Lapes

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 09/09/2014 - 17:58

    O Ateliê do pensamento social é um projeto criado em 2011 pelo Laboratório de Pensamento Social (Lapes) do CPDOC-FGV com o objetivo de criar um espaço para o debate horizontal e criativo sobre o fazer das pesquisas.

    O livro Ateliê do pensamento social: ideias em perspectiva global nasceu dos ensaios apresentados pelos convidados da segunda edição do Ateliê e será lançado no dia 12 de setembro, ao final da 4ª edição do projeto.

    Os 5 textos dos respectivos capítulos são de Sujata Patel, Maurício Tenório, Elías J. Palti, Lilia Schwarcz e Cherry Schrecker.

    Patel (University of Hyderabad) inicia o capítulo Rumo ao internacionalismo: para além das sociologias colonial e nacional da seguinte forma: "Neste texto, apresento dois conjuntos de questões. Em primeiro lugar, dados os vínculos orgânicos entre poder e conhecimento, que enquadramentos das ciências sociais hegemônicas organizam o conhecimento global/internacional? Em segundo lugar, que procedimentos devem ser mobilizados para deslocar essas tendências hegemônicas nas ciências sociais globais/internacionais? Antes de responder a essas questões, é importante recordar um princípio que governou a história do crescimento das ciências sociais no mundo. Desde a sua emergência na Europa do século XIX, as teorias e perspectivas das ciências sociais têm sido constantemente confrontadas e desafiadas por aqueles que questionam sua orientação hegemônica e, desse modo, sua abordagem conservadora e favorável ao establishment. Tais desafios têm apresentado não apenas um novo enfoque no estudo da mudança e transição para a modernidade, mas também buscado mapear as teorias que tratam do vínculo íntimo e orgânico entre conhecimento e poder."

    No segundo capítulo Como escrever hoje a história das ideias e dos intelectuais de uma perspectiva comparativa, transnacional?, Tenório (University of Chicago) inicia com: "O “como?” convoca ou ao tractus metodológico ou ao simples manual de uso; ou a sisudas elucubrações sobre a harmonia e o compasso ou à guitarra no pescoço, a pulsar os dedos sobre as cordas e “isto é tocado assim e assado”. O primeiro é necessário, mas pouco útil para dominar o instrumento; o segundo é prático, mas não dá para generalizar “assim é a música”, para além de cada peça, de cada momento particular. De meu ofício (historiador) derivo uma maneira peculiar de encarar o duplo desafio do “como?”. Converto, pois, o enorme “como?” em “como escrever hoje…?”, em uns quantos e modestos por ques e quês."

    Palti (Universidad Nacional de Quilmes) apresenta O problema de “As ideias fora do lugar” revisitado: para além da “história das ideias na América Latina” iniciando seu ensaio assim: "Em 1973, Roberto Schwarz publicou um artigo que marcou profundamente uma geração de pensadores na América Latina: “As ideias fora do lugar”.1 O objetivo final de Schwarz era refutar a crença nacionalista de que bastava aos latino-americanos se livrarem dos seus “trajes estrangeiros”, um conjunto de categorias e ideias importadas da Europa e repetidas submissamente pela elite local europeizada, para encontrarem a sua “essência verdadeira, interior”.2 Seguindo os princípios da teoria da dependência, Schwarz sustenta que não existe algo como uma “cultura brasileira nacional” anterior à cultura ocidental. Aquela é não apenas o resultado da expansão desta, mas também constitui parte integral dela: “em estética, como em política”, ele afirmou, “o Terceiro Mundo é parte orgânica da cena contemporânea” (Schwarz, 1997:28)".

    O quarto capítulo, intitulado Nicolas-Antoine Taunay e suas ideias em trânsito: a arcádia com trópico, é escrito por Lilia Schwarcz (USP) e inicia  com as seguintes colocações: "Foi Jean Starobinsky quem afirmou que o que mais interessa entender é o “trânsito de ideias, imagens e referências”; do que supor que uma teoria se encerra em si mesma, ou que pinturas se referem apenas ao contexto e circunstância que pretendem representar (Starobinsky, 1989). Ao contrário, desde sempre foram a circulação e as constantes ressignificações que daí advêm que permitem observar uma produção cultural sem essencializá-la ou buscar cair na vulgata da originalidade absoluta ou da inventividade individual."

    O livro é encerrado pelo capítulo de Cherry Schrecker (Université de Lorraine) que apresenta o tema Desenvolvendo pesquisa sobre intercâmbios transatlânticos: o exemplo da New School for Social Research conforme a seguir: "A pesquisa sobre os modos como as ideias viajam tem sido realizada com referência a uma série de pontos de interesse. A atenção tem sido focada nos “portadores” (Lazarsfeld, 1969:271), que são as pessoas que viajam trazendo as ideias consigo. Suas histórias têm sido contadas de várias formas, inclusive autobiografias, biografias ou prosopografias. As pessoas viajam por uma série de razões, como visitas culturais e acadêmicas ou emigração e exílio."

    A obra apresenta abordagens que estimulam o pensamento sob outros ângulos de análise, debatendo de forma prática e direta a metodologia de pesquisa para os estudos sobre ideias, textos e intelectuais, e demais práticas que configuram, segundo seus organizadores, a “cozinha” da pesquisa.

    O professor João Marcelo Ehlert Maia, um dos organizadores do projeto e do livro, termina a apresentação da obra com o seguinte parágrafo:

    Atelie do pensamento social

     

     

    "Este livro, portanto, deve ser visto também como um livro-referência,
    espécie de guia aos interessados no estudo das ideias e dos intelectuais.
    Graduandos, mestrandos, doutorandos e professores muito poderão aprender com as diversas perspectivas analíticas aqui apresentadas, bem como com as histórias das pesquisas aqui contadas. Esperamos que os leitores desta obra se tornem, nos próximos anos, participantes do Ateliê. Boa leitura."

     

    Ateliê do pensamento social: ideias em perspectiva global

    Impresso: R$39

    Ebook: R$26

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