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  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 22/09/2014 - 14:14

    O presente livro, dedicado à análise da evolução das historiografias portuguesa e brasileira no século XX, resulta da colaboração entre uma instituição portuguesa, o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20/UC) e uma organização brasileira, o CPDOC/FGV. De um lado temos uma entidade que mistura a longa duração da Universidade de Coimbra com a relativa novidade de uma unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia; do outro um centro de documentação e investigação de excelência que se transformou, também, numa escola de ciências sociais no âmbito de uma Fundação que é, também, uma instituição de ensino superior.

    Sem a pretensão de se apresentar como “a história” das historiografias portuguesa e brasileira no século XX, esta obra integra textos de vários historiadores e outros cientistas sociais de ambos os países que propõem leituras diversas e cruzadas sobre a relação entre poderes (político-institucionais, religiosos, acadêmicos) e produção de discurso historiográfico, acerca da influência exercida por ambientes intelectuais estrangeiros — nomeadamente francês e alemão, britânico e norte-americano —, sobre a relevância social de tecnologias derivadas da historiografia (didática da História, património cultural, museologia), acerca de temáticas particularmente atuais e/ou polêmicas da história de Portugal e da história do Brasil (salazarismo e getulismo, colonialismo e pós-colonialismo, ditadura e transições da e para a democracia, empresas e empresários).

    A obra Historiografias portuguesa e brasileira no século XX: olhares cruzados, coordenada pelos professores Américo Freire, responsável pelo 'olhar brasileiro', e João Paulo Avelãs Nunes, que registrou o 'olhar lusitano', será lançada na próxima quarta-feira, dia 24 de setembro, às 18h30.

    Confira alguns trechos da introdução, que mantém particularidades da ortografia portuguesa, assim como toda a obra:

    "Depois de Portugal e o Brasil terem adoptado regimes democráticos, verificou-se um reforço dos níveis de aproximação dos respectivos sistemas de ensino superior e das correspondentes comunidades científicas. Inicialmente fruto de iniciativas individuais, o processo em causa acabou por envolver também instituições de ensino superior e unidades de investigação, o poder político e empresas. Apesar de ser ainda possível aprofundar e aperfeiçoar significativamente este espaço de cooperação, muito foi já concretizado aproveitando, quer a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia/União Europeia, quer a afirmação do Brasil como uma “potência emergente”.
    Em termos mais específicos, salienta-se a importância da história da historiografia e da história das tecnologias associadas como instrumento de auto-regulação deontológico-epistemológica e teórico-metodológica, na qualidade de vector de avaliação do grau de autonomia dos historiadores e de outros profissionais (da ciência e da tecnologia) face ao Estado e a entidades da “sociedade civil”. Dada a grande variedade de soluções político-ideológicas adoptadas, em Portugal e no Brasil, durante o século XX — regimes liberais conservadores, demoliberais, autoritários, totalitários e democráticos —, estar-se-ia perante um campo de observação particularmente desafiante.
    Numa conjuntura em que se assiste em ambos os países — à escala global — a um a sistemática desvalorização da “utilidade prática” da historiografia, de outras ciências sociais e das tecnologias a elas associadas (o “presente contínuo” de que falava Eric Hobsbawm) visou-se, também, combater essa tendência. Procurou-se demonstrar a centralidade das interpretações acerca da realidade social passada, quer na definição de estratégias — operatórias ou ineficazes, sustentáveis ou auto-destrutivas, tendencialmente justas ou injustas — de governação das sociedades actuais, quer na estruturação de mundividências e de ideologias muito ou pouco alienantes e sectárias."

    Historiografias portuguesa e brasileira

     

     

    Historiografias portuguesa e brasileira no século XX: olhares cruzados

    João Paulo Avelãs Nunes, Américo Freire

    R$65

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 09/09/2014 - 17:58

    O Ateliê do pensamento social é um projeto criado em 2011 pelo Laboratório de Pensamento Social (Lapes) do CPDOC-FGV com o objetivo de criar um espaço para o debate horizontal e criativo sobre o fazer das pesquisas.

    O livro Ateliê do pensamento social: ideias em perspectiva global nasceu dos ensaios apresentados pelos convidados da segunda edição do Ateliê e será lançado no dia 12 de setembro, ao final da 4ª edição do projeto.

    Os 5 textos dos respectivos capítulos são de Sujata Patel, Maurício Tenório, Elías J. Palti, Lilia Schwarcz e Cherry Schrecker.

    Patel (University of Hyderabad) inicia o capítulo Rumo ao internacionalismo: para além das sociologias colonial e nacional da seguinte forma: "Neste texto, apresento dois conjuntos de questões. Em primeiro lugar, dados os vínculos orgânicos entre poder e conhecimento, que enquadramentos das ciências sociais hegemônicas organizam o conhecimento global/internacional? Em segundo lugar, que procedimentos devem ser mobilizados para deslocar essas tendências hegemônicas nas ciências sociais globais/internacionais? Antes de responder a essas questões, é importante recordar um princípio que governou a história do crescimento das ciências sociais no mundo. Desde a sua emergência na Europa do século XIX, as teorias e perspectivas das ciências sociais têm sido constantemente confrontadas e desafiadas por aqueles que questionam sua orientação hegemônica e, desse modo, sua abordagem conservadora e favorável ao establishment. Tais desafios têm apresentado não apenas um novo enfoque no estudo da mudança e transição para a modernidade, mas também buscado mapear as teorias que tratam do vínculo íntimo e orgânico entre conhecimento e poder."

    No segundo capítulo Como escrever hoje a história das ideias e dos intelectuais de uma perspectiva comparativa, transnacional?, Tenório (University of Chicago) inicia com: "O “como?” convoca ou ao tractus metodológico ou ao simples manual de uso; ou a sisudas elucubrações sobre a harmonia e o compasso ou à guitarra no pescoço, a pulsar os dedos sobre as cordas e “isto é tocado assim e assado”. O primeiro é necessário, mas pouco útil para dominar o instrumento; o segundo é prático, mas não dá para generalizar “assim é a música”, para além de cada peça, de cada momento particular. De meu ofício (historiador) derivo uma maneira peculiar de encarar o duplo desafio do “como?”. Converto, pois, o enorme “como?” em “como escrever hoje…?”, em uns quantos e modestos por ques e quês."

