democracia

  • Postado por editora em em 30/03/2017 - 14:52

    A democracia impedida: o Brasil no século XXI, obra do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, traz uma análise das etapas do processo que culminou com o impedimento da presidente Dilma Rousseff. O livro foi escrito ao longo de 2016, ano em que se viu a polarização de opiniões entre os que acreditam na legalidade do impedimento da ex-presidente e aqueles que estão convencidos de ter havido um golpe de Estado, entre eles o autor.

    Na obra, ele expõe o percurso do impeachment, desde a “fabricação do precedente ideológico para rupturas constitucionais”, passando pelas passeatas de 2013, até a sessão de 17 de abril de 2016, da Câmara dos Deputados, que autorizou a instauração do processo de impeachment.

    Entre os pontos que fazem parte da narrativa do autor estão o exame do comportamento dos eleitores às vésperas das eleições de 2014; a reeleição da presidente, as heranças do seu governo anterior e as insatisfações políticas com medidas no novo mandato; as comparações e distinções entre os eventos de 1964 e 2016; a democracia representativa, o golpe constitucional e o golpe parlamentar; as bases aliada e de oposição; e os eventos políticos históricos e contemporâneos de outros países.

    Confira o prefácio da obra:

    "Este não é um livro de propaganda, mas de interpretações críticas, em que pressuponho no adversário o mesmo empenho com que busco entender a complexidade da democracia moderna.
    Se toda interpretação divergente resultasse de deliberada má-fé, não haveria sentido criticá-la. A expectativa de persuadir se justifica na medida em que a disposição de mudar de opinião, se persuadido pela argumentação contrária, seja axioma comum ao intérprete e ao leitor.
    Este não é um livro inocente. Ideias competem não apenas com ideias, mas com interesses. Meu interesse está associado à confiança no potencial das reflexões que exponho. Mas acredito que o melhor entendimento das conexões entre reflexão e compromissos práticos ajuda a ambos. Nem sempre a supremacia política está fundada em conceitos produtivos, daí a peculiar responsabilidade das ideias: erros têm consequências, nem sempre reversíveis.
    Em meu lance de abertura, entendo que o golpe em curso no Brasil expressa rombuda submissão da inteligência empresarial ao interesse do oportunismo político. Em sã consciência, nenhum conservador acredita que as deficiências do governo de Dilma Rousseff recomendavam o extremo de uma cesura constitucional em favor da entrega do poder nacional à medíocre confraria que o usurpou. O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) não tem histórico de estadistas, mesmo que reacionários, mas de habilíssimos articuladores parlamentares. Os recursos com que contaram sempre, vazios do ponto de vista intelectual, eram abundantemente abonados em empregos e falcatruas; nenhuma ideologia, porém fartos interesses miúdos. Até mesmo a grande predação escapava à capacidade operacional de seus quadros, vista a evidência de que os graúdos e recentes ladrões da Petrobras não eram ligados a partidos ou, na maioria, pertenciam ao Partido Progressista (PP). Os peemedebistas já descobertos vendiam-se por migalhas. Medo do flagrante levou-os à sandice do golpe burocrático parlamentar, com a conivência das elites conservadoras, mas socialmente fracassado, sem perspectiva de redenção. Meliantes sem projeto de futuro, os intrusos no poder afagam os grandes cartéis de interesse, gigantes internacionais que lhes deem cobertura na rede cosmopolita em que são penetras, adotando-lhes as ideias, protegendo-lhes os interesses.
    A trapaça nacional compõe capítulo suburbano de eminente processo de longa duração em que as utopias de sociedade fundadas na solidariedade foram dizimadas pela horda dos acumuladores e concentradores de lucros. Essa história tem um sentido, sentido disputado por filósofos e analistas sociais. É com esse confronto maior de interpretações que o presente volume está comprometido.
    O entreato brasileiro se inscreve no processo de profunda ruptura civilizatória em que a ideia de democracia como liberdade e autonomia submergem diante da versão de democracia como riqueza sem limite legítimo e poder sem constrangimento de afronta. É razoavelmente factível iludir pessoas de boa-fé quanto ao vero caráter da política brasileira atual. O Brasil ingressa no modo brutamontes de seus governantes na arena internacional do século XXI – de que o prestígio da estupidez dos esportes de violência desregrada constitui iluminado símbolo.
    Este livro foi escrito veloz, mas não apressadamente. O núcleo da problemática contemporânea da democracia ocupa a agenda de grande número de estudiosos, e, em particular, os eventos dos dois últimos anos no Brasil se introduziram em pesquisa com que tenho estado intermitentemente envolvido, e que, longe de terminada, favoreceu incorporar a crise nacional em dramático contexto internacional." (Continua)

