveira?

    É muito interessante. Ele começou a carreira diplomática ainda muito jovem e fez parte da geração de diplomatas que encerraram o paradigma americanista da época de Osvaldo Aranha. Junto a um punhado de colgas, Silveira esteve na dianteira do que seria o lado diplomático do nacional-desenvolvimentismo: a criação da UNCTAD, a negociação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o estabelecimento de um diálogo Norte-Sul.

    Existem biografias escritas sobre ele?

    Não, lamentavelmente. Ele não deixou memórias nem foi sistemático em suas notas pessoais. Mas seu arquivo, depositado no Cpdoc/FGV, é riquíssimo (e ainda pouco estudado). E ele deixou mais de vinte horas de depoimento ao Cpdoc que agora podem ser lidas em “Azeredo da Silveira: um depoimento”.

    Matias Spektor ainda nos apresenta uma verdadeira aula sobre Silveira no site http://silveiradepoimento.com.br/site/, que também disponibiliza documentos secretos do período de 1974 a 1979, quando nosso personagem foi ministro das Relações Exteriores.

    Capturar

     

     

    Azeredo da Silveira: um depoimento

    Matias Spektor

    Em comemoração aos 40 anos do pragmatismo de Silveira, os exemplares estão 30% de desconto:

    Impresso: R$49,70 (R$71,00)

    eBook: R$35,00 (R$50,00)

     

     

     

     

     

     

    Confira outras obras de Matias Spektor publicadas pela Editora FGV:

     

    O que a China quer? e Os Brics e a ordem global

    Ambas da Colelção FGV de Bolso | Série Entenda o Mundo

     

    Veja também a matéria de hoje de sua coluna na Folha de S. Paulo.

  • Postado por editora em Entrevistas em 26/06/2012 - 19:13

    A área de Relações Internacionais está em franco crescimento no Brasil. Cursos se multiplicam; vagas de emprego, idem. Para atender à demanda de estudantes e profissionais por livros atuais e de qualidade, que reflitam sobre o papel do Brasil também através de uma perspectiva interna, a Editora FGV investe em publicações na área.

    Fizemos 3 perguntas a Matias Spektor, doutor pela Universidade de Oxford, coordenador do Centro de Relações Internacionais da FGV e professor e pesquisador do CPDOC. Confira:

    1. O que são Relações Internacionais?

    Relações Internacionais é a disciplina que estuda as principais dinâmicas que dão forma ao sistema internacional. Busca entender a lógica da competição entre as visões de ordem global que circulam pelo mundo e que estão permanentemente em choque. E o estudo da política internacional sempre traz embutido uma preocupação ética: como se faz para criar um mundo que seja minimamente estável, justo e afluente?

    2. Por que a área é cada vez mais valorizada no Brasil?

    Por um lado, o país tornou-se mais relevante para o mundo e é um ator sem o qual não se pode fechar qualquer negociação global nas áreas de economia e finanças, energia, comércio e meio ambiente. Estamos mais ativos em questões de segurança, ajuda internacional para o desenvolvimento, operações de paz e somos o principal motor da integração regional na América do Sul. Por outro lado, o mundo ficou mais importante para o Brasil: o que acontece aqui depende diretamente de eventos internacionais que nós, brasileiros, não podemos controlar, mas podemos e devemos entender.

    3. Quais os desafios do mercado editorial em RI?

    Precisamos traduzir para o português a riquíssima produção internacional. E também precisamos publicar o trabalho de grandes talentos brasileiros que trabalham na área.

    Confira os títulos da Editora FGV em Relações Internacionais!

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