    Palti (Universidad Nacional de Quilmes) apresenta O problema de “As ideias fora do lugar” revisitado: para além da “história das ideias na América Latina” iniciando seu ensaio assim: "Em 1973, Roberto Schwarz publicou um artigo que marcou profundamente uma geração de pensadores na América Latina: “As ideias fora do lugar”.1 O objetivo final de Schwarz era refutar a crença nacionalista de que bastava aos latino-americanos se livrarem dos seus “trajes estrangeiros”, um conjunto de categorias e ideias importadas da Europa e repetidas submissamente pela elite local europeizada, para encontrarem a sua “essência verdadeira, interior”.2 Seguindo os princípios da teoria da dependência, Schwarz sustenta que não existe algo como uma “cultura brasileira nacional” anterior à cultura ocidental. Aquela é não apenas o resultado da expansão desta, mas também constitui parte integral dela: “em estética, como em política”, ele afirmou, “o Terceiro Mundo é parte orgânica da cena contemporânea” (Schwarz, 1997:28)".

    O quarto capítulo, intitulado Nicolas-Antoine Taunay e suas ideias em trânsito: a arcádia com trópico, é escrito por Lilia Schwarcz (USP) e inicia  com as seguintes colocações: "Foi Jean Starobinsky quem afirmou que o que mais interessa entender é o “trânsito de ideias, imagens e referências”; do que supor que uma teoria se encerra em si mesma, ou que pinturas se referem apenas ao contexto e circunstância que pretendem representar (Starobinsky, 1989). Ao contrário, desde sempre foram a circulação e as constantes ressignificações que daí advêm que permitem observar uma produção cultural sem essencializá-la ou buscar cair na vulgata da originalidade absoluta ou da inventividade individual."

    O livro é encerrado pelo capítulo de Cherry Schrecker (Université de Lorraine) que apresenta o tema Desenvolvendo pesquisa sobre intercâmbios transatlânticos: o exemplo da New School for Social Research conforme a seguir: "A pesquisa sobre os modos como as ideias viajam tem sido realizada com referência a uma série de pontos de interesse. A atenção tem sido focada nos “portadores” (Lazarsfeld, 1969:271), que são as pessoas que viajam trazendo as ideias consigo. Suas histórias têm sido contadas de várias formas, inclusive autobiografias, biografias ou prosopografias. As pessoas viajam por uma série de razões, como visitas culturais e acadêmicas ou emigração e exílio."

    A obra apresenta abordagens que estimulam o pensamento sob outros ângulos de análise, debatendo de forma prática e direta a metodologia de pesquisa para os estudos sobre ideias, textos e intelectuais, e demais práticas que configuram, segundo seus organizadores, a “cozinha” da pesquisa.

    O professor João Marcelo Ehlert Maia, um dos organizadores do projeto e do livro, termina a apresentação da obra com o seguinte parágrafo:

    Atelie do pensamento social

     

     

    "Este livro, portanto, deve ser visto também como um livro-referência,
    espécie de guia aos interessados no estudo das ideias e dos intelectuais.
    Graduandos, mestrandos, doutorandos e professores muito poderão aprender com as diversas perspectivas analíticas aqui apresentadas, bem como com as histórias das pesquisas aqui contadas. Esperamos que os leitores desta obra se tornem, nos próximos anos, participantes do Ateliê. Boa leitura."

     

    Ateliê do pensamento social: ideias em perspectiva global

    Impresso: R$39

    Ebook: R$26

  • Postado por editora em Destaques, Eventos em 19/08/2014 - 08:00

    A Editora FGV, a Ouro sobre Azul e a Fundação Biblioteca Nacional convidam para o lançamento de uma nova edição do livro Introdução ao pensamento político de Maquiavel, de Lauro Escorel, originalmente publicado em 1958 pela Editora Simões do Rio de Janeiro e reeditado em 1979 pela Editora da Universidade de Brasília.

    Dada a argúcia de análise, Nicolau Maquiavel, um dos maiores pensadores políticos de todos os tempos, não cessou de ser lido e comentado durante os últimos 500 anos. Nesse contexto, o ensaio de Lauro Escorel figura entre as interpretações mais importantes já feitas no Brasil – consistindo na melhor de sua época e das 4 décadas seguintes –, o que confere à obra importância histórica e também científica, se considerarmos que os três grandes problemas enfrentados pelo texto -  a autonomia da política , o realismo das relações internacionais e o perigo totalitário  - continuam assombrando a humanidade.

    Por tudo isso, a terceira edição de Introdução ao pensamento político de Maquiavel permanece tão válida quanto as anteriores e apresenta ampla bibliografia, a melhor, mais sólida e refinada com que se poderia contar na época em que o livro foi escrito.

    A obra será lançada no dia 28 de agosto, na Biblioteca Nacional | Auditório Macgado de Assis, e os professores Rodrigo Bentes Monteiro e Silva Patuzzi, da UFF, estarão presentes para dialogar sobre a importância da obra, que figura entra as mais importantes análises brasileiras sobre o pensamento político maquiaveliano.

    A mesa-redonda "Reflexões de Lauro Escorel sobre o pensamento de Maquiavel" é aberta ao público e terá transmissão ao vivo pelas redes sociais com possibilidade de perguntas pelos usuários, o que tornará o debate muito mais interativo.

    O acesso poderá ser feito através dos links vídeo@RNP e aovivofbn a partir das 18h do dia 28.