    A democracia impedida: o Brasil no século XXI

    Wanderley Guilherme dos Santos

  • Postado por editora em em 21/03/2017 - 07:58

    Este livro de Mariana Bruce analisa um dos temas mais transcendentais da conjuntura latino-americana contemporânea: as profundas transformações do Estado a partir da construção de uma democracia que transborda amplamente a dimensão representativa para outorgar à participação popular um rol central com a configuração de espaços e instrumentos de ação política e social crescentes.
    Produto de uma ampla pesquisa de campo, a obra faz um balanço dos 13 anos de governo bolivariano na Venezuela e do papel protagônico dos consejos comunales, convertidos em poder do Estado, como instrumento central não apenas para um projeto de democracia participativa, mas também para uma gestão da própria vida social, de seus problemas cotidianos e para a reapropriação das visões de futuro e dos projetos coletivos.
    A pesquisa que sustenta este livro analisa com cuidado a relação entre a ação social organizada, herdeira de um legado histórico e de uma prática comunitária anterior ao governo de Hugo Chávez, e o poder político como espaço de disputa e, ao mesmo tempo, de construção social.
    Em última instância, trata-se de um povo que encontrou na participação popular uma ferramenta poderosa para viabilizar um novo modelo societário e uma nova visão de mundo. Certamente, essa experiência está marcada por permanentes tensões, que refletem as contradições dos interesses em jogo e os desafios de um processo em construção e reinvenção permanente.
    Repensar o Estado, repensar a democracia à luz da riqueza das transformações que ocorrem na América Latina, coloca-se como tarefa urgente e de grande envergadura teórica e política. Cabe à academia, comprometida com a compreensão profunda da realidade na qual está imersa, assumir esse defesa. O livro que o leitor tem em mãos é uma contribuição de particular riqueza para essa tarefa.

    No dia 23 de março, Mariana Bruce promove uma roda de conversa sobre esse tema com Danilo Spinola Caruso, Eduardo Scheidt, Felipe Addor, Flávio Túlio Ribeiro Silva, Rafael Araújo e Vicente Ribeiro.

    O papo será na Livraria da Travessa de Botafogo e todos estão convidados.

    Confira o prefácio da obra a seguir.