    Confira um trecho do prefácio do autor:

    "Apesar da vasta bibliografia existente sobre o assunto, acreditamos não ser necessário justificar longamente a publicação do presente ensaio. São tão raros, entre nós, os autores que se têm ocupado de Maquiavel – e os que o fizeram, além do mais, se limitaram quase sempre a examiná-lo apenas de relance – que não será exagero dizer que o interesse que ele continua a despertar e a atualidade flagrante de sua problemática política só encontram paralelo no desconhecimento geral de sua obra, vida e personalidade. E a razão disso está em que, com exceção de alguns estudiosos que têm acesso às fontes estrangeiras de informação cultural, o grande público brasileiro dispõe tão somente, tanto quanto sabemos, de uma discutível tradução portuguesa d’O príncipe, livro, na verdade, da mais alta importância, mas insuficiente por si só para dar uma visão completa e justa do pensamento político de Nicolau Maquiavel. Faltam por completo ao leitor nacional textos críticos, informações bibliográficas atualizadas, obras fundamentais mais recentes de caráter crítico-biográfico sobre a matéria, de tal modo que a maioria está condenada a ter do pensador florentino ideias inevitavelmente incompletas ou deformadas. Será difícil encontrar alguém hoje em dia que não se sinta à vontade para empregar corretamente expressões como “maquiavelismo”, “maquiavélico” ou “maquiavelicamente”, mas serão poucos aqueles capazes de revelar um conhecimento seguro e menos superficial das conexões existentes entre a época de Maquiavel e a sua obra, bem como das premissas metodológicas e intenções doutrinárias que o inspiraram. Quantos serão, realmente, os que leram o próprio O príncipe e sobre ele meditaram com perfeita consciência do momento histórico em que o famoso livro foi concebido, e das relações do mesmo com as demais obras de Maquiavel? O fato é que o secretário florentino tornou-se através dos tempos uma figura legendária, erigido em símbolo de tudo o que há na política de demoníaco, de equívoco e inescrupuloso, de astúcia e dissimulação. Seu nome e derivados verbais se incorporaram ao nosso vocabulário corrente, determinando à sua simples menção reações estereotipadas, que vão do horror dos que o condenam em nome da moral tradicional, à admiração dos que o louvam em nome do realismo político.
    A consequência de semelhante banalização do nome de Maquiavel – como de resto acontece com todos os grandes poetas ou pensadores que a celebridade histórica vulgarizou a ponto de serem mais citados do que lidos – é que ela nos dá uma ilusão traiçoeira de familiaridade com suas ideias, e não estimula um esforço mais sério para conhecer verdadeiramente as fontes, características e objetivos do pensamento maquiavélico.
    É tendo em mente essas considerações que nos animamos a publicar o presente ensaio. Desde logo, queremos advertir o leitor eventual que não foi nosso propósito escrever nem uma biografia propriamente dita de Maquiavel, nem um estudo completo sobre sua obra, que pertence também ao campo literário, já pelas suas qualidades estilísticas, já pelas suas produções poéticas e teatrais. Quisemos apenas apresentar uma introdução ao seu pensamento político, com a esperança de que ela poderá despertar algum interesse no meio brasileiro, considerando, por um lado, a inegável atualidade do tema e, por outro, aquele relativo desconhecimento das ideias maquiavélicas a que acabamos de aludir.
    Não há, por conseguinte, no espírito do autor, qualquer pretensão de estar revelando aos mais informados fatos novos e ideias propriamente originais sobre Maquiavel, por mais que, evidentemente, se tenha esforçado ele por repensar honestamente as questões teóricas de natureza ético-política que sua obra coloca e sugere. Na parte biográfica – que julgamos de interesse apresentar em vista da estreita conexão existente entre o pensamento e a vida do pensador florentino – valemo-nos das três principais biografias que fazem autoridade no campo dos estudos maquiavélicos: as de Pasquale Villari e Orestes Tommasini, escritas ainda no século XIX, e a do eminente humanista, Roberto Ridolfi, de recente publicação, em dia, portanto, com os resultados da investigação mais moderna sobre a vida e a obra de Maquiavel. No que diz respeito à análise e avaliação de seu pensamento político – objeto da segunda parte do presente ensaio –, escolhemos, na imensa bibliografia que se ocupa do assunto, alguns livros que nos pareceram fundamentais e atualizados para nos servir de guia seguro no labirinto das ideias maquiavélicas.
    Esperamos sinceramente que este estudo – que serviu a seu autor para tomar uma consciência mais clara do grave e difícil problema das relações da política com a ética – possa contribuir para esclarecer ou pelo menos estimular à meditação e discussão aqueles leitores que, interessados embora no assunto, não tiveram as mesmas facilidades que nos foram proporcionadas por um estágio profissional em Roma, para entrar em contato com a bibliografia maquiavélica."

    Maquiavel

     

    Lauro Escorel (1917-2002), nascido em São Paulo, ingressou na carreira diplomática por concurso em 1943 e foi promovido a ministro de primeira classe em 1968.  Como embaixador, serviu na Bolívia, Paraguai, Dinamarca, México e Espanha. Crítico literário desde a juventude, colaborou em diversas publicações, entre elas, Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo, A Manhã e o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo, onde escreveu sobre literatura italiana.
    Em 1958, publicou pela Editora Simões, Rio de Janeiro, a 1a  edição do livro Introdução ao pensamento político de Maquiavel, agora reeditado pela Editora FGV em coedição com a Ouro sobre Azul e, em 1972, o livro A pedra e o rio – uma interpretação da poesia de João Cabral de Melo Neto, pela Duas Cidades, São Paulo, reeditado pela Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, em 2001.

     

    Introdução ao pensamento político de Maquiavel

    R$42,00

  • Postado por editora em Atualidades, Eventos em 18/08/2014 - 18:00

    O Sistema de Bibliotecas FGV (SB-FGV) promove nos próximos dias 20 e 21 de agosto a conferência Os desafios das bibliotecas digitais: conhecimento, tecnologia e o crescimento da informação virtual nas universidades.

    O objetivo do evento é promover a reflexão e a troca de experiências sobre a criação e gestão de bibliotecas digitais em universidades, bem como sobre o acesso e disseminação de seus acervos. A realização desta conferência  pretende ampliar o debate na FGV sobre as questões e soluções que se colocam sobre o futuro das bibliotecas acadêmicas na era digital, quando o assunto é a formação de acervos digitais e as possibilidades de acesso, além de  reforçar a missão da Diretoria do Sistema de Bibliotecas FGV.