    "Num momento em que vivemos uma grave crise de legitimidade dos sistemas políticos em todo o mundo, este livro de Mariana Bruce é inspirador. Fugindo do caráter normativo do que seja a Revolução ou a Democracia, a autora nos abre caminhos extremamente férteis para pensar/agir os contraditórios processos emancipatórios
    em curso na América Latina. Ao recusar a ideia de “Revolução é…” ou “Democracia é…”, que ao congelar esses conceitos no mundo sobrelunar das ideias instaura uma ditadura do pensamento, a autora nos convida a mergulhar no terreno movediço da história em que a vida teima em ser reinventada na perspectiva emancipatória pelos grupos subalternizados. E o faz analisando uma experiência na qual a riqueza do que vem sendo vivido tem sido ofuscada pelo maniqueísmo teórico-político, mais correto seria dizer ideológico, com que vem sendo abordada: a Venezuela.
    Distinguir o popular do populista; o poder constituinte do constituído; a complexa relação líder/povo — tudo isso é analisado com uma pesquisa refinada na qual, mais que explicações, a autora nos brinda com as profundas implicações da invenção democrática por que passa esse país, muito além do maniqueísmo que não só empobrece sua compreensão, como, mais grave ainda, nos impede de ver a importância dessa experiência para o pensar/agir emancipatório, sobretudo depois da queda do Muro de Berlim. Afinal, depois de vermos uma revolução como a russa, que teve como palavra de ordem “todo poder aos sovietes”, cair após 80 anos sem que nenhum soviete houvesse para defendê-la, tornarmos a ver uma história em que a comuna volta a ser a busca do autogoverno, como na Venezuela, não é uma questão qualquer. E a autora, com um estudo denso, e de dentro de um desses conselhos/dessas comunas, nos mostra como se desenvolve esse processo em que um líder popular no sentido mais forte da palavra, talvez por suas melhores qualidades, desempenha um papel contraditório nesse caminho para a emancipação.
    Vale a pena ler com atenção, até porque em cada canto da América Latina/Abya Yala, tal como um fractal, há um pedaço de cada um de nós." (Carlos Walter Porto-Gonçalves)

    Estado e democracia nos tempos de Hugo Chávez (1998-2013)

     

  • Postado por editora em em 10/01/2017 - 12:09

    Quase quatro anos após o anúncio da morte de Hugo Chávez, ocorrida em 5 de março de 2013, sua ausência, somada às especulações sobre sua morte prematura, agitou as redes sociais e as mídias nacional e internacional com projeções das mais variadas sobre o que aconteceria com a Venezuela se o presidente realmente viesse a falecer. Sua morte representaria o fim da chamada Revolução Bolivariana? O chavismo teria condições de sobreviver sem Chávez?

    A obra Estado e democracia nos tempos de Hugo Chávez (1998-2013), que acabamos de publicar, analisa a atuação do governo de Chávez e as profundas transformações do Estado Venezuelano a partir da construção de uma democracia que transborda a dimensão representativa para conceder ao povo uma atuação participativa e protagônica nas decisões políticas, através do chamado “socialismo do século XXI”.

    A pesquisa da historiadora Mariana Bruce analisa a relação entre a ação social organizada, herdeira de um legado histórico e de uma prática comunitária anterior ao governo de Hugo Chávez, e o poder político como espaço de disputa e, ao mesmo tempo, de construção social, apesar das contradições dos interesses em jogo e dos desafios de um processo em construção e reinvenção permanentes.

    O prefácio do professor Carlos Walter Porto-Gonçalvez nos indica, de forma precisa e elucidativa, a grande contribuição desta pesquisa. Confira:

    "Num momento em que vivemos uma grave crise de legitimidade dos sistemas políticos em todo o mundo, este livro de Mariana Bruce é inspirador. Fugindo do caráter normativo do que seja a Revolução ou a Democracia, a autora nos abre caminhos extremamente férteis para pensar/agir os contraditórios processos emancipatórios em curso na América Latina. Ao recusar a ideia de “Revolução é…” ou “Democracia é…”, que ao congelar esses conceitos no mundo sobrelunar das ideias instaura uma ditadura do pensamento, a autora nos convida a mergulhar no terreno movediço da história em que a vida teima em ser reinventada na perspectiva emancipatória pelos grupos subalternizados. E o faz analisando uma experiência na qual a riqueza do que vem sendo vivido tem sido ofuscada pelo maniqueísmo teórico-político, mais correto seria dizer ideológico, com que vem sendo abordada: a Venezuela.