    A conferência internacional terá a participação de palestrantes do Brasil, Estados Unidos, Áustria, Reino Unido e Espanha debatendo, durante os dois dias, aspectos desafiadores do tema como, desenvolvimento das bibliotecas digitais e  comparações entre os acervos impresso e digital, bem como gestão, tecnologia e informação digital nas universidades.

    De acordo com a diretora do SB-FGV, professora Marieta de Moraes Ferreira, "a mudança na forma de acesso aos livros, as transformações no mercado editorial, o novo perfil do leitor e a sua relação com o livro digital são discussões muito novas. O evento, nesse sentido, é pioneiro por reunir profissionais brasileiros e de renomadas instituições internacionais de ensino para um amplo debate sobre as mudanças em curso e os desafios das bibliotecas digitais."

    Ângela Ruediger, pesquisadora da Diretoria da SB-FGV, complementa o quadro esperado com a realização desse evento e pontua sua importância: "a conferência vai proporcionar uma troca de experiências ainda inédita no Brasil".

    O público interessado poderá participar do evento nas formas presencial, no Auditório da Fundação Getulio Vargas, ou digital, como o próprio tema sugere, através da transmissão online das mesas.

    Confira a programação completa e os links de acesso em Os desafios das bibliotecas digitais e participe! As inscrições estão abertas até amanhã, dia 19/8.

    SB-FGV

     

     

     

     

     

     

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  • Postado por editora em Atualidades, Eventos em 13/08/2014 - 19:23

    As melhores práticas na formação de professores é um assunto mundial e que está na pauta do dia.

    Uma recente publicação americana destaca as experiências mais bem-sucedidas naquele país sobre a formação de educadores, conforme matéria publicada no jornal O Globo do último dia 11.

    Formação docente, pesquisa e extensão no CAp UFRJ: entre tradições e invenções, recém-lançado pela Editora FGV,  apresenta casos da experiência de se formar professores dentro da realidade do Brasil, através dos casos desenvolvidos no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    "Além de desempenhar sua função acadêmica e institucional de acordo com os preceitos institucionais de ensino, pesquisa e extensão, nas últimas duas décadas o CAp vem agregando ao projeto político-pedagógico diferentes atividades que têm como objetivo a produção de materiais didáticos, metodologias e práticas pedagógicas e a formação de professores". E são essas tradições e invenções que fazem parte da obra, que é organizada pelas professoras Marianna Lima Vilela, Graça Regina Franco da Silva Reis e Carla Mendes Maciel, todas com experiência de aulas no próprio Colégio.

    "Em tempos de discursos que expressam descrença e desconfiança em relação aos professores, rotulados como incompetentes e despreparados, responsabilizados pelo fracasso da educação brasileira, e de definição de políticas curriculares que os desautorizam ao determinar a utilização de materiais prontos e apostilados, este livro nos alenta e renova as nossas esperanças. O que vemos aqui são práticas, saberes e inventividade possíveis, mobilizados por compromisso político  inabalável com a escola pública, laica e de qualidade, necessária para a viabilização de sociedade mais justa e democrática."

     

    O lançamento da obra está marcado para o dia 20 de agosto, às 18h30, na Livraria FGV.

    Todos convidados!

    CAP

     

    Formação docente, pesquisa e extensão no CAp UFRJ: entre tradições e invenções

    Impresso - R$40

    Ebook - R$28

     

    Fonte O Globo: http://goo.gl/HlY11C

     

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  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 16/07/2014 - 14:51

    "Mais do que um gênero, jornalismo de dados é uma necessidade."

    A frase, que inicia o prefácio do livro 'Análise política & jornalismo de dados: ensaios a partir do Basômetro' que apresentamos agora, é de um dos organizadores da obra e coordenador do Estadão Dados, José Roberto de Toledo, e sintetiza todo o projeto do Basômetro, incluindo esse ensaio publicado.

    O Basômetro é uma ferramenta de uso aberto que permite a todos analisarem o comportamento em plenário dos parlamentares brasileiros.

    Trata-se de um sistema elaborado para auxiliar as investigações do jornalismo de dados, que organiza centenas de milhares de dados contidos nos sites do Congresso Nacional em uma interface gráfica mais inteligível, onde cientistas políticos, jornalistas e qualquer interessado tem acesso para fazer suas análises.

    Criado em 2012 pelo jornal O Estado de S. Paulo, através do núcleo Estadão Dados, o Basômetro pretende contextualizar uma massa de dados desconexos de forma a viabilizar o entendimento dos resultados consultados por qualquer usuário através do endereço http://estadaodados.com/basometro/

    É exatamente sobre a criação dessa ferramenta e os desdobramentos que seu uso já possibilitou e ainda possibilitará na análise política e na evolução do jornalismo de dados que Humberto Dantas, José Roberto de Toledo e Marco Antônio Carvalho Teixeira tratam no livro ‘Análise política & jornalismo de dados: ensaios a partir do Basômetro'.

    Confira o prefácio da obra e entenda mais sobre o que dados interpretados são capazes:

    Basômetro

    "Mais do que um gênero, jornalismo de dados é uma necessidade. Estima a IBM que o mundo produz 2,5 quintilhões de bytes todo dia. Se cada byte fosse um litro d’água, encheríamos o oceano Pacífico de zeros e uns. Todo ano. E para processar tudo isso? Só para comparar, o cérebro humano é capaz de armazenar, se tanto, uns três terabytes de dados. Vou confiar nas contas do estatístico-estrela do The New York Times, Nate Silver (afinal, ele prognosticou tudo certo sobre as eleições nos EUA em 2008 e em 2012): um milionésimo da produção diária de dados provocaria um aviso de disco cheio até para quem tem memória de elefante. E o volume incomensurável é só o começo do problema. A maior parte desse mar de dados é inacessível aos humanos. São pulsos magnéticos, sinais eletrônicos, bits e bytes. Apenas com interfaces amigáveis eles se tornam compreensíveis aos nossos olhos e mentes. E, mesmo depois de traduzidos em números, sons e imagens precisam ser organizados em tabelas, planilhas e bancos de dados para pleitear o status de informação. Enquanto não são analisados e contextualizados, são só ruído, zoeira, poluição.
    Eis a necessidade. E o jornalismo de dados é uma tentativa de resposta — muito incipiente, diga-se. Como jornalismo, visa separar o joio do trigo e, com sorte, publicar o trigo. Trata-se, essencialmente, de filtrar, filtrar, filtrar de novo — e daí organizar o que sobrou de modo a que o público seja capaz de atribuir sentido ao produto depurado.
    Dito assim, não é muito distinto do que o jornalismo vem tentando fazer — nem sempre com muito sucesso — desde que Gutenberg colocou tinta pela primeira vez nos tipos móveis de sua prensa. A diferença, porém, é quase tão revolucionária quanto a invenção do gênio alemão. O produto do jornalismo de dados não é uma manchete ou uma reportagem. É uma ferramenta. Em sua gênese, os melhores exemplos de Jornalismo de Dados têm vindo do The New York Times. Enquanto corta gente e recursos em editorias tradicionais, para sobreviver à revolução digital, o jornal norte-americano investe em equipes exclusivas de Jornalismo de Dados. É uma área que não gera receita, mas aponta uma saída para o futuro.
    Os casos mais bem-sucedidos do NYTimes.com conseguem apresentar uma massa de dados desconexos em uma interface que qualquer usuário é capaz de desfrutar. Foi assim nas eleições de 2012 ou no caso dos presos em Guantánamo. Mapas, infográficos, tabelas e linhas do tempo ajudam o internauta a criar uma narrativa para os fatos — não a narrativa do jornalista, mas a sua própria.
    Essa é a grande revolução, embora embrionária, do Jornalismo de Dados. Ao fornecer os meios aos que antigamente eram chamados de leitores, a equipe criada por Aron Pilhofer dá a esses usuários o poder de organizar a massa de dados, fazer suas próprias sinapses e tirar conclusões originais. Não é à toa que o nome da editoria que ele comanda chama-se Interactive News (notícias interativas).
    Essa interação propiciada pelas ferramentas do Jornalismo de Dados cria possibilidades muito mais ricas e diversificadas do que um texto jornalístico comum seria capaz de estimular. O ponto de vista do usuário passa a ser necessariamente parte da narrativa. Ganha-se em pluralidade. A perspectiva coletiva é, por definição, mais plural do que a de um só jornalista, por mais “lados” que ele tente incorporar à sua narrativa.
    Pode-se argumentar que transferir a interpretação dos dados para o público só reforça os próprios preconceitos e vieses de quem usa a ferramenta. Talvez sim, mas ao menos os pontos de vista dissonantes estarão destoando
    a partir de uma base comum, o que, em tese, cria espaço para debate, não bate-boca.
    Mais do que isso, uma ferramenta que permite a cada um analisar como quiser uma base de dados é um convite e não uma imposição. Daí que a maior e mais feliz surpresa provocada pelo Basômetro tenha sido a iniciativa espontânea de tantos cientistas políticos de usá-lo para escreverem suas próprias interpretações sobre o comportamento em plenário dos deputados e senadores brasileiros. Este livro é a materialização desse debate.
    Em uma área tão contaminada por paixões e interesses partidários como a política, é essencial partir-se de um terreno comum para avançar em qualquer discussão. No caso desta publicação e do Basômetro, o ponto de partida são os milhares de votos nominais de centenas de parlamentares através do tempo.
    Teoricamente, essas bases estão disponíveis para consulta por qualquer cidadão nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Mas o formato digital e o volume oceânico, como explicado no começo deste texto, são barreiras intransponíveis para o cidadão comum conseguir ter uma visão ao mesmo tempo ampla e específica do comportamento dos congressistas — seja para comparar partidos, bancadas ou deputados dois a dois.
    O Basômetro organizou centenas de milhares de dados que eram mero ruído nos sites do Congresso em uma interface gráfica que os cientistas políticos puderam e podem usar para fazer suas análises. O efeito disso foi sintetizado num tuíte de um deles, logo no dia de lançamento: “Pirei na ferramenta”. Era tudo o que queríamos ouvir.
    O Jornalismo de Dados ainda está engatinhando. Ele depende do trabalho coletivo de jornalistas, desenvolvedores e designers. Só funciona bem quando suas habilidades conseguem se harmonizar em um objetivo comum e muito claro. É fácil se perder na selva de dados — especialmente quando não há um rumo definido. Embora a Lei de Acesso às Informações Públicas tenha sido um avanço fundamental, dispor das bases é só o primeiro passo.
    É necessário formar equipes e profissionais com perfis que ainda são raros no mercado. É preciso que os jornalistas se familiarizem com números e estatísticas, e que programadores e designers desenvolvam o faro de repórter. E é indispensável que os gestores dos meios de comunicação identifiquem essas necessidades e atuem para atendê-las. Tudo isso é especialmente difícil num mercado em crise, no qual modelos de negócio que sustentaram jornais por séculos evaporam em menos de uma década.
    Como resposta a uma necessidade, o Jornalismo de Dados veio para ficar. É hoje uma tendência de ponta, mas logo deve se transformar em mainstream. Quanto antes melhor. Assim todos nós usuários poderemos “pirar” em ferramentas que nos ajudem a decifrar os 2,5 quintilhões de dados que produzimos diariamente."

     

    A obra será lançada na Livraria Martins Fontes, dia 28/8, às 18h30.

    Todos convidados!!

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    Análise política & jornalismo de dados: ensaios a partir do BasômetroAnalise politica_basometro

    Humberto Dantas, José Roberto de Toledo e Marco Antonio de Carvalho Teixeira

    Impresso: R$52

    Ebook: R$37

     

  • Postado por editora em Atualidades, Destaques, Eventos em 05/06/2014 - 20:51

    Durante os séculos XIII e XV, a Europa Ocidental assistiu à formação de seus primeiros estados territoriais, à reintrodução de instrumentos monetários e à própria recuperação da sua vida econômica em geral.

    “Poder, riqueza, moeda na Europa Medieval: a preeminência naval, mercantil e monetária da Sereníssima República de Veneza nos séculos XIII e XV” tem o objetivo de reinterpretar o processo de remonetização europeia a partir dos desafios e dilemas próprios das guerras da época, cuja geografia monetária resultante moldou as possibilidades de enriquecimento acelerado. Nesse contexto, a história veneziana tem muito a contribuir, pois evidencia o papel decisivo dos conflitos e da geografia política na abertura de oportunidades para a sua acumulação de riqueza.

    Nesta obra, Mauricio Metri defende a tese de que a moeda é uma criação do poder e está sempre a serviço da acumulação do poder, mesmo enquanto opera a serviço da multiplicação da riqueza privada.

    O autor ainda demonstra como até mesmo a Sereníssima República de Veneza, considerada o paradigma de cidade mercantil, utilizou seu poder naval para se transformar em uma espécie de broker financeiro dos grandes impérios da época, obtendo, em troca, o controle de posições que foram decisivas para seu poder, riqueza e glória.

    Pela forma como utilizou a história e a ciência política para tratar de um tema clássico da economia, e por discutir o tema clássico da “moeda” sem utilizar, nem aceitar, a linguagem convencional ou a visão do mainstream econômica sobre suas origens e funções fundamentais, o autor apresenta um livro surpreendente que poderia servir como um guia para as novas gerações de economistas, cansadas do “autismo” da ciência econômica.

    Fizemos 3 perguntas a Metri. Confira:

     

    Qual a principal contribuição dessa obra?

    Eu diria que uma das coisas que mais me entusiasmaram na pesquisa para esse livro e que, na verdade, segue orientando novas investigações relativas a outros “tempos e espaços”, foi a redefinição da “informação histórica relevante” para análise de temas monetários. Como se partiu de um outro entendimento sobre o que é moeda e de sua natureza mais elementar (conceito de moeda cartal), como desenvolvido por autores do início do século XX (sobretudo Knapp), as pistas e as fontes primárias se deslocaram da tradicional noção de moeda cunhada (moeda-mercadoria) e de seu conteúdo metálico para a noção de moeda de conta (unidade monetária) dos instrumentos de tributação, de denominação de créditos e débitos, de “precificação”, etc. Isto permitiu, ao final, uma análise bastante interdisciplinar no sentido de uma articulação, ao meu ver, bastante consistente entre os processos históricos de natureza política e econômica que envolveram de algum modo temas monetários no Medievo.

    Por outro lado, uma segunda razão de grande entusiasmo foi combinar essa visão sobre moeda a uma perspectiva teórica para análise da história do sistema internacional (a teoria do poder global), em que se privilegiam os desafios de poder, os dilemas de segurança e o caráter anárquico do sistema internacional mesmo no que se refere às suas origens medievais.

    Como resultado, pôde-se pensar de modo articulado alguns temas consagrados a partir de um olhar, eu diria, "não convencional". Por exemplo: sobre o tema do reaparecimento das práticas monetárias na Europa Ocidental a partir do século XI e XII, deu-se centralidade às guerras; sobre a circulação de moeda em geral no Medievo, identificaram-se uma geografia monetária e a inexistência de relações de escambo em todos os seus níveis; sobre as origens do que hoje entendemos como altas finanças, ganharam destaque o "jogo cambial" e a igreja católica; sobre a história de Veneza, a natureza cartal e expansiva de sua moeda como resultado não de forças de mercado, mas do poder de sua esquadra.

     

    Qual a importância econômica e histórica em ‘assumir’ as origens da moeda como uma criação do poder em oposição às teorias de economistas e historiadores que defendem um surgimento baseado exclusivamente como substituição ao escambo, ou seja, como uma criação do mercado?

    Eu diria que, ao partir da ideia de que a moeda não é propriamente um bem público derivado de uma construção coletiva, mas um instrumento estratégico das autoridades centrais ligado à tributação e ao financiamento da guerra, torna-se possível identificar hierarquias e assimetrias decorrentes de seu uso favoráveis a quem teve a faculdade de proclamá-la, criá-la e, ao final, impô-la a um coletividade. Isto me faz lembrar da famosa declaração do secretário do tesouro dos Estados Unidos no governo de Nixon, John Connally, quando, após a suspensão unilateral do Estados Unidos a uma paridade fixa entre o dólar e o ouro, disse a ministros das finanças de outros países “A moeda é nossa, mas o problema é de vocês”.

     

    Essa visão política das origens da moeda promove alguma reinterpretação no ensino atual das ciências econômicas?

     

    Esta é uma visão que, em minha experiência acadêmica, tem se desenvolvido de forma mais receptiva no campo disciplinar das Relações Internacionais, onde a interdisciplinaridade constituí-se num desafio, na verdade, num imperativo. A historiografia sobre temas monetários, por sua vez, acabou se tornando, em algum grau, refém das contribuições da própria Economia, por assimilar sobretudo as perspectivas teóricas mais consagradas (sobretudo do mainstream econômico) sobre o tema (moeda). No caso da Economia, ao meu ver, por sua “hipertrofia” atual, sobretudo como lente para se analisar as próprias sociedades em geral, em detrimento de outros campos (olhares) das Humanas (ciência política, filosofia, sociologia, antropologia, etc.), ela acabou por assumir uma postura bastante defensiva e refratária a visões mais plurais. Isto tem ocorrido, por exemplo, com as interpretações e estudos que, de algum modo, vêm relativizando a importância das forças de mercado para interpretação histórica de assuntos econômicos, ainda mais para um tema tão caro quanto moeda. Nesse sentido, eu diria que, no momento, tem sido mais fora do que dentro da Economia que essa visão política da moeda vem encontrando maior interlocução e interesse.