    Distinguir o popular do populista; o poder constituinte do constituído; a complexa relação líder/povo — tudo isso é analisado com uma pesquisa refinada na qual, mais que explicações, a autora nos brinda com as profundas implicações da invenção democrática por que passa esse país, muito além do maniqueísmo que não só empobrece sua compreensão, como, mais grave ainda, nos impede de ver a importância dessa experiência para o pensar/agir emancipatório, sobretudo depois da queda do Muro de Berlim. Afinal, depois de vermos uma revolução como a russa, que teve como palavra de ordem “todo poder aos sovietes”, cair após 80 anos sem que nenhum soviete houvesse para defendê-la, tornarmos a ver uma história em que a comuna volta a ser a busca do autogoverno, como na Venezuela, não é uma questão qualquer. E a autora, com um estudo denso, e de dentro de um desses conselhos/dessas comunas, nos mostra como se desenvolve esse processo em que um líder popular no sentido mais forte da palavra, talvez por suas melhores qualidades, desempenha um papel contraditório nesse caminho para a emancipação.

    Vale a pena ler com atenção, até porque em cada canto da América Latina/Abya Yala, tal como um fractal, há um pedaço de cada um de nós."

    Estado e democracia nos tempos de Hugo Chávez (1998-2013)

    Mariana Bruce

  • Postado por editora em em 14/07/2016 - 15:36

    Com base em uma extensa pesquisa bibliográfica e documental, o livro Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas na institucionalização de serviços de inteligência, analisa a dinâmica operacional, os desenhos organizacionais e os diversos mecanismos de controle público das atividades de segurança. A discussão sobre o ciclo de atividades de inteligência leva o leitor aos diversos circuitos de operação das atividades nessa área, expondo as engrenagens responsáveis pela expansão das operações de inteligência calcada nos desenvolvimentos tecnológicos das comunicações, bem como na inércia burocrática que preside a regulaçao pública da informação. Da mesma forma como não existe uma racionalidade inerente a essa expansão, já que é fruto das decisões e não-decisões de atores relevantes, em face das definições nacionais de segurança e limites da tecnologia disponível, também se mostra estreito o limite entre o legal e o não-legal, multiplicando-se as dificuldades para o controle efetivo das atividades nessa área.

    A obra volta a ser disponibilzada em nosso site, no formato ebook.

    Confira parte da introdução:

     

     

    Espionagem e democracia: agilidade e transparência como dilemas
    na institucionalização de serviços de inteligência

    Marco A. C. Cepik

    Editora FGV

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques em 04/08/2014 - 15:38

    Redemocratização e mudança social no Brasil reúne um conjunto de ensaios – organizado por Maria Celina D'Araujo – que levanta o debate sobre um estilo de vida centrado na liberdade e na igualdade vivenciadas e produzidas hoje por um novo ator social: o indivíduo autônomo, que é centro, meio e fim da vida coletiva. Nesse viés, o livro destaca questões como a comunicação globalizada, a supressão aparente de barreiras geográficas e epistemológicas e os fenômenos sociais acentuados justamente por essa nova dimensão.

    Estruturada como uma organizada miscelânea de assuntos tratados a partir de perspectivas bem marcadas, que ressaltam a importância maniqueísta das simetrias e polaridades no processo da formação socioeconômica do Brasil – trazendo à tona a abertura ou a reação ao mercado como a instituição central da modernidade –, a obra apresenta reflexões sobre o elo entre partidos políticos, elite dirigente e governo; a escola como instrumento básico de democratização; a cidade como espaço a ser discutido em face de um novo conjunto de identidades e agenciamentos; e o debate das questões relacionadas à violência e sobre os processos de imigração (e tráfico) envolvendo significativamente a mulher.

    O livro tem como ponto alto a abordagem de variados aspectos das ciências sociais ou “disciplinas da condição humana”, conforme aponta o antropólogo Roberto DaMatta em sua apresentação da obra, que revela, ainda, uma investigação dos aspectos políticos das arenas de trocas eminentemente políticas, como é o caso do federalismo nacional.