     

     

    O lançamento do livro será sexta-feira, dia 6 de junho, às 18h30, na Livraria FGV (Rua Jornalista orlando Dantas, 44 | Botafogo | RJ). Todos convidados!

    Poder, riqueza e moeda

     

     

     

     

      “Poder, riqueza, moeda na Europa Medieval: a preeminência naval, mercantil e monetária da Sereníssima República de Veneza nos séculos XIII e XV”

    Maurício Metri

    Impresso: R$48 | Ebook: 34

  • Postado por editora em Atualidades, Destques, Entrevistas, Eventos em 20/05/2014 - 18:35

    O Porto do Rio — Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro foi divulgado pela Prefeitura em 2001 e concentrou diferentes projetos, visando incentivar o desenvolvimento habitacional, econômico e turístico dos bairros portuários da Saúde, Gamboa e Santo Cristo. Em meados de 2007, a Zona Portuária carioca já passava por um rápido processo de ressignificação perante a cidade: nos imaginários construídos pelas diferentes mídias, não era mais associada apenas à prostituição, ao tráfico de drogas e às habitações “favelizadas”, despontando narrativas que positivavam alguns de seus espaços, habitantes e “patrimônios culturais”.

    Dentro do amplo território portuário, os planejadores urbanos que idealizaram o Plano Porto do Rio haviam concentrado investimentos simbólicos e materiais nos arredores da praça Mauá. Naquele momento, algumas transformações já haviam ocorrido em seu entorno: a rua Sacadura Cabral foi reurbanizada, o que resultou na instalação de bares e casas de espetáculos voltados para um público de classe média; na Gamboa, foram construídas as arquitetonicamente monumentais Vila Olímpica e Cidade do Samba; o terminal de passageiros do porto foi reformado, aumentando o fluxo de turistas nacionais e internacionais na região; e o Morro da Conceição foi divulgado como “sítio histórico de origem portuguesa”, atraindo gradualmente moradores de maior poder aquisitivo.

    Em ‘A utopia da Pequena África’, Roberta Sampaio Guimarães analisa a realidade do Morro da Conceição e os conflitos ocorridos durante o processo de revitalização dessa área, considerando o drama urbano movimentado pela intervenção urbanística e a mobilização local de uma cultura e identidade étnica baseada na ideia de ancestralidade africana.

     

    O lançamento do livro será nesta quinta, dia 22 de maio, às 19h, na nova Livraria da Travessa Botafogo. Todos convidados!

     

    Fizemos 3 perguntas à autora. Confira a seguir:

     

    1.       Qual a principal contribuição dessa obra?

    O que me levou a desenvolver o livro foi a divulgação em 2001 de um grande projeto de “revitalização urbana” voltado para a Zona Portuária, chamado Porto do Rio (posteriormente este projeto ganhou uma nova versão e foi denominado Porto Maravilha). Pesquisei então que práticas e espaços sociais estavam sendo transformados e quais estavam sendo preservados, fosse por iniciativa dos poderes públicos ou por iniciativas locais. Entre os diversos patrimônios que existiam na região, os que eram denominados como referentes à “Pequena África” me chamaram atenção porque mobilizavam vários grupos sociais portadores da memória e cultura afrodescendente e das práticas ligadas principalmente ao samba, ao trabalho portuário, ao candomblé e à moradia popular. Na época, esses grupos não estavam sendo contemplados por nenhuma proposta urbanística ou patrimonial e, em reação a esse esquecimento, começaram a propor ações de resgate de memória e de valorização de suas práticas culturais, ampliando seus vínculos sociais e logrando um reconhecimento político mais amplo.

    2.       Quais os principais desafios de ‘revitalizar’ e promover um novo projeto urbanístico em uma área habitada, ao mesmo tempo, por descendentes de imigrantes portugueses e recentes migrantes nordestinos, artistas e intelectuais, grupos sociais identificados com a religião afro-brasileira e o movimento negro, entre outros?

    O principal desafio em intervir urbanisticamente nos espaços da Zona Portuária é compreender as diferentes dinâmicas, desejos e necessidades de seus múltiplos usuários, memórias e culturas. Pois cada um deles movimenta pontos de vista diversos para se referirem muitas vezes aos mesmos espaços. Os conflitos que surgem dessa multiplicidade são cotidianos e inevitáveis, mas uma intervenção governamental de potencialização econômica e turística pode produzir como efeito o acirramento das tensões e também provocar a entrada de novos atores sociais e novas práticas culturais. 

     3.       Como prosseguir com as intervenções urbanísticas na Zona Portuária, acentuadas com a recepção de megaeventos na cidade, mantendo a tradição da Pequena África?

    A Pequena África é uma noção espacial baseada em alguns marcos territoriais, não exatamente um espaço físico bem delimitado. Portanto, analiticamente é mais preciso pensar que não há uma “tradição da Pequena África”, mas diferentes grupos e indivíduos que se reconhecem e auto identificam com a cultura e a memória que o termo Pequena África evoca. E, como essa evocação não é fixa nem consensual, mantêm-se em aberto sua trajetória simbólica.

    A utopia da Pequena A?frica

     

     

     

     

     A utopia da Pequena África: projetos urbanísticos, patrimônios e conflitos na Zona Portuária carioca

    Roberta Sampaio Guimarães

    R$39

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas, Eventos em 24/04/2014 - 20:30

    A Editora FGV lança o livro O legado dos congressos brasileiros de arquivologia (1972-2000): Uma contribuição para o estudo do cenário arquivístico nacional.

    Nele, a professora Mariza Bottino reúne, em um só documento, a temática dos congressos e os títulos de suas conferências e relembra as recomendações então formuladas - o que pode resultar em matéria-prima para o desenvolvimento de outras pesquisas e discussões.

    Além desses registros, a obra apresenta a estrutura desses congressos, levanta algumas questões sobre os temas escolhidos e, a partir das recomendações aprovadas, estuda, ainda que sem esgotar o assunto, as ações empreendidas e executadas na área, a fim de verificar o grau de influência e poder exercido pela comunidade científica e profissional da arquivologia.