    Neste ponto, vale ressaltar alguns trechos da pesquisa da organizadora da obra, a cientista política Maria Celina D'Araújo, intitulado "Elites burocráticas, dirigentes públicos e política no Poder Executivo do Brasil (1995-2012)", referente ao 'perfil partidário dos dirigentes públicos' desse período:

    "Desde que o PT chegou à presidência da República, um dos temas a despertar mais curiosidade é a filiação partidária dos dirigentes. Pelos números abaixo, o primeiro ponto a observar é que a filiação partidária desse grupo ficou em torno de um quarto, nos governos do PT, e menor que isso, no de Fernando Henrique. Ou seja, a maioria dos dirigentes públicos não é filiada a partido. O diferencial, contudo, entre os governos se dá no que tange ao partido de preferência entre os que são filiados. Pela tabela abaixo percebe-se nitidamente que burocracia, política e dirigentes públicos não podem ser tratados de forma excludente. Os dados indicam concentração de petistas entre os filiados a partido nos governos do PT. Essas nomeações refletem, em algum grau, preferências políticas e, provavelmente, recursos adicionais de poder nas mãos do partido do(a) presidente(a). O raciocínio fica mais claro se aferimos também o percentual de dirigentes filiados aos partidos da base em cada governo. Nesse campo, claramente o governo Fernando Henrique foi o que mais distribuiu poder entre os partidos aliados. Os presidentes seguintes não só privilegiaram crescentemente a base do governo como acabaram, no caso de Dilma Rousseff, excluindo completamente a composição com outras forças partidárias."

    quadro

     

     

     

     

     

     

     

     

    Outro tema abordado no livro é "O desafio da desigualdade social", da socióloga Sarah Silva Telles, que demonstra, neste capítulo, algumas perspectivas sob o ponto de vista das políticas atuais, conforme trechos a seguir:

    "Quando houve a aprovação da Constituição Federal de 1988, o desafio a ser enfrentado era colossal. Na atual conjuntura, conquistamos uma relativa tranquilidade para dimensionar o tamanho dos déficits que se apresentam, mas que ainda são enormes. A desigualdade permanece como um desafio para as sociedades capitalistas em geral, já que a bandeira da igualdade de renda/oportunidades é uma das principais bandeiras da agenda dos direitos humanos. Não obstante, o discurso sobre o combate à pobreza tem dominado a cena internacional e nacional dos países, sob a liderança das agências internacionais. E, nesse sentido, a rede de assistência hoje existente no Brasil se transforma em modelo a ser exportado pelas mesmas agências internacionais, que fazem, por exemplo, do PBF (Programa Bolsa Família) um modelo exitoso de combate à pobreza extrema. [...] A conquista de uma sociedade mais igualitária seria uma das mais árduas tarefas a ser empreendida. A principal dificuldade parece estar no fato de que a desigualdade é tão naturalizada que a ideia de uma sociedade igualitária se apresenta como uma “fantasia” jamais realmente imaginada ou sinceramente desejada."  Mais a frente, ainda neste capítulo, a autora chega ao seguinte resultado em uma de suas pesquisas: "No que se refere às percepções, os assim chamados aspectos subjetivos sobre as condições de vida e sobre as possibilidades de ascensão social, a primeira avaliação é geralmente positiva. [...] em minha pesquisa, os entrevistados, moradores de favelas, consideram sempre um “ganho” a troca da pobreza rural nordestina pela pobreza urbana."

    "A trajetória do federalismo na redemocratização brasileira: competição como regra e cooperação como princípio", do cientista político Ricardo Ismael, é outro capítulo apresentado na obra, com alguns trechos destacados abaixo:

    "O federalismo cooperativo no Brasil ganhou contornos mais precisos a partir dos anos 1950, com a formulação de políticas regionais federais que visavam à integração das economias subnacionais e à transferência de investimentos
    para as regiões menos desenvolvidas. [...]  No contexto do recente processo de redemocratização do país, a Constituição Federal de 1988 pode ser vista como resultado de duas tendências principais. A primeira delas esteve ligada à manutenção dos mecanismos cooperativos do Estado federal no Brasil. Nesse caso, os trabalhos dos constituintes tiveram como pano de fundo a disputa entre as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e aquelas com maior participação relativa na economia nacional. A segunda tendência diz respeito à consolidação do processo de descentralização político-financeira que vinha marcando a transição democrática. Dessa vez, o conflito envolvia a União, os estados e os municípios brasileiros, tendo como objetivo a redefinição da participação das unidades subnacionais no bolo tributário nacional. O caminho seguido pela federação brasileira a partir dos anos 1990 não foi capaz de propiciar reduções expressivas nos desequilíbrios econômicos entre as unidades territoriais. Alguns chegam a afirmar que “existe um consenso de que as heterogeneidades econômicas entre as regiões, que também se manifestam entre os estados e municípios, constituem o principal problema do federalismo brasileiro [...]”

     

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    Organizadora: Maria Celina D'Araújo

    Impresso: R$49

    Ebook: R$35

     

     

    Com textos de Roberto DaMatta, Luiz Werneck Vianna, Marcelo Baumann Burgos, Sarah Silva Telles, Sonia Maria Giacomini, Ebe Campinha dos Santos, Paulo Jorge Ribeiro, Valter Sinder, Angela Randolpho Paiva, Maria Alice Rezende de Carvalho, Eduardo Raposo, Ricardo Ismael e Maria Celina D'Araujo

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques em 01/04/2014 - 12:13

    "Cinquenta anos depois do golpe.

    O início de uma ditadura de 21 anos iniciada em 1º de abril de 1964."

    Fizemos uma seleção especial das obras que abordam os anos que não devem ser esquecidos.

    Confira as dicas:

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    João Goulart: entre a memória e a história

    Marieta de Moraes Ferreira

    A figura e o governo de João Goulart têm ocupado um lugar secundário na literatura sobre o golpe militar de 1964. Os principais impasses de seu governo, seu papel no momento do golpe e sua atuação no exílio permanecem obscuros, sem merecer maior atenção de estudiosos e pesquisadores. Esta coletânea é uma excelente oportunidade de começar a conhecer Jango, o personagem político, compreendendo melhor não só seu tempo e seus problemas, mas as questões do Brasil de hoje.

     

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    O golpe de 1964: momentos decisivos

    Carlos Fico

    O golpe de 1964 é o evento-chave da história do tempo presente do Brasil. Por que setores significativos da sociedade brasileira aprovaram a deposição do presidente João Goulart? Além disso, como o golpe de Estado se transformou em uma ditadura militar que duraria 21 anos? Este livro busca respostas para essas e outras perguntas: quais foram os episódios decisivos que o antecederam? Houve apoio do governo dos Estados Unidos da América? Qual foi o papel das lideranças civis e militares? Baseado em amplas evidências empíricas, O golpe de 1964: momentos decisivos apresenta síntese atualizada das mais recentes e confiáveis descobertas historiográficas.

     

    Direitas em movimento

    Direitas em movimento: a campanha da mulher pela democracia e a ditadura do Brasil

    Janaina Cordeiro Martins

    Quem deu o golpe de 1964? Quem apoiou a ditadura no Brasil? Apenas os militares?
    É inegável a responsabilidade das Forças Armadas pela ditadura que assolou o país. Mas os militares estiveram sós? A autora deste livro, Janaina Martins Cordeiro, não se satisfaz com bodes expiatórios e faz um convite de maior complexidade: investigar as bases sociais e históricas da ditadura civil-militar no Brasil, um exercício indispensável para compreender a história que passou, para que possamos cultivar, no futuro, a hipótese de uma outra história.