    Fizemos 3 perguntas à autora. Confira:

    1. Qual a importância para a arquivologia em se produzir uma obra que resgata sua história?

    O crescimento de uma área de conhecimento ocorre de várias  maneiras, e,  uma delas é através do resgate de sua história pois ensinamentos valiosos,  fruto da experiência dos antecessores  contribuem para uma autoanálise da área nos levando a refletir sobre o que  já foi feito e como isso ocorreu, para resgatar  e solucionar questões arquivisticas  pendentes, e, poder assim,  trilhar novos  caminhos para seu desenvolvimento.

     2. Quais foram as principais conquistas em quase três décadas de Congressos?

    A longo do período  muitas vitórias foram obtidas como por exemplo a criação de cursos de graduação, a regulamentação da profissão, o lançamento da  Revista Arquivo & Administração, a produção científica proveniente das conferências, maior visibilidade para a área, entre tantas outras ações que contribuíram  e geraram novos cenários para compor o quadro da  arquivologia. No período de   quase três décadas  analisadas, merece destaque, também, a atuação do movimento associativo que teve  importância  decisiva em várias ações.

     3. É possível apontar um Congresso mais importante dentre os 13 realizados nesse período?

    Todos os 13 CBA foram importantes pela produção de conhecimento agregada  à área e pela maneira como abordaram a temática escolhida. Mas se tiver que apontar um dentre os  13 congressos analisados destaco o 1º CBA, realizado em 1972,  pelo pioneirismo na organização de um fórum de discussão para troca de conhecimentos entre os  profissionais; pelo  lançamento do primeiro  periódico  brasileiro na área; pela discussão sobre a formação acadêmica e  proposta de uma terminologia para a área, entre outras,  questões estas que  conferiram um desenho, ainda que  preliminar, mais científico para a arquivologia.

     

    O lançamento desta obra é na próxima terça-feira, dia 29 de abril, às 18h30, na Livraria FGV. Todos convidados!

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    O legado dos congressos brasileiros de arquivologia (1972-2000)

    Mariza Bottino

    Impresso: R$39

    Ebook: R$28

  • Postado por editora em Atualidades, Entrevistas, Eventos em 18/03/2014 - 13:08

    Por meio de novas abordagens, relativamente recentes, e não apenas no Brasil, os arquivos pessoais ganham cada vez mais importância no campo da própria arquivologia e também no das pesquisas em áreas do conhecimento como história, literatura, sociologia e antropologia.

    Tratado até pouco tempo como um “não lugar”, na medida em que para muitos arquivistas e pesquisadores os arquivos pessoais simplesmente não eram arquivos, esse tema ganha um novo status e passa a ter importância estratégica nos diversos campos das ciências sociais.

    Numa reunião de textos organizados pelas professoras Isabel Travancas, Joëlle Rouchou e Luciana Heymann, Arquivos pessoais: reflexões multidisciplinares e experiências de pesquisa demonstra como, "a partir da pesquisa em um arquivo pessoal específico, é possível fazer achados de diversos tipos, bem como ter acesso privilegiado às diferentes estratégias de colecionar e registrar “vidas”, evidenciando não só por que os titulares “guardam” documentos, mas que práticas utilizam para fazê-lo".

    Com o lançamento marcado para amanhã, dia 19 de março, as organizadoras da obra responderam a 3 perguntas nossas. Confira:

     

    1.      Quais são as principais contribuições dos textos apresentados para a disseminação de novas informações sobre personagens e épocas acessíveis através de arquivos pessoais?

    Uma das contribuições mais importantes deste livro é jogar luz num campo antigo da área de história – as trajetórias de vida - que vem ganhando mais relevo pelo fato de não ser mais apenas um terreno de historiadores. Outro aspecto importante é a reflexão inovadora sobre esses artefatos presente em vários artigos. Trata-se de um conjunto de textos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros que trabalham com arquivos pessoais muito diversos - de artistas, de políticos, de escritores, de jornalistas, de anônimos, de historiadores e antropólogos - e em suportes distintos, não só o papel como também o arquivo digital. Eles ajudam a compreender contextos e personagens a partir dos conjuntos documentais que acumularam, mas também de "migalhas", anotações à margem, critérios de ordenamento dos papéis etc..

    2.      Qual a principal importância para a história e demais campos das ciências sociais do acesso aos arquivos pessoais?

    Os arquivos pessoais são uma fonte preciosa de conhecimento de épocas, episódios e pessoas para muitas áreas.  Eles são em geral resultado de uma vida e ajudam a entender seu "titular".  Sejam seus diários ou cartas, suas anotações nos livros ou seus documentos e obras. Para os historiadores, em especial, é um campo rico e delicado uma vez que envolve trajetórias pessoais, redes de sociabilidade, projetos, subjetividades e contradições.

    3.      Em tempos de grandes discussões sobre biografias , como vem sendo encarado o acesso aos documentos de arquivos pessoais e às publicações neles baseadas?

    Os arquivos pessoais em geral são vendidos ou doados por seu titular ou herdeiros para instituições de guarda, como arquivos, bibliotecas, museus e centros culturais. Muitas vezes, eles são o ponto de partida para a criação de uma instituição. Portanto eles já chegam às instituições tendo sido avaliados por seus proprietários e autorizada sua consulta..  As biografias se constroem a partir de muitos elementos: entrevistas, pesquisa em periódicos, em arquivos diversos e em arquivos pessoais. Estes são um elemento na teia de registros sobre o e do biografado. É evidente que o titular e sua família têm direito sobre ele e de fazer o uso que desejarem. Por outro lado, é legítimo que pesquisadores e biógrafos queiram ter acesso aos arquivos de personalidades para construir suas trajetórias e apresentá-las um público mais amplo.

     

                        O lançamento é nesta quinta, na Livraria da Travessa. Todos convidados!

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    Arquivos pessoais: reflexões multidisciplinares e experiências de pesquisa

    Editora FGV

    Isabel Travancas, Joëlle Rouchou e Luciana Heymann

    R$45

     

     

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