     

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    O congresso brasileiro e o regime militar (1964 - 1985)

    Ana Lúcia Rocha Studart e Antônio Carlos Pojo do Rego

    Esta análise do papel do Legislativo durante a ditadura militar revela o contraste entre o Brasil e seus vizinhos na América do Sul que também viveram regimes de exceção. Nossa vocação para a conciliação política foi a responsável pela lenta, gradual e segura transição para a democracia, ao invés de uma ruptura.
    Vale a pena acompanhar o trajeto percorrido pelo professor Pojo, ilustrado por depoimentos e reflexões que nos ajudam a compreender melhor o papel da classe política na manutenção da governabilidade do país.

     

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    Ditadura e democracia na América Latina: balanço histórico e perspectivas

    Marieta de Moraes Ferreira, Carlos Fico, Maria Paula Araújo e Samantha Viz Quadrat

    A trajetória recente de países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai, Uruguai, marcados pelas desigualdades sociais, por regimes ditatoriais e pelo desrespeito aos direitos humanos, coloca para os cientistas sociais e historiadores o grande desafio de compreender o processo de democratização, seus problemas, limites e impasses.
    Dentro dessa perspectiva reflexiva, este livro reúne textos que abordam aspectos ainda pouco conhecidos de um público mais amplo, como a dificuldade de acesso aos documentos produzidos pela repressão das ditaduras militares, a experiência dos golpes militares, a repressão, a violência política, as lutas de resistência, a redemocratização e os embates travados em torno da memória entre os diferentes atores que tomaram parte em todo esse processo.

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    1968: a paixão de uma utopia

    Daniel Aarão Reis e Pedro de Melo Moraes

    'Mais uma década, uma data redonda a mais, sugerindo, suscitando, quase impondo novas comemorações - palavra aqui tomada em seu sentido etimológico de rememorar juntos, recordar em conjunto a saga de 1968. A passagem do tempo nunca é neutra e indolor. Aparecem processos históricos imprevistos, surpreendentes, propondo problemas inesperados, modificando concepções outrora bem estabelecidas. As memórias são acionadas de modo diverso, operando seleções inusitadas, descobrindo referências esquecidas, esquecendo agora temas e ideias que pareciam inescapáveis.'

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    Autoritarismo e cultura política

    Rodrigo Patto Sá Motta e Luciano Aronne de Abreu

    A aproximação analítica entre os temas Autoritarismo e Cultura Política, abrangendo o Brasil e outros países latino-americanos (Argentina, Chile e Uruguai), pode gerar chaves interpretativas e explicativas inovadoras para a história da região. Com efeito, tais nações passaram por experiências autoritárias recentes que, em boa parte, contribuíram para a sua configuração atual, seja pela ação direta na moldagem de suas estruturas econômico-sociais contemporâneas, seja pela própria reação adversa que geraram na forma de movimentos de combate a esses regimes e suas heranças ainda atuantes, em especial no campo da construção da memória.
    Refletir sobre essas questões, a partir do olhar de pesquisadores de cada uma dessas nações, se constitui no tema da presente obra.

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    A política domesticada: Afonso Arinos e o colapso da democracia em 1964

    Fernando Lattman-Weltman

    • Ao longo de sua vida, Afonso Arinos exerceu uma intensa atividade política, parlamentar e diplomática, tendo ocupado alguns dos mais estratégicos cargos da República. Em cuidadoso estudo sobre o que define como "uma particular vocação de intelectual-político", Fernando Lattman-Weltman analisa a produção discursiva desse mineiro entre 1947 e 1966.

     

     

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    Nova história militar brasileira

    Celso Castro, Hendrik Kraay e Vitor Izecksohn

    Publicado no ano de 2004, quando se completaram 40 anos do golpe de 1964, este livro nos lembra que as instituições militares tiveram um papel bem amplo na sociedade brasileira. Está aqui reunido o resultado de pesquisas recentes sobre a história da instituição militar no Brasil. Seu objetivo é divulgar novas perspectivas da pesquisa histórica sobre o tema. Fruto de amplos debates entre uma nova geração de historiadores, ele apresenta uma amostra do que é chamado de "nova história militar" nos meios acadêmicos norte-americanos.

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